Assad venceu com 88,7% dos votos: “resultado histórico” ou “insulto para os sírios”

Potências ocidentais consideram eleição ilegítima, oposição promete continuar a lutar contra o regime.

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Festejos em Damasco depois de serem conhecidos os resultados das eleições JOSEPH EID/AFP

A chuva de críticas à reeleição que Assad assegurou num país em plena guerra civil que já fez mais de 160 mil mortos e levou à fuga de mais de nove milhões de pessoas, veio de inúmeros países ocidentais. John Kerry, secretário de Estado norte-americano, considerou que estas eleições “não fazem qualquer sentido, já que não se pode fazer eleições onde milhões de pessoas não podem sequer votar”. Apenas em sete de 14 províncias do país foi possível votar na passada terça-feira, o que corresponde a 40% do território, onde vive 60% da população.

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A chuva de críticas à reeleição que Assad assegurou num país em plena guerra civil que já fez mais de 160 mil mortos e levou à fuga de mais de nove milhões de pessoas, veio de inúmeros países ocidentais. John Kerry, secretário de Estado norte-americano, considerou que estas eleições “não fazem qualquer sentido, já que não se pode fazer eleições onde milhões de pessoas não podem sequer votar”. Apenas em sete de 14 províncias do país foi possível votar na passada terça-feira, o que corresponde a 40% do território, onde vive 60% da população.

“Depois destas eleições históricas, os sírios vão terminar a sua missão militar, política e social, e vão reconstruir o país, ignorando os obuses disparados diariamente pelo terroristas e as vis declarações dos seus apoiantes”, escreveu na primeira página o Al-Baas, jornal oficial do partido de Assad. No de 17 de Julho, quando o Presidente sírio tomar posse para um terceiro mandato de sete anos, fará um discurso no Parlamento de Damasco que deverá ser orientado para os planos de reconstrução do país e para a ideia de que o inimigo já está derrotado.

Mas da oposição chegou a promessa de que a luta vai continuar. Em comunicado “a coligação nacional síria afirma que a eleição [de Assad] é ilegítima e não representa o povo sírio. O povo continuará a sua revolução até ver realizados os seus objectivos pela liberdade, justiça e democracia”. Para o líder da oposição no exílio, Ahmad al-Jarba, os "ditadores não são eleitos, eles mantêm o poder pela força e medo, essas são as duas razões pelas quais os sírios não participaram neste baile de máscaras".

Bashar al-Assad chegou ao poder em 2000, após a morte do seu pai, Hafez al-Assad – o seu nome era o único num referendo, que terminou com uma aprovação de 99,7%. Em Maio de 2007 foi reconduzido no cargo por mais sete anos, com 97,6%, novamente através de um referendo em que apenas surgia o seu nome.

Na primeira vez que os boletins de voto apresentavam mais do que o nome de Assad, Hassan al-Nouri obteve 4,3% e Maher al-Hajjar não foi além dos 3,2%. Contudo, não se pode considerar estes dois candidatos como verdadeiros adversários políticos, já que são figuras absolutamente desconhecidas que Assad utilizou para tentar fazer destas eleições umas eleições multipartidárias aos olhos da comunidade internacional.

Em conferência de imprensa, o candidato presidencial Hassan al-Nouri deu os parabéns a Bashar al-Assad pela vitória “que transmite a confiança do povo no seu presidente”. Segundo a agência síria, Sana, Hassan afirmou ainda que processo eleitoral ficou claro e transparente para todo o mundo – ele, pessoalmente, inspeccionou a contagem dos votos.

Uma delegação dos principais apoiantes internacionais do Governo sírio, incluindo a Rússia, o Irão e a Venezuela, declarou que a eleição decorreu de forma “transparente e livre e que abre o caminho para a estabilidade nacional ”.

“Não é possível ignorar a opinião de milhões de sírios que foram às urnas, apesar da ameaça terrorista e que fizeram uma escolha para o futuro do país”, disse um porta-voz do Kremlin, citado pela AFP.

"Assad não tem planos de paz, de estabilidade e reconstrução da Síria. O seu único plano é matar à fome o seu próprio povo ", concluiu o ministro britânico William Hague.