Soldado Bergdahl disse que foi torturado pelos taliban
FBI investiga ameaças de morte contra família do soldado americano resgatado do Afeganistão.
Bergdahl está num centro militar norte-americano na Alemanha a ser avaliado e preparado para o recomeço de contactos, primeiro com a família, depois sociais. Pouco se sabe sobre o seu estado, apenas que ainda não falou com a família, e que estava com dificuldades em exprimir-se em inglês. Os médicos que o observam dizem que não está ainda preparado para contacto com a família.
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Bergdahl está num centro militar norte-americano na Alemanha a ser avaliado e preparado para o recomeço de contactos, primeiro com a família, depois sociais. Pouco se sabe sobre o seu estado, apenas que ainda não falou com a família, e que estava com dificuldades em exprimir-se em inglês. Os médicos que o observam dizem que não está ainda preparado para contacto com a família.
Um responsável norte-americano disse (sob anonimato, porque não estava autorizado a fazer revelações) que ele contou ter sido torturado, espancado, e posto numa jaula pelos seus captores durante semanas depois de ter tentado fugir. Acrescentou que é difícil verificar se estas alegações são verdadeiras, ainda que sejam credíveis. “Devemos partir do princípio de que esteve detido em condições difíceis”, comentava o responsável ao New York Times. “Eram taliban, não enfermeiras”.
Antes, uma declaração do centro de Landstuhl dizia apenas que Bergdahl mostrava “sinais de melhoras”, que estava a falar com a equipa que o trata, e que “estava mais cooperante com seu plano de tratamento”.
Bergdahl, 28 anos, foi capturado pelos taliban quando abandonou o seu posto. Outros militares da sua unidade acusam-no de querer desertar.
Sabe-se que o soldado ficou desiludido com o papel dos americanos na guerra – ia com o objectivo de ajudar o povo afegão e acabou por ver que muitas vezes os afegãos eram danos colaterais.
O acordo para a libertação de Bergdahl incluiu uma troca de prisioneiros taliban que estavam em Guantánamo, o que provocou críticas ferozes dos republicanos. A administração Obama disse que era urgente resgatá-lo porque o seu estado de saúde era preocupante. Mas antes da devolução, os taliban deverão ter começado a alimentá-lo melhor, e Bergdahl estará bem, com excepção de problemas de pele e gengivas, e da parte psicológica - ninguém arrisca dizer quanto tempo levará até estar pronto para viajar para um centro no Texas onde será avaliado e fará a terceira fase do tratamento, e aí sim, contactará com a família.
A desconfiança de que Bergdahl possa ter sido capturado quando tentava desertar provocou uma onda contra ele, mesmo que os militares sublinhem que o caso vai ser investigado e que para já não há certezas sobre o que aconteceu. Alguns soldados garantem que houve outros americanos mortos na busca de Bergdahl, o que o exército nega.
A cidade natal de Bergdahl, Hailey, Idaho, cancelou uma festa de boas vindas e muitos responsáveis receberam telefonemas criticando-os pela iniciativa. A onda de fúria foi piorando e este fim-de-semana, o FBI disse que está a investigar ameaças de morte à família.