Indignação em França com linchamento de adolescente cigano
Darius foi deixado à beira da estrada em coma, brutalmente agredido. Suspeitavam que teria feito assaltos. Hollande e Valls exigem pressa na identificação dos responsáveis.
“É um acto inominável e injustificável”, afirmou Hollande, que “fere todos os princípios nos quais se fundou a nossa República”. O Presidente exigiu que “se façam todos os esforços para encontrar os responsáveis por esta agressão.” O primeiro-ministro, Manuel Valls, ecoou estas palavras, afirmando que se trata “de uma acção impensável” e que “os autores do acto devem ser encontrados o mais rápido possível para responder perante a justiça”.
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“É um acto inominável e injustificável”, afirmou Hollande, que “fere todos os princípios nos quais se fundou a nossa República”. O Presidente exigiu que “se façam todos os esforços para encontrar os responsáveis por esta agressão.” O primeiro-ministro, Manuel Valls, ecoou estas palavras, afirmando que se trata “de uma acção impensável” e que “os autores do acto devem ser encontrados o mais rápido possível para responder perante a justiça”.
O jovem Darius, que continua em coma e em estado grave no hospital Lariboisière, em Paris, vivia com outros imigrantes romenos ciganos numa casa abandonada em Pierrefitte-sur-Seine, nos subúrbios a Norte de Paris. Um grupo de pessoas foi buscá-lo a casa e levou-o, pela força, disse à AFP uma fonte policial. Terá ficado sequestrado numa cave, onde foi brutalmente agredido por mais de uma dezena de pessoas, antes de ter sido deixado junto à Cidade dos Poetas, um bairro complicado.
A mãe do adolescente alertou a polícia – disse ter recebido uma chamada do telemóvel do seu filho, pedido um resgate de 15 mil euros. Uma hora depois, Darius foi encontrado à beira da estrada.
Os ciganos imigrantes de Leste são associados à criminalidade já há muito – durante a presidência de Nicolas Sarkozy foram enviados de volta ao seu país em massa, e o Governo socialista fez exactamente a mesma coisa, desmontando os seus acampamentos, em acções severamente criticadas pela Comissão Europeia como discriminatórias desta minoria que vive há milénios na Europa.
Manuel Valls, enquanto ministro do Interior, desencadeou uma grande polémica, ao afirmar no Verão passado que “os ciganos têm vocação a permanecer na Roménia ou a regressar lá.”
Mas os acampamentos ilegais são inúmeros: 394 em Setembro de 2013, embora distribuídos de forma muito desigual pelo território, de acordo com um estudo da Delegação Interministerial sobre o Acesso ao Alojamento das Pessoas Sem Abrigo, de Setembro de 2013, citado pelo Le Monde. São verdadeiros bairros de lata, sem condições de vida e onde os ciganos são presenças mal toleradas.
O resultado é que a violência contra os ciganos imigrantes aumentou, com os incidentes a multiplicarem-se nos últimos dois anos, diz o diário francês, citando a experiência das associações que prestam apoio a estas populações. Cocktails Molotov contra os acampamentos, agressões verbais, incêndios em acampamentos são alguns dos exemplos de actos violentos.