Taxistas europeus em guerra contra aplicação para telemóvel

App da Uber provocou greves e protestos em cidades europeias. Empresa acusada de "concorrência desleal".

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A Uber exige aos seus motoristas uma série de requisitos para trabalharem na empresa para garantir um serviço individualizado, onde o cliente tem um tratamento personalizado durante a viagem. A aplicação faz o resto. A localização do telemóvel do cliente é detectada por GPS e é-lhe indicado o motorista que se encontra mais próximo. Feito o pedido do serviço, a Uber contacta o taxista, cuja identificação e detalhes da viatura ficam disponíveis no telemóvel do cliente. A tarifa que é aplicada em cada uma das 128 cidades dos 37 países onde a app está activa, pode ser consultada, bem como uma estimativa de quanto custará a viagem. Está prevista ainda a partilha da viatura. No destino, a tarifa é automaticamente cobrada no cartão de crédito do utilizador, ficando pouco espaço para gorjetas.

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A Uber exige aos seus motoristas uma série de requisitos para trabalharem na empresa para garantir um serviço individualizado, onde o cliente tem um tratamento personalizado durante a viagem. A aplicação faz o resto. A localização do telemóvel do cliente é detectada por GPS e é-lhe indicado o motorista que se encontra mais próximo. Feito o pedido do serviço, a Uber contacta o taxista, cuja identificação e detalhes da viatura ficam disponíveis no telemóvel do cliente. A tarifa que é aplicada em cada uma das 128 cidades dos 37 países onde a app está activa, pode ser consultada, bem como uma estimativa de quanto custará a viagem. Está prevista ainda a partilha da viatura. No destino, a tarifa é automaticamente cobrada no cartão de crédito do utilizador, ficando pouco espaço para gorjetas.

As primeiras críticas ao serviço de viaturas particulares de transporte, com sede em São Francisco, feitas pelos motoristas afectos a empresas licenciadas europeias é que veio quebrar as regras estabelecidas por Bruxelas para o transporte de passageiros e afectar o seu sustento. Os resultados financeiros que a Uber tem alcançado são mais um ponto que alimenta o protesto dos taxistas. Segundo uma avaliação recente, a empresa vale cerca de 17 mil milhões de dólares (12,5 mil milhões de euros), muito devido ao investimento de grupos como a Goldman Sachs ou o Google.

Esta quarta-feira, dezenas de milhares de taxistas protestaram contra o crescente monopólio que esta e outras aplicações estão a ter no sector e a concorrência das viaturas de turismo com motorista. Em Londres, mais de 12 mil táxis pararam o trânsito na zona central de Trafalgar Square. Em França, os protestos estiveram concentrados junto aos aeroportos de Orly e de Roissy, perto de Paris, com as federações de táxis a manifestarem-se também em Lyon, Marselha e Nice.

Em Itália, o dia foi de greve a viagens com um custo superior a dez euros em Roma, para se aproximarem do valor cobrado pela concorrência feita pelas novas tecnologias. Em Milão, houve uma paragem total entre as 8h e as 22h (hora de Lisboa). O Ministério dos Transportes italiano considerou mesmo “ilegal e de prática imprópria” a app da Uber e exigiu que esta cumpra as regras de transporte em Itália.

Em Espanha regitaram-se paralisações de 24 horas em várias cidades desde as 6h. As duas maiores federações de táxis em Madrid e empresas em Barcelona (única cidade espanhola com acesso à Uber) conseguiram que as praças estivessem vazias junto a aeroportos, estações de comboios e nas zonas centrais. Falam numa adesão à greve de 100%. Os táxis brancos apenas acederam ao transporte de doentes, deficientes e mulheres com crianças. Na capital espanhola, a manhã foi marcada por paragens no trânsito devido aos protestos dos taxistas. O ministério espanhol do Fomento alertou, na terça-feira, que as companhias ou motoristas que ofereçam serviços semelhantes ao da Uber podem incorrer no pagamento de multas até 6000 euros, enquanto os utilizadores arriscam-se a pagar 600 euros.

Berlim e Hamburgo tiveram desfiles de táxis que pararam o trânsito contra a “concorrência desleal” da Uber e os seus motoristas sem licença. Na capital alemã, perto de mil táxis protestaram entre as 11h e as 13h de Lisboa, provocando o caos no trânsito entre o Estádio Olímpico e o Aeroporto de Tegel, na Estação Central de Berlim e na estação de Südkreuz.

“Estão a matar-nos”
Mick Fitz, taxista há vários anos em Londres, desabafou à Reuters sobre os prejuízos que a Uber está a provocar no sector. “Estão a matar-nos, a deixar-nos esfomeados”. “Com o seu taxímetro, as aplicações que usam, a sua tecnologia, são basicamente taxímetros e não taxistas”, sublinhou o profissional, referindo-se ao facto de os motoristas ao serviço da empresa norte-americana não terem licença.

Ao El Mundo, uma taxista espanhola realçava também a questão das licenças. “Creio que vou morrer sem ter conseguido pagar os 155 mil euros que custou a minha licença”. “É muito injusto que nos exijam controlos, nos imponham uma normativa, paguemos impostos de mil maneiras e que depois haja esta gente”, lamentou.

A Uber faz outra leitura da sua entrada em campo. “O que estamos a assistir é a uma indústria que não tinha enfrentado competição durante décadas. Agora, finalmente, estamos a ver concorrência de empresas como a Uber que trazem a possibilidade de escolha aos clientes”, argumentou à Reuters Pierre-Dimitri Gore-Coty, director-geral da empresa para a região da Europa Ocidental.

Alguns governos europeus já consideraram que a Uber funciona de forma ilegal, mas em Bruxelas a comissária europeia para a Agenda Digital, Neelie Kroes, afirmou que a aplicação norte-americana não é uma “inimiga” dos taxistas e contestou a sua proibição. Kroes defende uma aposta das empresas de serviço de táxis na “inovação” e considerou que as greves e protestos “não trazem soluções”. A comissária apelou ao diálogo entre as partes e sustentou que “a proibição da Uber não dá [aos taxistas] a oportunidade de fazer bem as coisas”.

No mesmo dia das greves e manifestações dos taxistas europeus, a Uber lançou uma campanha promocional. Em Barcelona, por exemplo, a empresa está a oferecer viagens com um desconto de 50%. Há dois meses a operar na cidade espanhola, a empresa lançou um comunicado a afirmar que garante o serviço de transporte. "Grupos de taxistas tentaram impedir o avanço desta grande cidade. Não te preocupes, vamos garantir que Barcelona continue em movimento”, diz a nota citada pelo El País.