Greve paralisa cantinas em vários pontos do país
Trabalhadores exigem aumento salarial e renegociação do contrato colectivo de trabalho. Associação que representa empresas do sector minimiza impacto do protesto.
Ana Jacinto dá um exmeplo: num grupo de empresas associadas, cujo nome não identifica, que têm 8000 trabalhadores, "apenas 50 fizeram greve e nenum serviço foi fechado".
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Ana Jacinto dá um exmeplo: num grupo de empresas associadas, cujo nome não identifica, que têm 8000 trabalhadores, "apenas 50 fizeram greve e nenum serviço foi fechado".
Segundo os sindicatos, a paralisação envolveu os trabalhadores contratados por empresas concessionárias de cantinas de serviços públicos e empresas. “Este é um sector muito precário, onde os trabalhadores levam para casa pouco mais do que o salário mínimo”, afirma Maria das Dores Gomes, coordenadora do Sindicato da Hotelaria do Sul, que abrange as áreas da hotelaria, turismo, restaurantes e similares.
A sindicalista diz que há uma forte concorrência no sector e que muitas empresas efectuam contratações a título precário, apesar de haver um contrato colectivo para esses trabalhadores. Há também, segundo Dores Gomes, casos de salários em atraso.
“Há violação de muitos direitos dos trabalhadores”, corrobora Francisco Figueiredo, do Sindicato da Hotelaria do Norte, citando o pagamento do trabalho nocturno e do trabalho suplementar.
A principal reivindicação, no entanto, é a de uma subida nos salários. “Não temos aumentos desde 2010”, explica Francisco Figueiredo.
Os sindicatos reclamam uma subida de 30 euros mensais. “Estamos a reivindicar um euro por dia”, refere Dores Gomes.
Ana Jacinto diz que se trata de um valor que “não é exequível”, “muitas empresas estão completamente estranguladas”. E é ainda preciso avaliar qual será o impacto de um futuro aumento do salário mínimo.
Até à hora do almoço, a greve estava a ter efeitos em várias cantinas, de acordo com os sindicatos. Segundo os sindicatos, no Norte, por exemplo, houve adesão total nalguns hospitais, como o da Prelada, no Porto, e os de Vila Nova de Famalicão e Penafiel, segundo o sindicato. Na zona da Área Metropolitana de Lisboa, também houve adesão total em alguns ministérios e em instituições de ensino como o ISEG e o Instituto Superior Técnico. A paralisação foi parcial nos refeitórios da TAP e da Autoeuropa. Noutros pontos do país, alguns hospitais tinham as cantinas a funcionarem com serviços mínimos, como o de Elvas e o de Abrantes.
“A adesão é muito positiva”, avalia Maria das Dores Gomes. Os sindicatos têm tentado reunir com a AHRESP, mas sem sucesso, de acordo com a sindicalista. O objectivo é negociar o aumento salarial e alterações ao contrato de trabalho.
Ana Jacinto recusa a ideia de que se tenha fechado a porta ao diálogo. Diz que isso não aconteceu com nenhuma estrutura sindical.O “atraso” na apresentação de uma proposta de actualização salarial, diz, deve-se ao facto de “a AHRESP não poder pedir a emissão de portarias de extensão”, que garantam que o que for acordado é aplicado a todo o sector e não apenas às empresas associadas da AHRESP (o que as poderia colocar em desvantagem na hora de concorrer com empresas não associadas, que paguem pior). Mas esta situação, acrescenta, deverá ser resolvida muito em breve. É a garantia que tem do secretário de Estado do Emprego, diz.Desde 2012, lembra Ana Jacinto, que por não representar 50% dos trabalhadores do sector a AHRESP não pode solicitar a emissão de portarias de extensão que "dantes eram praticamente automáticas".Notícia actualizada às 20h05: acrescenta reacção da dirigente da AHRESP