Triplete de contrabaixo
Andam por aí três novos discos editados por contrabaixistas. Um deles é português, os outros dois são estrangeiros mas, residentes em Portugal há largos anos, já fazem parte da mobília.
Mário Franco acaba de editar Our Door, gravado em trio com Sérgio Pelágio (guitarras) e André Sousa Machado (bateria). Num registo diferente de This Life (2006), gravado em quinteto com o convidado especialíssimo David Binney, aqui a base instrumental é simples e directa, o tratamento é assumidamente limpo. O disco assenta num repertório variado e, além de originais, revisita temas de Krysvtof Komeda, Chris Cheek e Coltrane (o gigantesco Giant Steps, em duas versões diferentes). A toada é sóbria, as versões não surpreendem, o resultado é equilibrado. O contrabaixo de Franco é estável e, correspondendo na perfeição ao apelido do líder do trio, esta música é clara, frontal, honesta. Não engana, nem espanta.
O argentino Demian Cabaud lançou, ainda em 2013, pela reputada editora Fresh Sound New Talent, En Febrero, o seu quarto disco como líder. Residente em Portugal há vários anos, Cabaud tem trabalhado regularmente com dezenas de músicos nacionais, incluindo a Orquestra Jazz de Matosinhos. Também gravado em trio, num ambiente tranquilo em que os temas lentos são usados para maximizar a expressividade melódica, este disco conta ainda com Ernesto Jodos no piano e Marcos Cavaleiro na bateria. O contrabaixo de Cabaud é sólido e imaginativo a solar, e a parceria com Cavaleiro é de cimento, formando uma dupla rítmica altamente eficaz. O tema que dá o título ao disco conta com a voz de Akiko Pavolka e marca a diferença na tonalidade geral da gravação. Num registo claramente acima da média, são trabalhados sobretudo temas originais, sobrando também espaço para passagens por Bill Evans (Interplay) e Coltrane (After the rain), este último a fechar o disco de forma perfeita.
O MoFrancesco Quintetto, que se estreia com este Maloca, é um grupo liderado pelo italiano Francesco Valente, também residente em Portugal há alguns anos e que vem encetando colaborações para lá do jazz, sobretudo na world music. Valente tem aqui o apoio de Johannes Krieger (trompete), Guto Lucena (saxofones tenor e alto e clarinete baixo), Iuri Gaspar (piano) e Miguel Moreira (bateria). Além de temas originais (três de Valente, dois de Krieger), o quinteto trabalha sobre arranjos de composições de Béla Bartók. Os originais acabam por soar formulaicos, mas os arranjos para os temas de Bartók têm a dose de originalidade e vivacidade que compensa — a introdução do contrabaixo em An evening at the village é memorável. Individualmente, além da solidez do contrabaixista, destacam-se Johannes Krieger e Guto Lucena. O resultado é inesperado e equilibrado.
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Andam por aí três novos discos editados por contrabaixistas. Um deles é português, os outros dois são estrangeiros mas, residentes em Portugal há largos anos, já fazem parte da mobília.
Mário Franco acaba de editar Our Door, gravado em trio com Sérgio Pelágio (guitarras) e André Sousa Machado (bateria). Num registo diferente de This Life (2006), gravado em quinteto com o convidado especialíssimo David Binney, aqui a base instrumental é simples e directa, o tratamento é assumidamente limpo. O disco assenta num repertório variado e, além de originais, revisita temas de Krysvtof Komeda, Chris Cheek e Coltrane (o gigantesco Giant Steps, em duas versões diferentes). A toada é sóbria, as versões não surpreendem, o resultado é equilibrado. O contrabaixo de Franco é estável e, correspondendo na perfeição ao apelido do líder do trio, esta música é clara, frontal, honesta. Não engana, nem espanta.
O argentino Demian Cabaud lançou, ainda em 2013, pela reputada editora Fresh Sound New Talent, En Febrero, o seu quarto disco como líder. Residente em Portugal há vários anos, Cabaud tem trabalhado regularmente com dezenas de músicos nacionais, incluindo a Orquestra Jazz de Matosinhos. Também gravado em trio, num ambiente tranquilo em que os temas lentos são usados para maximizar a expressividade melódica, este disco conta ainda com Ernesto Jodos no piano e Marcos Cavaleiro na bateria. O contrabaixo de Cabaud é sólido e imaginativo a solar, e a parceria com Cavaleiro é de cimento, formando uma dupla rítmica altamente eficaz. O tema que dá o título ao disco conta com a voz de Akiko Pavolka e marca a diferença na tonalidade geral da gravação. Num registo claramente acima da média, são trabalhados sobretudo temas originais, sobrando também espaço para passagens por Bill Evans (Interplay) e Coltrane (After the rain), este último a fechar o disco de forma perfeita.
O MoFrancesco Quintetto, que se estreia com este Maloca, é um grupo liderado pelo italiano Francesco Valente, também residente em Portugal há alguns anos e que vem encetando colaborações para lá do jazz, sobretudo na world music. Valente tem aqui o apoio de Johannes Krieger (trompete), Guto Lucena (saxofones tenor e alto e clarinete baixo), Iuri Gaspar (piano) e Miguel Moreira (bateria). Além de temas originais (três de Valente, dois de Krieger), o quinteto trabalha sobre arranjos de composições de Béla Bartók. Os originais acabam por soar formulaicos, mas os arranjos para os temas de Bartók têm a dose de originalidade e vivacidade que compensa — a introdução do contrabaixo em An evening at the village é memorável. Individualmente, além da solidez do contrabaixista, destacam-se Johannes Krieger e Guto Lucena. O resultado é inesperado e equilibrado.