Narendra Modi toma posse e promete "futuro glorioso" aos indianos

O novo primeiro-ministro da Índia foi empossado perante mais de quatro mil convidados, incluindo, pela primeira vez na história, o seu homólogo do Paquistão.

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Milhares de convidados assistem à tomada de posse do Governo de Narendra Modi em Nova Deli REUTERS/India's Presidential Palace

A investidura de Modi e do seu Governo, num palco montado nos jardins do palácio presidencial de Nova Deli, decorreu perante uma plateia de mais de quatro mil convidados, e foi seguida na televisão por milhões em toda a Índia. Pela primeira vez, todos os chefes de Estado da região, incluindo do vizinho Paquistão, assistiram à tomada de posse dos titulares políticos da maior democracia do mundo – “Um gesto promissor”, decretou a imprensa indiana, que leu no gesto uma demonstração da vontade do Governo em pôr fim à tensão e instabilidade que caracteriza as relações bilaterais.

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A investidura de Modi e do seu Governo, num palco montado nos jardins do palácio presidencial de Nova Deli, decorreu perante uma plateia de mais de quatro mil convidados, e foi seguida na televisão por milhões em toda a Índia. Pela primeira vez, todos os chefes de Estado da região, incluindo do vizinho Paquistão, assistiram à tomada de posse dos titulares políticos da maior democracia do mundo – “Um gesto promissor”, decretou a imprensa indiana, que leu no gesto uma demonstração da vontade do Governo em pôr fim à tensão e instabilidade que caracteriza as relações bilaterais.

Modi prometeu “manter a integridade” da Índia e trabalhar “sem favorecimento, sem medo, sem ódio ou má vontade para levar a justiça a todos, tal como prescreve a Constituição e a lei”. Palavras provavelmente destinadas a acalmar os críticos que temem pela concentração do poder nas mãos dos nacionalistas hindus, cuja histórica maioria parlamentar lhes permite legislar sem negociação com outras formações políticas.  E que também pretendem apagar as dúvidas daqueles que não querem ver a autoridade de Estado depositada nas mãos de um homem cujo papel (enquanto governador do estado de Gujarat) num terrível episódio de violência religiosa que culminou com o massacre de centenas de muçulmanos, há 12 anos, ainda levanta muitas suspeitas.

No seu esforço por ultrapassar as controvérsias, Narendra Modi insistiu na sua visão de uma “Índia unida e forte”, uma nação “desenvolvida e inclusiva”, que é um “actor activo na comunidade global” e que defende sem intransigências a “causa da paz mundial e do progresso”. Os seus discursos pós-eleitorais têm merecido elogios constantes na imprensa nacional, que tem saudado o “potencial de transformação” económica e social da Índia com o líder do BJP, “que ousou desafiar a ortodoxia, a sabedoria convencional e as assunções sociais”, como escreveu o comentador Swapan DasGupta, citado pelo The Guardian.

Fiel à fórmula de “menos Governo e mais governação” por que se bateu durante meses de campanha e eleição, o novo primeiro-ministro apresentou uma equipa executiva minimalista e assumiu a centralização do processo decisório em Nova Deli. Numa mensagem publicada no Twitter na véspera da tomada de posse, Modi já tinha revelado que o formato do seu Governo constituiria um corte “positivo e inédito” com o passado: o novo primeiro-ministro reduziu o número de ministérios para 23 e nomeou apenas 22 super-ministros, que tomaram posse sem que estivesse ainda designada a respectiva pasta (a título de comparação, o anterior executivo liderado por Manmohan Singh, do partido do Congresso, tinha 78 ministros).

Mas foi na gestão dos dossiers diplomáticos e internacionais que o novo homem forte da Índia mais surpreendeu até ao momento. O convite endereçado ao seu congénere paquistanês, Nawaz Sharif, para participar na cerimónia de posse e para uma cimeira bilateral no dia seguinte, foi considerado como uma “jogada astuta” pelo antigo dirigente do serviço de informações externas de Nova Deli, Vikram Sood, em declarações à Reuters. “Foi uma decisão fantástica e que sem dúvida contribuirá para uma apreciação mais realista da trajectória da Índia em termos de política externa nos próximos anos”, concordou em editorial o diário India Express, acrescentando que “o que importa é a perspectiva de um Governo mais confiante e preparado para negociar com os seus vizinhos sem ser na base do protocolo e do precedente”.

A disputa da região da Caxemira alimenta a tensão e o rancor entre os dois países vizinhos, que nos últimos 60 anos já travaram três guerras. Modi sempre se definiu como um “falcão” nesse braço-de-ferro: no entanto, como assinalava Sood à agência britânica, a abertura diplomática aos restantes líderes da Associação para a Cooperação Regional do Sul da Ásia “é um bom augúrio e terá sido um primeiro passo para a melhoria das relações se vier a ser seguido por outras decisões bilaterais e multilaterais”. Numa primeira reacção, o Paquistão e o Sri Lanka anunciaram a libertação de centenas de pescadores indianos detidos por entrar em águas exclusivas dos respectivos países.

Em Nova Deli, Nawaz Sharif considerou que na actual conjuntura em que os dois países dispõem de “Governos com um forte mandato”, se pode “abrir uma nova página” nas relações entre a Índia e o Paquistão. “Temos aqui uma oportunidade para conversar sem desconfianças e livrar a região da instabilidade e insegurança que nos afecta há muitas décadas”, declarou à cadeia televisiva NDTV.