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Foi com a geração das Playstation 3 e da Xbox 360 que a fórmula "remasterizar" começou a ganhar mais peso, por vezes caindo no exagero

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Remasterizar é uma palavra que nem sempre é bem-vinda. Há exemplos bons e maus, há quem queira ouvir para sempre os álbuns em mono e ache a remasterização em stereo uma aberração, há quem queira sempre mais e melhor (embora o “melhor” seja subjectivo) e deve existir quem prefira as versões digitais da trilogia original de “Star Wars” (porque há gente para tudo). Já foi uma tendência global com maior significado, contudo, só na última década e picos e, principalmente nos últimos cinco anos, é que começou a ter maior expressão no universo dos videojogos.

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Remasterizar é uma palavra que nem sempre é bem-vinda. Há exemplos bons e maus, há quem queira ouvir para sempre os álbuns em mono e ache a remasterização em stereo uma aberração, há quem queira sempre mais e melhor (embora o “melhor” seja subjectivo) e deve existir quem prefira as versões digitais da trilogia original de “Star Wars” (porque há gente para tudo). Já foi uma tendência global com maior significado, contudo, só na última década e picos e, principalmente nos últimos cinco anos, é que começou a ter maior expressão no universo dos videojogos.

Existem várias razões para tal acontecer, em parte, não vale a pena mentir, é uma forma de fazer uns trocos extra a partir de algo que já está feito e que não custará assim tanto retocar, aproveitando assim um novo contexto para reanimar um videojogo que foi um sucesso e que ainda pode chegar a novas audiências ou vender parte de um franchise em pacote. Noutros casos serve para dinamizar títulos que eram exclusivos de uma consola de uma geração anterior e introduzi-los numa nova plataforma.

Embora esta ideia de remasterizar tenha estado presente ao longo de grande parte da história dos videojogos, algumas vezes encoberta por outro nome ou apresentada de outra forma, para mim começou a ganhar especial significado com a Gamecube da Nintendo, com a versão do primeiro “Metal Gear Solid” (até então um exclusivo da Playstation) com o subtítulo “Twin Snakes”, que apresentava o jogo numa versão melhorada, a funcionar com o motor de “Metal Gear Solid 2: Sons Of Liberty” (Playstation 2) e algumas novas funcionalidades (como a possibilidade de usar a primeira pessoa para disparar). E, também, a renovação do primeiro “Resident Evil” que, por mais nostalgia que exista, mete o original a um canto e funcionou como aperitivo para a chegada de “Resident Evil 4” alguns anos mais tarde à consola da Nintendo, originalmente um exclusivo da Gamecube.

Mas foi com a geração das Playstation 3 e da Xbox 360 que esta fórmula começou a ganhar mais peso, por vezes caindo no exagero. Com a desculpa de agora existirem consolas em HD, aproveitou-se para remasterizar alguns jogos da geração anterior para o formato de alta definição, também em forma de colecções, incluindo num disco uma série de jogos de um franchise (“Devil May Cry”, “God Of War”, “Ratchet & Clank”, “Sly Raccoon” ou “Hitman”), facilitando assim o acesso a alguns destes títulos e até trabalhando-os para uma nova audiência (algumas vezes saíam pouco antes de uma nova entrada no franchise cair no mercado). Houve quantidade, mas poucos fizeram-no de forma inteligente ou com um sentido de oportunidade. Apesar do multiplayer algo decepcionante, a edição comemorativa dos dez anos de “Halo: Combat Evolved” na Xbox 360 foi uma das mais bem conseguidas, sobretudo porque trabalhava bem o presente com a memória, permitindo ao jogador com um simples toque num botão passar da versão remasterizada para a versão original num instante.

The Last Of Us Remastered

Com a chegada de uma nova geração de consolas no final do ano passado seria de esperar que a tradição continuasse, principalmente com títulos que ainda estavam bem presentes na memória, até como forma de apresentar uma espécie de “game of the year edition” com tudo melhorado para as novas consolas. “Tomb Raider: Definitive Edition” foi dos primeiros a ser anunciados e, desde então, outros títulos foram surgindo, inclusive uma versão remasterizada de “The Last Of Us” para a Playstation 4, que chegará à Europa a 30 de Julho.

“The Last Of Us Remastered” será um acontecimento especial. Primeiro porque o original é celebrado como um dos melhores jogos de todos os tempos e é um marco de contar histórias nos videojogos. Elevou a qualidade para outro patamar, explorou as potencialidades da Playstation 3 até ao limite e é, sem dúvida, um dos jogos mais impressionantes a nível gráfico da geração anterior de consolas. Lançá-lo pouco mais de um ano depois na Playstation 4 tem a sua razão de ser. Primeiro porque será um prazer voltar a jogá-lo com gráficos ainda mais impressionantes em hardware novo, segundo porque servirá para introduzir uma obra-prima a uma nova audiência: muitos dos consumidores que compraram uma Playstation 4 não tinham uma Playstation 3 e poderão assim conhecer um dos seus títulos mais queridos.

E, por último, é uma forma inteligente de lançar uma edição definitiva de um jogo (e este artigo na Edge explica o porquê), uma espécie de actualização inteligente do tal formato “game of the year edition”. “The Last Of Us Remastered” incluirá todo o conteúdo que foi lançado para a Playstation 3 num só disco e servirá, para muitos certamente, como desculpa para voltar a entrar num dos universos mais fascinantes e bem concretizados que a indústria do entretenimento criou neste século.