A “agenda” de Costa e a “crise” do Governo
Costa acena no PS com “uma nova agenda” e o Governo com uma nova crise. Cavaco deixa avisos a todos.
Enquanto António Costa, vindo de Lisboa, escolheu o Porto para apresentar não apenas a sua candidatura a secretário-geral, mas também as suas intenções ao PS, o Governo acenava em Lisboa com a eventualidade de eleições antecipadas se o TC vier a chumbar as medidas que anteontem anunciou. Não é um impasse, é um jogo. Com o PS a braços com uma crise interna que o ocupará pelo menos até Setembro, a hipótese de eleições pode agradar à maioria PSD-CDS, nem que seja como hipotético cenário. Até porque, enquanto o PS não escolher outro, o candidato a primeiro-ministro continuará a ser António José Seguro, até o destronarem do lugar. Ora, nas urnas isso seria desfavorável ao PS, com os eleitores a arriscarem escolher um futuro derrotado ou, pelo contrário, a agravarem, com o seu voto, a crise interna do partido (nova “vitória mínima” seria, no mínimo, um desastre para quem ambiciona governar). O que opõe António Costa a isto? Uma “nova agenda” para uma década, um “PS forte” com “energia motivadora” para “mobilizar Portugal” (a ida ao Porto foi encenada nesse sentido, para desfazer a ideia de um candidato “lisboeta”), a aposta numa “mudança na Europa”, mas com forte consciência nacional (“somos europeístas, mas não podemos ser auto-ingénuos”) e uma linha de raciocínio mais euro-atlantista, para tentar separar as águas internas. Os apoiantes rejubilam, os adversários dizem que tudo isso já tinha sido dito e proposto por Seguro. Guardam-se agora para Ermesinde, para a comissão nacional de dia 22, na certeza de que durante meses o PS não parará quieto. Como levá-lo, assim, a eleições? Por isso a ameaça da maioria, reconfortada. Sendo que, do lado de Belém, não haverá demissão do Governo nem desejo de eleições. Faz parte do jogo imaginá-las e afastá-las em seguida. Um custo muito elevado, diz Cavaco. É um recado para quem o queira ouvir, do PS de Seguro ao Governo, passando pelo TC.
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Enquanto António Costa, vindo de Lisboa, escolheu o Porto para apresentar não apenas a sua candidatura a secretário-geral, mas também as suas intenções ao PS, o Governo acenava em Lisboa com a eventualidade de eleições antecipadas se o TC vier a chumbar as medidas que anteontem anunciou. Não é um impasse, é um jogo. Com o PS a braços com uma crise interna que o ocupará pelo menos até Setembro, a hipótese de eleições pode agradar à maioria PSD-CDS, nem que seja como hipotético cenário. Até porque, enquanto o PS não escolher outro, o candidato a primeiro-ministro continuará a ser António José Seguro, até o destronarem do lugar. Ora, nas urnas isso seria desfavorável ao PS, com os eleitores a arriscarem escolher um futuro derrotado ou, pelo contrário, a agravarem, com o seu voto, a crise interna do partido (nova “vitória mínima” seria, no mínimo, um desastre para quem ambiciona governar). O que opõe António Costa a isto? Uma “nova agenda” para uma década, um “PS forte” com “energia motivadora” para “mobilizar Portugal” (a ida ao Porto foi encenada nesse sentido, para desfazer a ideia de um candidato “lisboeta”), a aposta numa “mudança na Europa”, mas com forte consciência nacional (“somos europeístas, mas não podemos ser auto-ingénuos”) e uma linha de raciocínio mais euro-atlantista, para tentar separar as águas internas. Os apoiantes rejubilam, os adversários dizem que tudo isso já tinha sido dito e proposto por Seguro. Guardam-se agora para Ermesinde, para a comissão nacional de dia 22, na certeza de que durante meses o PS não parará quieto. Como levá-lo, assim, a eleições? Por isso a ameaça da maioria, reconfortada. Sendo que, do lado de Belém, não haverá demissão do Governo nem desejo de eleições. Faz parte do jogo imaginá-las e afastá-las em seguida. Um custo muito elevado, diz Cavaco. É um recado para quem o queira ouvir, do PS de Seguro ao Governo, passando pelo TC.