Um palito na engrenagem policial
O caso de Manuel Baltazar põe a nu falhas policiais e o lado mais duvidoso da “simpatia” popular.
Agora a contas com a justiça, que decidirá a sua sorte, o homem que a 17 de Abril, em Valongo dos Azeites (distrito de Viseu), disparou sobre quatro mulheres, matando duas delas (a ex-sogra e a tia) e ferindo outras duas (a ex-mulher e a filha de ambos), pôs a ridículo, por duas vezes, a força policial de que Portugal dispõe. No dia dos disparos, PJ e GNR demoraram a entrar na casa onde o crime se deu com receio de que ele estivesse armado e pudesse ferir mais alguém; quando finalmente entraram, perceberam que ele já lá não estava e começaram a sacramental “caça ao homem”. Pois a “caça” durou 34 dias e com vitória total do “caçado”: foi ele quem voltou ao local do crime, dizem que com intenção de ser apanhado, e só aí os “caçadores” cantaram uma vitória que não foi sua. Ridículo supremo: o foragido terá ido a casa mais do que uma vez, até para tomar banho, o que é testemunhado por um habitante seu amigo. Apanhado, enfim, ressurgiu o aparato policial, GNR a cavalo, polícias a pé, juízes a postos. Trinta e quatro dias depois, suprema vergonha.
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Agora a contas com a justiça, que decidirá a sua sorte, o homem que a 17 de Abril, em Valongo dos Azeites (distrito de Viseu), disparou sobre quatro mulheres, matando duas delas (a ex-sogra e a tia) e ferindo outras duas (a ex-mulher e a filha de ambos), pôs a ridículo, por duas vezes, a força policial de que Portugal dispõe. No dia dos disparos, PJ e GNR demoraram a entrar na casa onde o crime se deu com receio de que ele estivesse armado e pudesse ferir mais alguém; quando finalmente entraram, perceberam que ele já lá não estava e começaram a sacramental “caça ao homem”. Pois a “caça” durou 34 dias e com vitória total do “caçado”: foi ele quem voltou ao local do crime, dizem que com intenção de ser apanhado, e só aí os “caçadores” cantaram uma vitória que não foi sua. Ridículo supremo: o foragido terá ido a casa mais do que uma vez, até para tomar banho, o que é testemunhado por um habitante seu amigo. Apanhado, enfim, ressurgiu o aparato policial, GNR a cavalo, polícias a pé, juízes a postos. Trinta e quatro dias depois, suprema vergonha.
Vergonha menor não será aquela que muitos no país sentiram ao ver como o ex-foragido Manuel Baltazar, na localidade conhecido por Manuel “Palito”, foi aclamado, com palmas e assobios, à chegada ao tribunal. Depois de terem sido postas a circular várias histórias pretensamente assustadoras (como a de que ele teria uma lista de alvos a abater, obviamente seus conterrâneos), foi ali recebido como se de um herói se tratasse. Quem aplaudiram, realmente, à chegada ao tribunal? O vizinho que conseguiu iludir a polícia durante mais de um mês? O agricultor sexagenário cansado de uma fuga sem objectivos? O homem que matou duas mulheres a tiro de caçadeira? O marido que perseguia a ex-mulher, à vista de todos, durante anos, ameaçando matá-la? O pai que disparou contra a própria filha? Que moral terá quem aplaude “heróis” assim, sem o mínimo pudor?