Poroshenko anuncia cessar-fogo e plano de paz

Poroshenko telefonou a Putin para debater iniciativa. Trégua unilateral terá a duração de uma semana

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O plano prevê o desarmamento das milícias e a criação de um corredor para a saída dos mercenários da região Shamil Zhumatov/Reuters

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“O plano de paz começa com a minha ordem de cessar-fogo”, anunciara já o Presidente. O compromisso assumido por Kiev para os próximos dias é de as suas forças dispararem apenas no caso de serem atacadas.

O plano de paz, noticiado pela televisão ucraniana, agrega medidas já anunciadas de forma isolada, como o “desarmamento” de todas as milícias, a “garantia de um corredor para que os mercenários russos e ucranianos possam deixar a região”, bem como a organização de eleições legislativas locais e a “descentralização do poder e a protecção da língua russa por intermédio de alterações à Constituição”.

Calcula-se que pelo menos 360 pessoas, maioritariamente soldados e rebeldes pró-russos, tenham morrido em confrontos desde que, em Abril, separatistas ocuparam cidades nas províncias de Lugansk e Donetsk, principal pólo industrial da Ucrânia, agravando a crise económica que o país atravessa e ameaçando desintegrá-lo entre um Ocidente pró-europeu e uma região Leste onde o russo é a língua maioritária e são fortes as ligações ao país vizinho.

Eleito a 25 de Maio, Poroshenko, um dos oligarcas que esteve desde o início ao lado dos manifestantes pró-ocidentais em Kiev, comprometeu-se a encontrar uma solução negociada para o conflito, mas o Exército ucraniano não interrompeu as acções militares - apelidadas de “operação antiterrorista”.

Só na quinta-feira, o Exército ucraniano anunciou ter morto “300 separatistas” em combates junto à cidade de Krasni Liman, supostamente depois de os rebeldes terem recusado depor as armas. Um responsável das milícias pró-russas não confirmou o balanço, mas admitiu “baixas pesadas” nos combates, em que terão morrido também sete soldados. Já esta sexta-feira, o ministro da Defesa ucraniano, Mikhailo Koval, anunciou que o Exército recuperou o controlo da totalidade da sua fronteira Leste, o que lhe permite travar “a entrada de qualquer equipamento militar trazido da Rússia”.

O plano de paz, que o Presidente deverá comunicar oficialmente num discurso ao país, prevê ainda a libertação de todos os reféns, a “criação de uma zona tampão de dez quilómetros entre a Ucrânia e a Rússia”, uma “amnistia para todos os que entregarem as armas e não tiverem cometido crimes graves” e o fim “da ocupação ilegal” dos edifícios administrativos nas duas províncias. Em contrapartida, Kiev promete a organização em breve de eleições locais e um programa especial para a criação de emprego na região.

Segundo um comunicado da presidência ucraniana, Poroshenko telefonou ao homólogo russo, tendo dito a Vladimir Putin que “conta com o seu apoio ao plano de paz”. Noutro comunicado distribuído em Moscovo e citado pela AFP, o Kremlin adianta que Putin fez “uma série de comentários” ao documento que lhe foi apresentado na noite de quinta-feira e insistiu na “necessidade de pôr fim imediato à operação militar” em curso.

Foi a segunda vez que os dois dirigentes falaram telefonicamente esta semana. A conversa foi seguida, horas depois, por um contacto entre o chefe da diplomacia russa, Serguei Lavrov, e o seu novo homólogo ucraniano, Pavlo Klimkine.

Na quarta-feira, também depois de falar com Putin, Poroshenko tinha prometido que o Exército ia suspender as operações militares para permitir aos rebeldes entregarem as armas.