O arrasto e a pesca sustentável
Portugal tem condições para ser um exemplo no que respeita à exploração dos recursos marinhos.
A proibição recente da pesca de arrasto de fundo na maior parte das águas portuguesas – de que o PÚBLICO deu conta recentemente – não foi apenas uma boa notícia para os ambientalistas que militam em prol dos oceanos. Capaz de transformar o leito marinho num autêntico deserto, destruindo tudo o que encontra pela frente, o arrasto de fundo é uma técnica anacrónica, que já não pertence ao tempo em que vivemos. É difícil imaginar uma razão plausível para justificar que, em nome de um benefício económico, se possam varrer do oceano profundo formas de vida que ali estão há centenas ou até milhares de anos, como alguns corais de águas frias. Em terra, há uma analogia muito bem conhecida: deitar abaixo extensões de floresta tropical para dar lugar à agricultura, à mineração ou à expansão urbana. As duas situações são semelhantes, pois em ambas o que está em causa são ecossistemas muito importantes pela sua diversidade biológica. Mas enquanto uma chaga numa mancha florestal é algo que facilmente se vê, o que se passa no fundo do mar está muito longe da atenção colectiva. Não admira que a decisão de Portugal proibir o arrasto de fundo tenha tido pouca visibilidade. É verdade que a medida, que consta de uma portaria recente, tem efeitos limitados: aplica-se apenas à frota nacional e exclui grandes áreas mais junto à costa. Mas é um sinal de compromisso num caminho necessário, o da sustentabilidade das pescas, e que se soma a outros passos. Vale a pena lembrar que o cerco para a captura da sardinha já tem um selo de arte de pesca sustentável, conferido por uma organização internacional. E a produção de mexilhões no Algarve está a tentar obter a mesma distinção. Ainda é pouco para se dizer que Portugal tem a exploração dos seus recursos marinhos garantida para as próximas gerações. Mas o país, se quiser, tem condições de lá chegar.
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A proibição recente da pesca de arrasto de fundo na maior parte das águas portuguesas – de que o PÚBLICO deu conta recentemente – não foi apenas uma boa notícia para os ambientalistas que militam em prol dos oceanos. Capaz de transformar o leito marinho num autêntico deserto, destruindo tudo o que encontra pela frente, o arrasto de fundo é uma técnica anacrónica, que já não pertence ao tempo em que vivemos. É difícil imaginar uma razão plausível para justificar que, em nome de um benefício económico, se possam varrer do oceano profundo formas de vida que ali estão há centenas ou até milhares de anos, como alguns corais de águas frias. Em terra, há uma analogia muito bem conhecida: deitar abaixo extensões de floresta tropical para dar lugar à agricultura, à mineração ou à expansão urbana. As duas situações são semelhantes, pois em ambas o que está em causa são ecossistemas muito importantes pela sua diversidade biológica. Mas enquanto uma chaga numa mancha florestal é algo que facilmente se vê, o que se passa no fundo do mar está muito longe da atenção colectiva. Não admira que a decisão de Portugal proibir o arrasto de fundo tenha tido pouca visibilidade. É verdade que a medida, que consta de uma portaria recente, tem efeitos limitados: aplica-se apenas à frota nacional e exclui grandes áreas mais junto à costa. Mas é um sinal de compromisso num caminho necessário, o da sustentabilidade das pescas, e que se soma a outros passos. Vale a pena lembrar que o cerco para a captura da sardinha já tem um selo de arte de pesca sustentável, conferido por uma organização internacional. E a produção de mexilhões no Algarve está a tentar obter a mesma distinção. Ainda é pouco para se dizer que Portugal tem a exploração dos seus recursos marinhos garantida para as próximas gerações. Mas o país, se quiser, tem condições de lá chegar.