Temporada moderna passa a sinfónica na Metropolitana

Com um orçamento de 250 mil euros,Mega Ferreira e Pedro Amaral querem mais espectadores.

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António Mega Ferreira Pedro Cunha/Arquivo

Na segunda temporada programada por António Mega Ferreira, director executivo, e Pedro Amaral, director artístico e pedagógico, mantém-se a associação de repertórios específicos a salas de espectáculo – uma mudança que foi introduzida pelos dois na temporada 2013/2014, que agora termina. A parceria já antiga com o CCB continua, e reafirma-se a associação com o Palácio Foz e o Teatro Thalia, iniciada o ano passado. Na temporada 2014/2015, a programação para estes dois últimos espaços foi reforçada e haverá, pelo menos, um concerto por mês, entre Setembro e Junho de 2015, na temporada barroca e na temporada clássica.

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Na segunda temporada programada por António Mega Ferreira, director executivo, e Pedro Amaral, director artístico e pedagógico, mantém-se a associação de repertórios específicos a salas de espectáculo – uma mudança que foi introduzida pelos dois na temporada 2013/2014, que agora termina. A parceria já antiga com o CCB continua, e reafirma-se a associação com o Palácio Foz e o Teatro Thalia, iniciada o ano passado. Na temporada 2014/2015, a programação para estes dois últimos espaços foi reforçada e haverá, pelo menos, um concerto por mês, entre Setembro e Junho de 2015, na temporada barroca e na temporada clássica.

António Mega Ferreira sublinhou a renovação da parceria com o Teatro Municipal São Luiz que “assume relevância” por ser o palco do concerto inaugural da temporada, a 14 de Setembro – Pedro Amaral dirige Six Portraits of Pain, de António Pinho Vargas, Blumine, de Mahler, e a Quarta Sinfonia, de Tchaikovsky –, e do concerto de Natal, onde se ouvirá Mozart: Grande Missa em dó Menor e Vésperas Solenes de um Confessor.

A temporada sinfónica passa a ter este nome – em vez de temporada moderna –, porque “abre uma janela para todo o grande repertório sinfónico desde o início do século XIX  até ao começo do século XX: desde os filhos de Beethoven até aos pós-wagnerianos”, explicou Pedro Amaral. Dos sete concertos que inclui esta programação no CCB – para além do tradicional Concerto de Ano Novo centrado no repertório vienense –, o director artístico destacou o primeiro e o último. R. Strauss: da Juventude à Maturidade, dirigido por Pedro Amaral, é o primeiro, em Setembro, e celebra os 150 ano do compositor. O último, em Junho, é o concerto-aniversário da Metropolitana e terá obras de Mendelssohn, Brahms e Ayres de Abreu, que vai compor especialmente para a ocasião. Este concerto terá a direcção de Michael Zilm e dois solistas formados na instituição: Ana Pereira e Marco Pereira.

No Teatro Thalia haverá 12 concertos da temporada clássica em que Mozart está fortemente presente. Entre estes concertos há As Três Idades de Mozart, num ciclo de três sessões diferentes dirigidas por Pedro Neves em Dezembro, Pedro Amaral em Fevereiro e Michael Zilm em Maio.

Entre os nove concertos da temporada barroca, no Palácio Foz, atravessa-se a história da música barroca desde meados do século XVII à transição para o classismo. Aqui, Pedro Amaral destaca “três projectos ímpares”: em Fevereiro, o melodrama Ariadne auf Naxos, de Georg Anton Benda – em que a música tocada pela orquestra vai alternando com a interpretação de dois actores –, em Março, a terceira parte do ciclo Barroco Concertante, em que o maestro escocês Nicholas Kraemer dirige obras de Bach, Telemann e Händel, e em Maio o concerto dirigido do Vicenç Prats que se centra na relação mestre-discípulo entre Quantz e Frederico II da Prússia.

Importante para Pedro Amaral são também os frutos do primeiro atelier de ópera que aconteceu na época passada. “A ideia era dar aos jovens cantores do nosso país um espaço para se apresentarem. As nossas melhores expectativas foram amplamente superadas: houve uma enorme procura e com muita qualidade”, disse o director artístico sobre este projecto itenerante que chegou mesmo a algumas cidades fora da área metropolitana de Lisboa. As apresentações de ópera desta temporada serão Don Giovanni, de Mozart, em Março, no Teatro Thalia, Arminda, de Josef Myslivecek, em Maio no CCB – uma partitura da Biblioteca Nacional da Ajuda que está neste momento a ser recupreda – e em Outubro no Teatro Municipal São Luiz, Lady Sarashina, de Peter Eötvös – “o compositor de ópera com maior sucesso na actualidade”, disse Pedro Amaral.

Na época de concertos que se inicia em Setembro, os Artistas Associados à Metropolitana são o compositor e pianista António Pinho Vargas, o coreógrafo e intérprete Rui Horta e a designer Ana Romero Monteiro, que desenhou a imagem da temporada 2014/2015.

Para além do concerto inaugural, a obra de António Pinho Vargas está na programação da Metropolitana em outros seis momentos de que Pedro Amaral destacou, em Novembro, Pour Passer La Mélancolie da temporada barroca, com repertório de Bach e Pinho Vargas, e Bruckner I, da temporada sinfónica, em que se junta Bruckner ao compositor português.

Horta 2015

Rui Horta já tinha o título de Artista Associado na temporada passada mas “não houve tempo suficiente para construir o projecto [um espectáculo da autoria de Rui Horta em residência com a Metropolitana]”. Este projecto fica marcado para a última semana de Junho de 2015. “O espectáculo que desejamos construir com o Rui é um espectáculo que exige maior preparação e vai agitar o meio artístico português”, disse Pedro Amaral.

Com um orçamento de 250 mil euros, igual ao da temporada passada, Pedro Amaral destacou ainda a adesão do público às temporadas clássica e barroca criadas no ano passado: a taxa de ocupação de sala no Teatro Thalia foi acima dos 70%, e no Palácio Foz, cerca de 85%. O objectivo do director artístico é levar estes números aos 100%, mantendo o “papel social do projecto” – na criação de programas abrangentes e itinerantes –, que desafiem os músicos e que sejam atractivos para o público, disse.

Para Mega Ferreira é importante que esta seja uma temporada para “recentrar a imagem da metropolitana” com o mote “uma orquestra, três escolas”, para que a população associe à instituição a sua vocação pedagógica, por vezes ignorada, disse.

A Orquestra Metropolitana de Lisboa é tutelada pela Associação Música, Educação e Cultura (AMEC), de que fazem ainda parte três escolas – a Academia Nacional Superior de Orquestra, o Conservatório Nacional de Música da Metropolitana e a Escola Profissional Metropolitana.