Cameron diz que escolha de Juncker pode levar Reino Unido a sair da UE
Decisão sobre presidente da Comissão ameaça abrir feridas sérias. “Um rosto dos anos 80 não pode resolver os problemas dos próximos cinco anos”, terá dito o primeiro-ministro britânico à chanceler alemã.
Já era conhecida a discordância de Cameron em relação ao nome de Juncker, candidato pré-designado pelo Partido Popular Europeu (PPE) na campanha para as eleições europeias. A novidade foi os termos em que manifestou a sua oposição, à margem da cimeira que os dirigentes da União Europeia (UE) realizaram na quinta-feira em Bruxelas.
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Já era conhecida a discordância de Cameron em relação ao nome de Juncker, candidato pré-designado pelo Partido Popular Europeu (PPE) na campanha para as eleições europeias. A novidade foi os termos em que manifestou a sua oposição, à margem da cimeira que os dirigentes da União Europeia (UE) realizaram na quinta-feira em Bruxelas.
Um porta-voz de Cameron rejeitou comentar o artigo da Spiegel. A revista diz que o chefe do Governo britânico considera Juncker, antigo presidente do Eurogrupo, demasiado federalista e terá dito à chanceler alemã Angela Merkel – que o apoia – que “um rosto dos anos 80 não pode resolver os problemas dos próximos cinco anos”.
A revista alemã disse que participantes na reunião interpretaram a posição de Cameron como uma afirmação de que a eleição de Juncker poderia desestabilizar o seu governo e conduzir a um referendo à permanência do Reino Unido na UE, com resultados favoráveis à saída. Fonte governamental não identificada disse à BBC que não reconhece no discurso do primeiro-ministro expressões como desestabilização e que essas não seriam palavras que ele usaria.
Para além de Cameron, vários líderes dos Vinte e Oito manifestaram-se já contra a escolha de Juncker, após os resultados das eleições. São os casos do sueco Fredrik Reinfeldt, do holandês Mark Rutte, do finlandês Jyrki Katainen e do húngaro Viktor Orbán. O líder da Comissão é tradicionalmente escolhido pelos chefes de governo mas as novas regras prevêem que sejam tidos em conta os resultados das eleições europeias.
O PPE (que integra os deputados da CDU de Merkel e os portugueses do PSD/CDS) elegeu o maior número de eurodeputados de uma mesma “família política”: 213 dos 751.
Os líderes dos Vinte e Oito encarregaram o actual presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, de perocurar uma saída para esta crise sucessória nos lugares de topo da Comissão. Começam a ouvir-se nomes alternativos.
O jornal alemão Bild am Sonntag escreveu, sem citar fontes, que o Presidente francês, François Hollande, está também a tentar evitar que o sucessor de Durão Barroso seja Juncker e prefere um francês – Pierre Moscovici, seu ex-ministro das Finanças.
O Le Monde avançou há dias com a possibilidade do francês Michel Barnier, actual comissário europeu do Mercado Interior. Outros nomes já mencionados foram o ex-director da Organização Mundial do Comércio, Pascal Lamy, e a primeira-ministra dinamarquesa, Helle Thorning-Schmidt.
Em declarações ao Bild, o Comissário europeu da Energia, Guenther Oettinger, explicou que todos os líderes europeus têm consciência de que uma escolha terá que ser feita antes das férias de Verão. Para ele, a escolha é obviamente Juncker, mas se as discussões sobre o sucessor de Barroso se alastrarem para Setembro ou Outubro, as políticas da União Europeia irão entrar num longo impasse de meses, alertou.