Juan Manuel Santos com mandato renovado para concluir acordo de paz com as FARC
Presidente da Colômbia foi reeleito com 51% dos votos e viu apoiada a sua estratégia de negociações com guerrilheiros.
No seu discurso de vitória, Santos interpretou o resultado como um categórico e decisivo voto de confiança no processo negocial iniciado pelo seu Governo em Dezembro de 2012, com o objectivo de pôr fim ao mais longo conflito da América Latina. Em mais de 50 anos de insurreição, o confronto entre as FARC e o Exército nacional fez 220 mil mortos, 25 mil desaparecidos e mais de 4,7 milhões de refugiados.
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No seu discurso de vitória, Santos interpretou o resultado como um categórico e decisivo voto de confiança no processo negocial iniciado pelo seu Governo em Dezembro de 2012, com o objectivo de pôr fim ao mais longo conflito da América Latina. Em mais de 50 anos de insurreição, o confronto entre as FARC e o Exército nacional fez 220 mil mortos, 25 mil desaparecidos e mais de 4,7 milhões de refugiados.
“Colombianos de opções muito distintas, incluindo muitos que não simpatizavam com o meu Governo, mobilizaram-se por uma causa: a paz. E mobilizaram-se porque sabem que a História tem os seus momentos, e neste país chegou o momento de pôr fim a um longo e cruel conflito”, declarou o Presidente, que tal como os seus apoiantes, escreveu a palavra mágica na palma da mão.
A dura campanha eleitoral (e, de certa maneira, também os resultados da votação) demonstrou uma divisão do país entre aqueles que acreditam no processo político com a FARC e os que ainda rejeitam a assinatura de um compromisso com a insurreição armada. Depois de agradecer aos primeiros, Juan Manuel Santos fez questão de assegurar aos segundos que a paz não significará “impunidade” para os guerrilheiros. “A mensagem das urnas também foi para as FARC e o ELN [Exército de Libertação Nacional, outro grupo guerrilheiro]. Este é o fim. Está na hora de pôr termo a 50 anos de violência”, sublinhou o Presidente.
O “referendo” ao processo de paz não mobilizou o eleitorado na primeira volta, que registou uma taxa de abstenção de 60%. Na votação de 25 de Maio, foi Oscar Iván Zuluaga, o concorrente apoiado pelo carismático e popular ex-Presidente Álvaro Uribe, que ficou à frente, com 29%. No domingo à noite, o conservador foi gracioso ao reconhecer a derrota, que foi “suavizada” pela ampliação da bancada da direita no parlamento.
Como notava Marcela Prieto, directora do Instituto de Ciências Políticas de Bogotá, em declarações à BBC Mundo, o novo bloco da oposição “pode unir-se em temas estratégicos e converter-se numa pedra no caminho” do Presidente. Ao mesmo tempo, a analista observava que a maior representatividade partidária do parlamento “não é necessariamente má para a democracia no país: não é normal ter 85% da coligação governamental no congresso”.
Os desafios para o segundo mandato de Santos vão além das negociações com as FARC. O Presidente, que se vangloriou dos bons resultados económicos do seu Governo – com um crescimento de 4% – prometeu uma “nova era de liberdade e justiça social”, para que a Colômbia deixe de figurar na tabela dos países mais desiguais do mundo.