Vaga de prisões na China nas vésperas do 25.º aniversário de Tiananmen
"A reacção está a ser mais dura do que nos últimos anos", diz a Human Rights Watch.
Segundo o jornal The New York Times, perto de uma dúzia de conhecidos académicos, intelectuais e dissidentes foram detidos por actos como publicar “selfies” tiradas na praça e fazendo o sinal de vitória com os dedos. Os jornalistas ocidentais foram advertidos que não devem aproximar-se de Tiananmen nas próximas semanas, caso contrário poderão sofrer consequências, relata o Times. Noutros anos, a praça foi totalmente encerrada.
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Segundo o jornal The New York Times, perto de uma dúzia de conhecidos académicos, intelectuais e dissidentes foram detidos por actos como publicar “selfies” tiradas na praça e fazendo o sinal de vitória com os dedos. Os jornalistas ocidentais foram advertidos que não devem aproximar-se de Tiananmen nas próximas semanas, caso contrário poderão sofrer consequências, relata o Times. Noutros anos, a praça foi totalmente encerrada.
“A reacção [das autoridades] está a ser mais dura do que nos últimos anos”, disse a este jornal americano Maya Wang, investigadora da organização de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch em Hong Kong.
A Amnistia Internacional compilou uma lista de 50 pessoas que diz terem sido presas em toda a China nas semanas antes do 25.º aniversário — os analistas dizem que sempre houve detenções nos aniversários do movimento pró-democracia e da sua repressão (morreram centenas de pessoas), mas notam que a data redonda, um quarto de século, levou o Governo de Pequim a tomar medidas mais duras do que noutros anos.
Alguns analistas políticos ocidentais consideram que este aumento da dureza das operações contra a dissidência se prende também com o estilo e com os obejctivos do Presidente Xi Jinping, que está no cargo há 15 meses e que silenciou a dissidência política interna (dentro do Partido Comunista Chinês) e se esforça por silenciar a externa, a da sociedade civil.
Um activista da luta contra a sida na China, Hu Jia, foi confinado à sua casa, numa espécie de prisão domiciliária. Um grupo de budistas foi preso. Um soldado artista que, no atelier de um amigo, fez um trabalho a reflectir o esforço do Governo para que todo o país esqueça o que se passou há 25 anos, foi detido.
Interrogadas, detidas ou presas foram outras pessoas, mais mediáticas. Vários elementos de um grupo que realizou, numa casa particular, um seminário sobre os acontecimentos de 1989 — alguns dos participantes são familiares de activistas mortos há 25 anos na praça — foram chamados à polícia e interrogados. Cinco ficaram presos, entre eles Hao Jian, professor da Academia de Cinema de Pequim; Xu Yoyyu, filósofo da Academia de Ciências; Pu Zhiqiang, um conhecido advogado. O escritório de Pu foi revistado pela polícia, que levou informação que estava nos computadores e em papel, entre ela toda a documentação relativa ao artista plástico Ai Weiwei (dissidente, que foi preso por fuga ao fisco), que foi cliente de Pu, segundo as declarações de um dos sócios do escritório.
A esta vaga de prisões reagiu, esta quarta-feira, a União Europeia, através de Catherine Ashton. "Estamos profundamente preocupados com as recentes prisões e detenções de um grande número de defensores dos direitos humanos, advogados e intelectuais", lê-se num comunicado do Serviço Europeu de Ação Externa (SEAE), que Ashton chefia.