Guerra na Síria "atingiu um ponto crítico", alerta comissão de inquérito da ONU
Investigadores chamam a atenção para crimes de guerra e crimes contra a humanidade, e para o "sofrimento inimaginável" de mais de nove milhões de pessoas.
Numa audiência em Genebra, o presidente da comissão de inquérito, o brasileiro Paulo Sérgio Pinheiro, apresentou o relatório referente aos desenvolvimentos na Síria no período entre Março a Junho, que mais uma vez se caracterizou por “um elevado número de crimes de guerra e contra a humanidade”.
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Numa audiência em Genebra, o presidente da comissão de inquérito, o brasileiro Paulo Sérgio Pinheiro, apresentou o relatório referente aos desenvolvimentos na Síria no período entre Março a Junho, que mais uma vez se caracterizou por “um elevado número de crimes de guerra e contra a humanidade”.
A partir de mais de 3000 entrevistas realizadas na Síria, os investigadores da ONU confirmaram e “fortaleceram” a tese de que “a principal causa da morte e da migração em massa da população é o ataque deliberado contra civis, bem como o ataque indiscriminado e a imposição punitiva de cercos ou bloqueios” em determinadas localidades ou regiões.
Para Paulo Sérgio Pinheiro, a “eternização” do conflito está a provocar um “sofrimento inimaginável” a milhões de pessoas, cujo drama individual corre o risco de se perder na divulgação das estatísticas. “Quando dizemos que há 9,3 milhões de pessoas a necessitar de ajuda humanitária urgente, estamos de certa maneira a ocultar as histórias pessoais de sofrimento”, notou.
No relatório entregue em Genebra, a comissão de inquérito estabeleceu a responsabilidade directa de “centenas de pessoas” pela situação na Síria: quatro listas confidenciais, que identificam esses indivíduos pelo nome, foram fornecidas ao Conselho dos Direitos do Homem.
A italiana Carla Del Ponte, que também integra a comissão de inquérito, defendeu novamente a criação de um tribunal internacional para julgar os crimes da Síria. Mas esa ideia conta com a oposição da China e da Rússia, dois dos membros com direito de veto no Conselho de Segurança das Nações Unidas.
Como sublinhou, a missão da comissão também é “apontar aqueles que devem ser acusados por crimes de guerra”, para que respondam perante a justiça internacional. “Mas é preciso vontade política para pôr fim a esta tragédia”, acrescentou.