Casas da Berlenga devolvidas aos pescadores e outros trabalhadores da ilha

O bairro está abandonado há três anos e há pescadores a pescar na ilha de noite e não têm lá condições para pernoitar.

Foto
No âmbito do controlo anual de gaivotas são destruídos 60 mil ovos por ano Nelson Garrido

"Como houve utilizações indevidas, fomos confrontados com uma decisão do Instituto de Gestão Financeira da Segurança Social [que se substituiu à antiga Caixa dos Pescadores na atribuição das casas] de querer tirar de lá as pessoas e a câmara entendeu que não, apelando a que tivesse em contas as pessoas que trabalham na ilha", desde pescadores, mariscadores e profissionais das embarcações marítimo-turísticas, explicou António José Correia.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

"Como houve utilizações indevidas, fomos confrontados com uma decisão do Instituto de Gestão Financeira da Segurança Social [que se substituiu à antiga Caixa dos Pescadores na atribuição das casas] de querer tirar de lá as pessoas e a câmara entendeu que não, apelando a que tivesse em contas as pessoas que trabalham na ilha", desde pescadores, mariscadores e profissionais das embarcações marítimo-turísticas, explicou António José Correia.

Além de as habitações serem necessárias para quem trabalha na ilha, a entrega das habitações à comunidade do mar é também uma forma de manter a identidade daquele bairro.

A Segurança Social veio a firmar uma parceria com o município no sentido de lhe entregar a administração das casas e a autarquia decidiu atribuir três delas às empresas marítimo-turísticas, que durante o verão têm trabalhadores na ilha, duas para o futuro Centro Interpretativo da Berlenga e as restantes aos pescadores.

Além disso, criou um regulamento de utilização, que esteve em consulta pública, e lançou concurso, em agosto de 2013, para atribuição das habitações, estando a decorrer há vários meses a avaliação de todas as candidaturas.

Meia dúzia de pessoas, entre pescadores e operadores das embarcações marítimo-turísticas foram, à última sessão de câmara pública, pedir para o processo ser agilizado, quando está a começar mais um verão e o número de trabalhadores na ilha aumenta.

A comunidade alertou que o bairro está "abandonado há três anos e há pescadores a pescar na ilha de noite e não têm lá condições para pernoitar".

O autarca disse que é o primeiro a lamentar o atraso, reconhecendo que é um processo demorado e, face ao número de pescadores, "tem de haver uma atribuição justa" em função das necessidades.

A agilização do processo foi também pedida pelos vereadores do PSD e do PS, motivo pelo qual o assunto foi agendado para a próxima sessão de câmara, pelo presidente da câmara (CDU).

O Bairro dos Pescadores da ilha da Berlenga possui 16 casas-abrigo, construídas pela comunidade piscatória nos tempos em que se pescava a partir de embarcações a remo e havia necessidade de pernoitar na ilha.

Desde 2011 que a ilha das Berlengas foi classificada Reserva Mundial da Biosfera pela UNESCO - Organização das Nações Unidas para a Educação Ciência e Cultura, depois de, em 1997, ter sido classificada de Sítio da Rede Natura 2000, um estatuto que veio a reconhecer a importância da conservação desta área natural à escala Europeia, e, em 1981, Reserva Natural.