Portugal de mão-cheia e plantel completo

Selecção nacional goleou a Irlanda (5-1) no último jogo de preparação, antes do ataque ao Mundial 2014.

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Os jogadores ainda recolhiam as primeiras impressões do relvado quando o primeiro golo surgiu. Ruben Amorim, substituto de João Pereira no lado direito da defesa, recuperou a meio-campo, iniciou a construção e libertou Varela para um cruzamento telepático. Hugo Almeida, no sítio certo, cabeceou com eficácia (3’). Era o 18.º golo do avançado com a camisola da selecção e mais um indicador para Paulo Bento ter em conta na altura de definir o “onze” para o jogo com a Alemanha.

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Os jogadores ainda recolhiam as primeiras impressões do relvado quando o primeiro golo surgiu. Ruben Amorim, substituto de João Pereira no lado direito da defesa, recuperou a meio-campo, iniciou a construção e libertou Varela para um cruzamento telepático. Hugo Almeida, no sítio certo, cabeceou com eficácia (3’). Era o 18.º golo do avançado com a camisola da selecção e mais um indicador para Paulo Bento ter em conta na altura de definir o “onze” para o jogo com a Alemanha.

Nos minutos seguintes, viu-se tudo menos uma reacção da Irlanda. Lenta a sair a jogar e previsível nos processos, a selecção orientada por Martin O’Neill deixou-se manietar pelo meio-campo português. Raul Meireles, já com um ritmo assinalável para um jogador que regressou de lesão, e João Moutinho, uns furos acima do que a época no Mónaco poderia fazer supor, manobravam livremente num jogo de sentido único.

Aos 13’, a Irlanda novamente em sentido. Meireles recupera, Cristiano Ronaldo (em bom plano neste regresso à competição) remata para uma primeira defesa de Forde, que no mesmo lance ainda roubaria o golo ao médio do Fenerbahçe, após assistência de Varela. Sete minutos mais tarde, o guarda-redes não chegou ao livre directo de Ronaldo mas o poste esquerdo mostrou-se imperturbável.

Só dava Portugal. O 4-3-3 de Paulo Bento varria autenticamente o 4-4-2 de O’Neill, muito graças às boas movimentações pelas faixas (Amorim e Varela à direita e Coentrão em todo o corredor esquerdo). E seria justamente numa descida do lateral do Real Madrid que o 2-0 daria à costa. Calcanhar de Ronaldo, tentativa de cruzamento de Coentrão e desvio infeliz de Richard Keogh para o poste mais distante (20’).

A Irlanda, vinda de dois empates (um frente a Itália, outro com a Costa Rica), mostrava-se demasiado branda e permeável. As incursões de Hoolahan não funcionavam na esquerda e McGeady parecia desaparecido em combate à direita, mesmo quando Fábio Coentrão deixava um pouco mais de espaço nas costas no apoio ao ataque.

Mais esclarecida, a dupla Amorim-Varela continuava a deixar a cabeça em água a Ward, na outra metade do relvado. Nova combinação, novo cruzamento teleguiado do extremo do FC Porto e cabeceamento de Ronaldo para defesa incompleta de Forde. Na recarga, Almeida não perdoou (37’). Dois remates, dois golos para o dianteiro do Besiktas, que ainda enrolou o bigode de circunstância no momento dos festejos.

Portugal saía para o intervalo praticamente sem ter sido importunado, também por mérito de Luís Neto e Ricardo Costa, que mostravam à dupla de centrais irlandesa como defender com competência. O futebol directo da Irlanda não existia e a imponência física perdia de forma flagrante para o requinte técnico português.

Dos balneários, os irlandeses trouxeram um pouco mais de velocidade e de atitude. E foi o bastante para causar problemas a Portugal. Aos 51’, a defesa nacional demorou uma eternidade a posicionar-se para defender um livre, a falta foi cobrada com rapidez e McLean surgiu na área, solto de marcação, a receber e a finalizar.

Ao contrário do que tinha feito o adversário até então, a diferença é que Portugal reagiu. Com constantes trocas posicionais, cavava buracos no meio-campo contrário e num deles Ronaldo isolou Varela, que desperdiçou a oportunidade com uma má recepção.

Foi o último passe perfeito do Bola de Ouro, que integrou pouco depois um quarteto de elementos chamado a descansar por Paulo Bento. Saíam Ronaldo, Almeida, Meireles e Neto, entravam Nani, Postiga, André Almeida e Pepe. O lateral/médio do Benfica ocupava o lado direito da defesa e Ruben Amorim era promovido ao meio-campo, ao lado de Moutinho.

O substituto seguinte foi Vieirinha, aos 73’, quatro minutos antes de fazer o primeiro golo com a camisola da selecção. Nani recebeu um passe longo no lado esquerdo e cruzou de primeira para uma conclusão a dois tempos do jogador do Wolfsburgo: primeiro de cabeça, depois com o pé. 4-1.

E se os irlandeses não aprenderam à primeira, também não foram lá à segunda. Numa jogada muito idêntica à anterior, Portugal voltou a variar o flanco de jogo, Nani voltou a receber livre de marcação na esquerda, desmarcou Coentrão e o lateral concluiu com classe na cara de Forde. Era uma goleada de mão-cheia para assinalar o fim do capítulo de preparação. No dia 16, em Salvador, haverá moral para dar e vender.
 

Ficha de jogo

Portugal, 5
Irlanda, 1

Jogo no Metlife Stadium, em Nova Jérsia, EUA.

Portugal Rui Patrício, Ruben Amorim, Ricardo Costa, Luís Neto (Pepe, 66’), Fábio Coentrão, William, João Moutinho, Raul Meireles (André Almeida, 66’), Varela (Vieirinha, 73’), Ronaldo (Nani, 65’), Hugo Almeida (Hélder Postiga, 66’).
Seleccionador Paulo Bento

Irlanda David Forde, Stephen Kelly (Simon Cox, 75’), Richard Keogh, Alex Pearce, Stephen Ward (Quinn, 67’), Meyler, Hendrick, McGeady (Doyle, 75’), Hoolahan (Long, 63’), McLean, Walters (Robbie Keane, 63’).
Seleccionador Martin O’Neill

Árbitro Baldomero Toledo (EUA)
Golos Hugo Almeida (3’), Keogh (20’, p.b.), Hugo Almeida (37’), McLean (51’), Vieirinha (77’), Fábio Coentrão (82’)