Oposição quer referendo com vista à Terceira República em Espanha
Abdicação reabre o debate sobre a monarquia num momento em que apenas 37% do povo espanhol apoia e acredita na instituição.
Há também manifestações marcadas para esta segunda-feira em algumas regiões autónomas, principalmente na Catalunha e no País Basco, numa altura em que a popularidade da monarquia nunca esteve tão em baixo, segundo um estudo divulgado pelo El País.
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Há também manifestações marcadas para esta segunda-feira em algumas regiões autónomas, principalmente na Catalunha e no País Basco, numa altura em que a popularidade da monarquia nunca esteve tão em baixo, segundo um estudo divulgado pelo El País.
A Izquierda Unida, através do seu candidato nas eleições europeias, Willy Meyer, exigiu um referendo vinculativo para que o povo possa escolher entre o actual modelo de monarquia parlamentar ou a república. Meyer disse à agência Efe que "a democracia do século XXI exige um referendo vinculativo para que as pessoas possam decidir se querem continuar com a monarquia ou se querem a república. "
O ex-secretário geral do partido Izquierda Unida, Julio Anguita, considera que Felipe é uma " nova imagem de um produto que já está podre " e que é simplesmente" uma manobra para que a oligarquia económica franquista continue a representar o poder."
Este partido já convocou uma manifestação, através da sua conta oficial no Facebook, para as 20h. “ É o momento de recuperar a democracia, de reclamar um referendo com vista à Terceira República!”, escreveu o partido na sua página.
O partido Podemos, criado há três meses e que elegeu cinco eurodeputados nas últimas eleições, já transmitiu a sua opinião através da rede Tiwtter. “ Trata-se de escolher entre o velho e o novo e, numa democracia, as decisões são tomadas em conjunto, não nos escritórios.” O líder do partido, Pablo Iglesias, afirmou ainda que “os espanhóis já são maiores de idade e têm o direito de decidir o seu futuro. Toca a devolver a palavra ao povo!”
O presidente do governo basco, Iñigo Urkullu, considera que a abdicação de Juan Carlos "abre a possibilidade de resolver a questão basca", que desde Constituição de 1978 não sofre qualquer alteração. “É uma oportunidade para actualizar os direitos históricos do povo basco”, concluiu Urkullu.
Segundo o jornal catalão El Periódico, o partido Esquerda Republicana da Catalunha (ERC) já insurgiu os catalães para que nesta segunda-feira às 20h se manifestem para reivindicarem a “República catalã”. Em conferência de imprensa na sede do partido, esta segunda-feira, a porta-voz do ERC, Anna Simó, reiterou que este último acontecimento aumentou ainda mais o seu compromisso com o referendo de 9 de Novembro sobre a independência da Catalunha. Também o presidente do governo da Catalunha, Artur Mas, comentou a abdicação do trono e a subida ao trono de Felipe, desejando-lhe “sorte”. O presidente do governo catalão diz contudo que apesar desta alteração "não haverá mudanças no processo político do povo da Catalunha, o referendo vai em frente".
Segundo o Centro de Pesquisas Sociológicas, citado pelo El País, apenas 37% do povo espanhol apoia e acredita nas instituições monárquicas. As recentes polémicas, como o caso Urdangarin - o marido da infanta Cristina, Iñaki Urdangarin, e a própria filha do rei estão a ser investigados por suspeita de desvio de dinheiro público - e a polémica em torno da caçada luxuosa do rei no Botswana foram preponderantes para a impopularidade da monarquia.
Texto editado por Ana Gomes Ferreira