E viveram felizes para sempre... porque tinham genes semelhantes
Já o Rui Veloso achava que não se amava alguém que não ouvisse a mesma canção. E também é preciso ter os mesmos genes?
Sempre achei que essa coisa do amor e do “viveram felizes para sempre” tinha de ter uma explicação científica. Como eu, muitos outros o acham e continuam à procura dessa explicação. As tão famosas feromonas já são usadas para explicar o porquê da atracção, mas pelos vistos há outra explicação. E para um grupo de investigadores o segredo de casamentos duradouros pode estar nos genes.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
Sempre achei que essa coisa do amor e do “viveram felizes para sempre” tinha de ter uma explicação científica. Como eu, muitos outros o acham e continuam à procura dessa explicação. As tão famosas feromonas já são usadas para explicar o porquê da atracção, mas pelos vistos há outra explicação. E para um grupo de investigadores o segredo de casamentos duradouros pode estar nos genes.
Segundo um estudo do Instituto de Ciência Comportamental da Universidade do Colorado, publicado recentemente, as pessoas tendem a escolher a cara-metade que tem o DNA mais semelhante ao seu. Os investigadores examinaram modelos genéticos de 825 casais americanos e encontraram uma preferência significativa pelo par que tivesse maior semelhança de ADN em todo o seu genoma.
Para chegar a essa conclusão que os cientistas compararam 1,7 milhões de “blocos” de construção de ADN nos participantes em estudo. Para além da composição genética entre os casais, compararam ainda entre outras pessoas escolhidas aleatoriamente do sexo oposto. Segundo o investigador Benjamim Domingues, provavelmente os casais têm características genéticas semelhantes pois foram esses mesmos genes que determinaram quem iriam encontrar na sua vida.
O mecanismo real para uma pessoa estar a ser atraída para similaridades genéticas de uma outra pessoa ainda não está definido e o investigador considera que este deve ser “complicado e multifacetado”.
No entanto, esta conclusão não é aceite por todos e está até a gerar controvérsia. Afinal, a evolução pressupõe uma variedade genética, o que contradiz o estudo. Além disso, as circunstâncias da vida, os encontros e desencontros, desempenham um grande papel na determinação de parceiros ao longo da vida e acaba por ser difícil afirmar que essa escolha é feita com base na similaridade genética. Neil Risch, director do Centro de Genética Humana da Universidade da Califórnia, já reagiu afirmando que “o estudo parece sugerir que a escolha do parceiro é baseada nos genes, e no fundo os genes são apenas em certo sentido, um espectador”.
Estando ou não correcta esta hipótese, a verdade é que já alguém se tinha lembrado de associar a escolha do parceiro à genética. Existe mesmo uma empresa, a GenePartner, que tem como mote “o amor não é coincidência”. Com base no perfil genético das pessoas, a empresa diz poder determinar o nível de compatibilidade biológica entre os casais. Contudo, baseia-se no pressuposto de que os opostos se atraem, determinando assim a compatibilidade de acordo com uma classe de proteínas designada MHC. A lógica é: quanto maior a diferença entre as classes destas moléculas entre um e outro, maior a probabilidade de terem sucesso na relação.
Bem, também já o Rui Veloso achava que não se amava alguém que não ouvisse a mesma canção. Mas será que também é preciso ter os mesmos genes?