Segunda volta das presidenciais do Afeganistão com mais de sete milhões de votos
População escolhe o sucessor de Hamid Karzai, que governa o país desde 2001. Observadores apontam problemas durante a votação, que não põem em causa o escrutínio.
“Segundo as estimativas, mais de sete milhões de pessoas participaram na votação, das quais 38% foram mulheres e 62% homens”, anunciou o presidente da Comissão Eleitoral Independente do Afeganistão, Ahmad Yousuf Nuristani. A taxa de participação equivale àquela que se verificou na primeira volta, em Abril, excedendo as previsões tanto dos responsáveis afegãos como dos observadores internacionais.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
“Segundo as estimativas, mais de sete milhões de pessoas participaram na votação, das quais 38% foram mulheres e 62% homens”, anunciou o presidente da Comissão Eleitoral Independente do Afeganistão, Ahmad Yousuf Nuristani. A taxa de participação equivale àquela que se verificou na primeira volta, em Abril, excedendo as previsões tanto dos responsáveis afegãos como dos observadores internacionais.
Tal como na primeira votação, várias alegações de fraude foram apresentadas às autoridades eleitorais, confirmou o mesmo responsável, sem contudo indicar o tipo de ocorrências denunciadas. Há dois meses, a comissão eleitoral desqualificou mais de 375 mil votos, mas garantiu que o facto não influenciou o resultado final.
Os principais incidentes, assinalou Nuristani, disseram respeito à segurança: alguns menores, como a explosão de engenhos artesanais na berma das estradas ou nas imediações dos locais de voto; outros mais graves, nomeadamente tiroteios e ataques com rockets que fizeram dezenas de vítimas, entre as quais crianças.
Os riscos de segurança impediram o funcionamento de menos de 200 das 6364 assembleias de voto. Os observadores internacionais apontaram alguns problemas no curso da votação, mas declararam a validade da eleição.
A votação, assinalavam os analistas, representava um teste “crucial” às competências do aparelho de segurança e ao funcionamento das instituições no país. A primeira transferência de poder pacífica de um Governo eleito para outro Governo eleito no Afeganistão, as presidenciais carregavam ainda um outro simbolismo: o da determinação da população após décadas de guerra e do seu compromisso com um futuro democrático.
“Hoje, o Afeganistão dá um novo passo em direcção à estabilidade, ao desenvolvimento e à paz. Espero que toda a população venha votar e determinar o seu destino”, declarou o Presidente Hamid Karzai, à saída da sua mesa de voto. Karzai, que lidera o país há 13 anos, não manifestou a sua preferência de voto.
A contagem dos votos deverá prolongar-se durante as próximas duas semanas, com os resultados preliminares a serem anunciados a 2 de Julho e o vencedor a ser declarado a 22 de Julho. O antigo ministro dos Negócios Estrangeiros, Abdullah Abdullah, foi o candidato mais votado na primeira volta, com 45%, e era dado como favorito. No entanto, o seu adversário Ashraf Ghani, o tecnocrata que se ocupou da pasta das Finanças no Governo de transição constituído após a queda do regime taliban, que obteve 32% na primeira volta, terá recuperado alguns pontos na recta final da campanha, pelo que o resultado é imprevisível.
Os dois candidatos comprometeram-se a assinar um pacto bilateral de segurança com os Estados Unidos se forem eleitos. O acordo, que Washington negociou com o Governo cessante, prevê a permanência de um contingente de 10 mil soldados norte-americanos no Afeganistão, para apoio das forças nacionais, por um período de mais dois anos. Em Dezembro, com desmantelamento da Força Internacional de Assistência de Segurança (ISAF), lançada pela ONU e suportada pela Nato desde 2001, os EUA retirarão os cerca de 32 mil homens que ainda estão envolvidos na missão militar no Afeganistão.