Ricardo Gordo: “A minha música é rock. Só que é rock com guitarra portuguesa”
Começou por ouvir heavy metal e apaixonou-se pela guitarra portuguesa. Ricardo Gordo tem um novo disco nas lojas, esta segunda-feira: Mar Deserto.
Música na família já existe há várias gerações. A avó paterna e o avô materno cantavam fado, o pai (baixista de jazz) teve grupos de baile desde muito novo e hoje é doutorado em etnomusicologia e ele próprio, aos 9 anos, viu-se a actuar (“com a minha escolinha”) no palco Timor da Expo’98. Na altura tocava flauta e não tardou a dedilhar uma guitarra velha que andava lá por casa. “Tomei o gosto ao palco, fiquei deslumbrado com a atenção que temos, com a possibilidade de estarmos a fazer música”, diz Ricardo.
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Música na família já existe há várias gerações. A avó paterna e o avô materno cantavam fado, o pai (baixista de jazz) teve grupos de baile desde muito novo e hoje é doutorado em etnomusicologia e ele próprio, aos 9 anos, viu-se a actuar (“com a minha escolinha”) no palco Timor da Expo’98. Na altura tocava flauta e não tardou a dedilhar uma guitarra velha que andava lá por casa. “Tomei o gosto ao palco, fiquei deslumbrado com a atenção que temos, com a possibilidade de estarmos a fazer música”, diz Ricardo.
Interessou-se então por heavy metal (“era a música que os filhos dos amigos dos meus pais ouviam também”), Iron Maiden, AC/DC, Megadeth. “Comecei a fazer, aos 13 anos, as minhas bandas de garagem e isso coincide com a minha entrada no Conservatório para tentar tocar violoncelo, uma tentativa completamente falhada porque o meu pai queria que eu fosse violoncelista e eu queria ser guitarrista nos Iron Maiden…”
Foi para o Porto tirar um curso que não tinha nada a ver com música (engenharia, instrumentação e metrologia), detestou o curso mas começou a interessar-se por blues, jazz, rock de fusão e também pela produção musical. Fartou-se de estar no Porto e voltou para Portalegre. “Nessa altura o meu pai esteve em estúdio, com um dos grupos que ele teve, a ser produzido pelo Custódio Castelo. E tinha acabado de abrir o curso de guitarra portuguesa em Castelo Branco. Eu estava em casa, um bocado aborrecido porque não gosto de ficar parado, e aparece-me o meu pai com um panfleto: ‘E se fosses estudar guitarra portuguesa?’ Pensei: não sei ler música, detesto fado… o que vou para lá fazer?” Mas o pai convenceu-o a ter “umas aulas com o Custódio”. E assim foi.
A primeira coisa que Custódio Castelo fez foi pedir-lhe para mostrar as mãos. “Tens aqui umas belas mãos para tocar guitarra”, disse. E começou o exercício. “Toquei como consegui e realmente houve uma química com a vibração do instrumento que me fez apaixonar muito rapidamente pela guitarra.” Concluiu a licenciatura, está agora a fazer o mestrado, mas já gravou três discos a solo: Serendípia (2011), Fado Metal (2012) e agora Mar Deserto (2014). Mas mantém activas as suas bandas com guitarra eléctrica: Voodoo Child, de tributo a Jimi Hendrix; e Blind Snake, de covers dos anos 1960 a 80.
A primeira música das várias que compôs e gravou começou a escrevê-la em 2009 e terminou-a em 2010: Pastora de Portalegre, que integra o disco mais recente. “Há muita coisa para fazer com a guitarra portuguesa”, diz Ricardo. Quando lhe perguntam que música faz, não hesita em dizer: “A minha música para mim é rock. Só que é rock com guitarra portuguesa. Depois surgiu o conceito Fado Metal, a que até acho piada e se calhar comercialmente até funciona, mas para mim esta música é claramente rock.”