Eiffel, o engenheiro do ferro no Palácio da Bolsa

O famoso engenheiro francês, que entre 1875 e 1877 viveu em Barcelos, teve um gabinete no Palácio da Bolsa, no Porto, de onde acompanhou a obra da Ponte Maria Pia. A sala está agora aberta ao público.

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Gustave Eiffel viveu em Barcelinhos, entre 1875 e 1877 e deixou várias obras no país, de Viana a Olhão, passando por Barcelos, Esposende, Alijó e, entre outros concelhos, o Porto, onde a sua firma concebeu e construiu a Ponte Maria Pia, que em 1876 permitiu a ligação ferroviária entre Lisboa e o Porto. A travessia que ficou nas bocas do mundo por ostentar o maior arco em ferro até então construído, foi projectada por um dos melhores engenheiros da sua firma, Théophile Seyrig. Que pouco tempo depois estava a trabalhar por conta própria e a disputar mercado ao próprio Eiffel.

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Gustave Eiffel viveu em Barcelinhos, entre 1875 e 1877 e deixou várias obras no país, de Viana a Olhão, passando por Barcelos, Esposende, Alijó e, entre outros concelhos, o Porto, onde a sua firma concebeu e construiu a Ponte Maria Pia, que em 1876 permitiu a ligação ferroviária entre Lisboa e o Porto. A travessia que ficou nas bocas do mundo por ostentar o maior arco em ferro até então construído, foi projectada por um dos melhores engenheiros da sua firma, Théophile Seyrig. Que pouco tempo depois estava a trabalhar por conta própria e a disputar mercado ao próprio Eiffel.

Foi o que aconteceu com a Ponte Luís I. Enquanto trabalhava naquele gabinete voltado para a Ribeira, Eiffel tinha proposto um desenho para uma ponte sobre o Douro na localização da ponte pensil. O desenho está na posse da ACP, que a expôs nesta sala, mostrando um tabuleiro inferior levadiço, para passagem dos grandes veleiros que então aportavam na cidade e um belíssimo arco que funcionava também como ligação entre margens à cota alta. O projecto não foi aceite e, em 1879, aberto um concurso, Eiffel concorreu com outras firmas e perdeu para a empresa de Seyrig.

A derrota não beliscou a fama do autor da Torre Eiffel. O Palácio da Bolsa estava ainda em construção quando ele se instalou ali e, em 1880, a sua empresa chegou a fazer um orçamento para a imensa clarabóia do Pátio das Nações do edifício. A carta, propondo um preço de catorze contos e 200 mil reis, está também exposta no seu gabinete, juntamente com uma outra, escrita dois meses mais tarde, em que um seu colaborador insistia, a partir de França, perguntando qual fora a decisão da Associação Comercial do Porto sobre esta empreitada. Esta não lhe foi favorável e a obra – que há pouco tempo foi alvo de um minucioso trabalho de restauro – acabou por ser realizada por Tomás Soller.

O gabinete de Eiffel é um dos novos motivos de interesse do Palácio da Bolsa, um dos monumentos mais visitados do Porto e que em 2014, seguindo uma tendência que vem de anos anteriores, já viu, até Maio, o número de turistas aumentar 7%. Os franceses são quem mais visita o imponente edifício da Zona Histórica e já esta segunda-feira era visível que o gabinete de um dos mais famosos engenheiros do mundo vai ser motivo de conversa entre os seus conterrâneos. Bastou que vissem a placa à entrada do pequeno compartimento onde se encontra apenas um aparador com uma máquina de escrever e um selo branco, uma escrivaninha e alguns quadros nas paredes.

Ao lado, abriram, esta segunda-feira também, duas novas salas. Numa delas, está exposto um antigo aparelho de telégrafo da ACP, entidade que o comprou em 1852, três anos antes de Fontes Pereira de Mello ter mandado instalar o serviço público de  telégrafo em Portugal. O aparelho que funcionou no Palácio da Bolsa serviu para passar informação sobre a mercadoria que entrava na Barra do Douro, explicou Sérgio Ferreira, responsável pela área do turismo desta importante instituição portuense que, pela primeira vez, mostra, numa outra sala, uma galeria fotográfica dos seus presidentes. Esta começa em 1834, com Arnaldo Van Zeller, e termina com o antecessor de Nuno Botelho, Rui Moreira. O actual presidente da Câmara foi um dos dois líderes da ACP que saiu deste palácio para os Paços do concelho. O outro foi Paulo Valada, no início da década de 80 do século XX.