Dois palestinianos mortos durante operações para encontrar adolescentes sequestrados na Cisjordânia
Na última semana, Exército israelita deteve mais de 350 pessoas, a maioria militantes do Hamas.
As duas mortes acontecem numa altura em que sobem de tom os protestos no território àquilo que a Autoridade Palestiniana já chamou de “punição colectiva” pelo sequestro.
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As duas mortes acontecem numa altura em que sobem de tom os protestos no território àquilo que a Autoridade Palestiniana já chamou de “punição colectiva” pelo sequestro.
Desde dia 13 – quando Eyal Yifrach, Naftali Frenkel e Gilad Shaer desapareceram pouco depois de terem sido vistos a pedir boleia junto a um colonato a sul de Israel –, o Exército israelita deteve mais de 350 pessoas na Cisjordânia, entre eles 240 militantes e dirigentes do movimento islamista. O Exército cercou Hebron, em cujos arredores foram encontrados os restos calcinados de um carro que se pensa ter sido usado no sequestro, e mais de mil casas de norte a sul do território foram revistadas. Os três jovens israelitas continuam desaparecidos, mas a cada nova busca cresce a revolta da população.
Terá sido assim em Dura, uma aldeia nos arredores de Hebron, onde os militares entraram na última noite para fazer detenções e acabaram envolvidos em confrontos. O Exército israelita alega que os soldados usaram munições reais, depois de terem sido atingidos por pedras e cocktails Molotov. Mohammed Dudin, de 15 anos, foi atingido no peito e teve morte imediata. O mesmo aconteceu no campo de refugiados de Qalandia, onde um jovem de 22 anos foi atingido na cabeça por um disparo, acabando por morrer horas depois no hospital. Segunda-feira, um outro jovem foi morto em circunstâncias idênticas num campo junto a Ramallah.
O ministro da Defesa, Moshe Yaalon, garantiu que Israel “não tem qualquer intenção de semear o caos”, mas não descansará enquanto não encontrar os três jovens. Mas as perspectivas não são optimistas: o jornal Israel Hayom adianta que o Exército “esgotou praticamente as suas capacidades de atacar a infra-estruturas do Hamas” na Cisjordânia e continua sem pistas que o aproximem do paradeiro dos adolescentes.
O movimento islamista tem negado o seu envolvimento no sequestro, mas ainda quinta-feira o seu porta-voz na Faixa de Gaza afirmava que, “independentemente de quem seja responsável, o povo palestiniano tem o direito de usar todas as formas de resistência para se libertar da ocupação”.