General Garcia dos Santos critica Presidente da República por "não marcar um rumo"
Depois de pedir a exoneração da Chancelaria das Ordens Nacionais, militar de Abril critica abertamente Cavaco Silva.
"Eu acho que o senhor Presidente da República é o primeiro responsável pela situação em que o país está. Porque não toma atitudes, não toma posições, não defende, não marca um rumo para o país, não provoca um entendimento entre os partidos políticos", afirmou.
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"Eu acho que o senhor Presidente da República é o primeiro responsável pela situação em que o país está. Porque não toma atitudes, não toma posições, não defende, não marca um rumo para o país, não provoca um entendimento entre os partidos políticos", afirmou.
O general falava à Lusa, a propósito da sua exoneração do cargo de vogal do Conselho das Ordens Nacionais, noticiada hoje pelo jornal digital Observador.
Garcia dos Santos afirmou que não é a única personalidade a criticar publicamente Cavaco Silva, dizendo que o Presidente da República "é criticado por toda a gente de responsabilidade" por "não provocar um entendimento entre os partidos".
"Eu discordo e não gosto da pessoa do senhor Presidente da República e portanto pedi a exoneração, exonerei-me, da chancelaria das Ordens. É tão simples quanto isto", acrescentou.
Segundo Garcia dos Santos, os apelos públicos de Cavaco Silva para que os partidos políticos procurem consensos são apenas palavras sem consequência. "Falar é fácil. O que é preciso é actuar e é isso que ele não faz. Agora, demonstrem-me que estou errado", disse.
Depois de ter criticado duramente o chefe de Estado numa conferência pública no final de Abril na Associação 25 de Abril, o general pediu no início de Maio a exoneração do cargo no Conselho das Ordens Nacionais que funciona junto da Presidência da República, confirmou ao PÚBLICO fonte da Presidência.
No passado dia 3, a Presidência da República anunciou que Cavaco Silva, Grão-Mestre das Ordens Honoríficas Portuguesas, nomeou como novos vogais do Conselho das Ordens Nacionais o antigo secretário-geral da UGT João Proença, o historiador Rui Lopes Ramos e o antigo presidente da câmara de Grândola Carlos Beato.
Garcia dos Santos foi um dos seis oficiais das Forças Armadas que comandaram o golpe militar de 25 de Abril de 1974. No governo do PS de António Guterres, Garcia dos Santos presidiu à Junta Autónoma das Estradas, da qual saiu após denunciar casos de corrupção. Foi chefe do Estado-Maior do Exército entre 1982 e 1983.