Banco de Portugal baixa previsão de crescimento económico em 2014

Consumo privado melhora, mas um forte abrandamento das exportações condiciona desempenho da economia. PIB deverá crescer 1,1% este ano, prevê o banco central.

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Instituição liderada por Carlos Costa revê em baixa crescimento económico Jorge Miguel Gonçalves/NFACTOS
A queda da actividade económica nos três primeiros meses do ano conduziu a uma “evolução menos favorável do que o esperado”, mas a expectativa do banco central é a de que haja agora – nos trimestres seguintes – um movimento capaz de reverter esta quebra, atendendo nomeadamente aos últimos dados da evolução do comércio e à tendência de recuperação da confiança dos consumidores na economia.

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A queda da actividade económica nos três primeiros meses do ano conduziu a uma “evolução menos favorável do que o esperado”, mas a expectativa do banco central é a de que haja agora – nos trimestres seguintes – um movimento capaz de reverter esta quebra, atendendo nomeadamente aos últimos dados da evolução do comércio e à tendência de recuperação da confiança dos consumidores na economia.

O banco central prevê que a procura interna contribua mais para o crescimento do PIB, esperando igualmente que o crescimento do consumo privado seja ligeiramente mais alto, de 1,4%, em vez de 1,3%.

Pelo contrário, quanto às exportações, o BdP prevê um abrandamento acentuado. Se até agora projectava um crescimento de 5,3%, a nova previsão é de 3,8%. A penalizar esta evolução está a oscilação nas vendas de combustíveis ao exterior, um segmento determinante na evolução das exportações nacionais. O forte recuo que se registou neste sector nos primeiros quatro meses do ano deveu-se sobretudo à paragem temporária da refinaria da Galp em Sines, efeito que deverá diluir-se a partir de agora, depois de ter sido retomada a produção.

Nos próximos anos, acredita o banco central, a remota será feita tanto com base na “recuperação da procura interna”, como na “manutenção de um crescimento forte das exportações”.

O crescimento do PIB deverá acelerar em 2015 a um ritmo de 1,5%, quando até agora o banco central esperava um crescimento de 1,4%. E as exportações registar um crescimento de 6,1%, mais do que a instituição previa em Abril (5,1%). Isto ao mesmo tempo em que se prevê um aumento marginal das importações.

Para cumprir as regras do Eurosistema, o banco central apenas pode ter em conta nas suas previsões económicas as medidas de finanças públicas conhecidas e especificadas pelos Governos da zona euro. E como o documento foi elaborado antes de ser publicado o acórdão do Tribunal Constitucional que chumbou três normas do Orçamento do Estado (OE) para 2014 e ainda não são conhecidas as alternativas que o executivo se comprometeu a apresentar, as projecções consideram o impacto das medidas previstas até aí e ainda algumas medidas do Documento de Estratégia Orçamental (DEO).

São considerados os cortes na despesa nos chamados “consumos intermédios”, a redução do número de funcionários públicos, a diminuição dos salários dos funcionários públicos e a reposição de 20% das reduções salariais no sector público prevista para 2015. De fora ficam as medidas adicionais estimadas para Portugal cumprir as metas do défice em 2015 e 2016.

O Banco de Portugal sublinha que a revisão em baixa das previsões para a actividade económica (e ainda para a inflação, que este ano deverá baixar para 0,2%) é comum a outras economias da zona euro. A recuperação da economia no horizonte de 2014 a 2016, vinca, será gradual e evoluirá a “um ritmo próximo” do que é projectado para o conjunto dos 18 países que partilham a moeda única.

Depois de crescimento de 1,1% e 1,5% este ano e no próximo, é esperada uma progressão do PIB de 1,7% em 2016. Se, este ano, o peso da procura interna no PIB (1,4%) estará já próximo do contributo das exportações (1,5%), no próximo ano, as vendas de bens e serviços ao exterior voltam a ganhar terreno, chegando o seu contributo aos 2,5%, contra 1% da procura interna.

“A evolução da procura interna ao longo dos próximos anos continuará a ser condicionada pelo processo de consolidação orçamental e pela necessidade de redução do grau de endividamento do sector privado. Por seu turno, as exportações deverão beneficiar da recuperação da actividade económica mundial, em particular na área do euro. Neste quadro, a economia portuguesa deverá continuar a reforçar a sua capacidade de financiamento face ao resto do mundo ao longo dos próximos anos”, enquadra o Banco de Portugal.