Professores de Matemática defendem fim dos exames nacionais no 4.º e 6.º anos
APM afirma que exames não espelham a realidade do ensino da matemática. Professores de português consideram a prova objectiva e adequada.
Os exames nacionais de Matemática foram “desequilibrados” e tinham “demasiado cálculo”. Lurdes Figueiral justifica desta forma os resultados negativos nos exames dos 4.º e 6.º anos. “Consideramos que as provas têm uma exagerada quantidade de cálculo, nomeadamente no 6º ano, onde 80% da prova avaliava cálculo. Mesmo quando os itens em questão não tinham que ver com cálculo, como em perguntas de escolha múltipla e de resposta directa, eram necessários vários passos de cálculo para se chegar ao resultado”, sustenta.
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Os exames nacionais de Matemática foram “desequilibrados” e tinham “demasiado cálculo”. Lurdes Figueiral justifica desta forma os resultados negativos nos exames dos 4.º e 6.º anos. “Consideramos que as provas têm uma exagerada quantidade de cálculo, nomeadamente no 6º ano, onde 80% da prova avaliava cálculo. Mesmo quando os itens em questão não tinham que ver com cálculo, como em perguntas de escolha múltipla e de resposta directa, eram necessários vários passos de cálculo para se chegar ao resultado”, sustenta.
As notas dos exames de Matemática continuam a baixar e no 2.º ciclo mais de metade dos alunos não chegou à positiva. No 4º ano, a classificação média baixou de 56,9% para 56,1%, enquanto que no 6.º ano a variação foi de 49% para 47,3% entre 2013 e 2014.
De acordo com a presidente da APM, o resultado das provas não reflecte o estado do ensino da Matemática e aquelas nunca deviam ter sido introduzidas. A professora afirma que os exames “perturbam o trabalho dos professores nas salas de aula e alteram a avaliação dos alunos de uma forma não mais completa ou rigorosa” e acrescenta que “os professores estão a treinar para os exames, em vez de estarem a dotar os alunos de conhecimentos e capacidades importantes” .
Lurdes Figueiral mostra-se surpreendida com a falta de indignação relativamente às provas nestas faixas etárias, já que, advoga, “sujeitar alunos destes níveis de ensino a uma avaliação redutora e parcial introduz elementos de segregação para efeitos de selecção, muito precocemente”. A presidente da APM vai mais longe e critica as alterações da política educativa promovidas pelo actual Ministério da Educação e alerta para as consequências negativas que já se fazem notar e que prevê serem ainda mais graves a longo prazo.
Já a presidente da Associação de Professores de Português, Edviges Ferreira, considera as provas da língua materna “objectivas, coerentes e adequadas ao nível etário dos alunos” e afirma: “Dada a qualidade dos exames, não nos surpreendem os resultados positivos”, os quais, aliás, contrarariam o que se observou no ano passado.
A média de Português no 4.º ano subiu de 48,7% no ano passado para 62,2%. No 6.º ano, a subida foi de 52% para 57,9%.
Para Edviges Ferreira, os resultados das provas espelham o bom estado do ensino do Português e o bom trabalho dos professores. Apesar de considerar a prova “dispensável", a presidente daquela associação reconhece que aquela acaba por dar "um certo equilíbrio e um feedback do actual estado do ensino e dos alunos”.
Os exames nacionais no 4.º ano foram instituídos no ano lectivo 2012/2013 e no 6.º ano no ano lectivo 2011/2012.
Texto editado por Natália Faria