Emel quer investir 40 milhões em parques e na expansão das zonas tarifadas

A partir de 13 de Junho será possível pagar o estacionamento na via pública com o telemóvel.

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PÚBLICO

Alvalade, Arroios, Amoreiras, Rato, Lapa, Bairro Alto, Castelo e Campo das Cebolas são os locais onde os novos parques, com um total estimado de 1.789 lugares, vão ser construídos. António Júlio de Almeida, presidente da Emel, explica que vários destes equipamentos destinam-se a colmatar carências de estacionamento em zonas residenciais, e acrescenta que mesmo aqueles que têm uma finalidade diversa, como o do Rato (que pretende funcionar como “dissuasor” da entrada de veículos privados na área da Avenida da Liberdade/Baixa), “terão sempre uma componente residencial”.

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Alvalade, Arroios, Amoreiras, Rato, Lapa, Bairro Alto, Castelo e Campo das Cebolas são os locais onde os novos parques, com um total estimado de 1.789 lugares, vão ser construídos. António Júlio de Almeida, presidente da Emel, explica que vários destes equipamentos destinam-se a colmatar carências de estacionamento em zonas residenciais, e acrescenta que mesmo aqueles que têm uma finalidade diversa, como o do Rato (que pretende funcionar como “dissuasor” da entrada de veículos privados na área da Avenida da Liberdade/Baixa), “terão sempre uma componente residencial”.

Em 2012, segundo dados do Relatório e Contas desse ano, a Emel tinha uma oferta de estacionamento em parques de quase quatro mil lugares. Já na via pública, o número de lugares geridos por esta empresa da Câmara de Lisboa era superior a 43 mil.

Nos próximos três anos, a ambição do conselho de administração é aumentar esse número em 12 mil, com a expansão da actividade para artérias de zonas tão diversas como Carnide, Benfica, Laranjeiras, Avenida da Igreja, Alameda, Anjos, Socorro, Campo de Ourique, Lapa, Madragoa e Parque das Nações. António Júlio de Almeida sublinha que, muitas vezes, são os próprios moradores e os presidentes das juntas de freguesia quem pede à Emel que passe a actuar numa determinada área.

O presidente da empresa, que em 2012 apresentou um resultado líquido de 1,998 milhões de euros, frisa que o investimento de 40 milhões de euros em causa deverá ser feito “com pouco recurso ao crédito”. A menos, admite, em entrevista ao PÚBLICO, que a Câmara de Lisboa assuma a gestão da Carris e do Metropolitano de Lisboa e que as receitas provenientes do estacionamento venham, como já admitiu António Costa, a ser usadas para o seu financiamento.

“Os nossos recursos estão à disponibilidade da câmara, para ajudar a financiar” essas empresas, diz António Júlio de Almeida, reconhecendo que, se tal vier a acontecer, então será necessário a Emel contrair empréstimos bancários mais avultados para suportar os investimentos previstos. Uma possibilidade que não preocupa o economista, que garante que a empresa tem “uma capacidade muito grande de encaixe”.

Há cerca de três meses, a decisão do presidente da Câmara de Lisboa de reconduzir António Júlio de Almeida como presidente da EMEL provocou uma cisão na maioria que governa o município: os dois vereadores do Cidadãos por Lisboa votaram contra por fazerem uma avaliação negativa do seu trabalho. Antes, também o ex-vereador da Mobilidade, Fernando Nunes da Silva, que pertence ao mesmo movimento, criticara o economista, acusando-o de, com a sua “resistência à mudança”, ter levado ao “sucessivo protelamento da concretização” de uma série de projectos.

António Júlio de Almeida refuta essas críticas e, sem querer entrar em pormenores, garante estar em “total sintonia” com António Costa, que depois das últimas eleições autárquicas assumiu a tutela da empresa de estacionamento. “Somos uma empresa internacionalizada, que produz resultados, organizada e diversificada em termos de actividade”, resume o economista, lembrando que, em 2009, quando assumiu o cargo, a Emel estava “falida”.      

O presidente da empresa garante que continua empenhado na criação de uma rede de bicicletas eléctricas de uso partilhado, mas diz que o modelo cuja concretização chegou a ser anunciada pelo então vereador Nunes da Silva tinha problemas ao nível técnico e jurídico. Segundo António Júlio de Almeida, estava em causa um investimento municipal de 1,4 milhões de euros.

Até Setembro, mês em que se assinala a Semana Europeia da Mobilidade, António Júlio de Almeida espera ter novidades sobre esse tema e sobre um outro: a introdução de um novo sistema de gestão de cargas e descargas. Em ambos os casos, a solução a desenvolver deverá passar pelo lançamento de concursos públicos. Já para pagar o estacionamento através do telemóvel será preciso esperar muito menos tempo, dado que essa possibilidade passará a estar disponível a partir do dia 13 de Junho.  

Estacionamento em segunda fila "tem vindo a diminuir"
Pouco mais de um ano depois de ter anunciado que iria reforçar o combate ao estacionamento em segunda fila num conjunto de 20 artérias do centro da cidade, a Emel considera que este fenómeno “tem vindo a diminuir, como resultado da insistência da fiscalização, tanto através dos apeados como, essencialmente, pela frequente passagem dos reboques”.  

Esta foi a avaliação transmitida ao PÚBLICO pela empresa, juntamente com um gráfico no qual se mostra o número de contra-ordenações, de desbloqueamentos e de remoções de veículos em segunda fila ocorridos em cada mês, entre Janeiro de 2012 e Abril deste ano. Nele é visível que foi no primeiro desses meses que houve mais contra-ordenações aplicadas (294) e mais carros bloqueados (91). Já o mês com mais remoções (18) foi Fevereiro de 2013, que foi aquele em que a Emel anunciou que iria reforçar a fiscalização.

Durante o ano de 2012, o número de contra-ordenações ultrapassou, na maioria dos meses, as duas centenas, enquanto no ano seguinte isso só ocorreu em Fevereiro. Comparando 2013 com 2014, verifica-se que o número de desbloqueamentos tem vindo a cair significativamente e que também as remoções vêm decaindo desde meados do ano passado. É com base nestes dados, e também nos relatos que lhe são transmitidos pelos funcionários que trabalham no terreno, que a Emel conclui que “o número de infracções tem vindo a diminuir”.

“Enquanto cidadão que anda pela cidade, acho que a situação está melhor nalgumas artérias. Nas ruas em que centrámos a nossa acção, claramente”, avalia o presidente do conselho de administração da empresa. Ainda assim, António Júlio de Almeida reconhece que “acabar com a segunda fila é impossível”, e lembra que “a atitude dos condutores” é fulcral.

Em breve, a empresa da Câmara de Lisboa deverá lançar uma nova página na Internet, que o seu presidente pretende que seja “mais interactiva” e que disponibilize mais informações. Também prevista está a criação de “um clube Emel”, que, segundo António Júlio de Almeida, permitirá que quem se lhe associar ganhe “benefícios” em troca de pontos acumulados com serviços prestados pela empresa, incluindo estacionamento e aluguer de bicicletas em alguns dos seus parques de estacionamento.