Holding do Grupo Espírito Santo escondeu 1200 milhões de euros em dívida
A ESI, que controla a área financeira e não financeira do Grupo Espírito Santo, está em falência técnica.
Segundo o Expresso, a ESI não registou 1200 milhões de euros de dívidas nas contas de 2012 e “é essa a natureza e o valor das ‘irregularidades materialmente relevantes’ detectadas na auditoria às contas da holding controlada pela família Espírito Santo”.
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Segundo o Expresso, a ESI não registou 1200 milhões de euros de dívidas nas contas de 2012 e “é essa a natureza e o valor das ‘irregularidades materialmente relevantes’ detectadas na auditoria às contas da holding controlada pela família Espírito Santo”.
Esta semana, no prospecto do aumento de capital que tem em curso, o BES admitiu que a auditoria pedida pelo Banco de Portugal à ESI havia detectado "irregularidades" nas contas e que uma outra auditoria, conduzida pela ESFG, tinha comprovado a existência de “irregularidades materialmente relevantes", capazes de pôr em causa a reputação e a queda das cotações do banco.
Essas irregularidades deixavam a holding numa “situação financeira grave”, assumiu o banco liderado por Ricardo Salgado. Uma “situação de falência técnica”, segundo o Expresso, que cita o relatório de 7 de Abril da comissão de auditoria da ESFG, dona do BES.
Este relatório, assim como o de outra auditoria paralela realizada pela KPMG (encomendada pelo Banco de Portugal), foram entregues à CMVM e ao supervisor financeiro, e a existência de irregularidades tornou-se pública no prospecto do aumento de capital que o banco divulgou no início da semana, embora não se soubesse nem a sua natureza, nem o montante.
Na sequência das conclusões da auditoria, a ESI, a holding que controla a área financeira (BES) e não financeira (Rioforte) do Grupo Espírito Santo (GES), foi obrigada a reescrever as suas contas e, em consequência, viu o passivo agravar-se, passando a capitais próprios negativos de 2500 milhões de euros.
Parte da dívida que ficou por registar nas contas de 2012 foi contraída por empresas do grupo em situação económica difícil. O problema seria maior se a dívida da ESI colocada no ano passado como papel comercial juntos dos clientes do BES estivesse por saldar, mas “dos 2000 milhões que chegaram a estar colocados junto de clientes, apenas 300 milhões estão hoje por devolver aos particulares, o que acontecerá nos próximos meses”, escreve o Expresso.
“Houve uma negligência grave. Dolo acho que não”, afirmou Ricardo Salgado, numa entrevista publicada na quinta-feira no Jornal de Negócios a propósito do tema.
No prospecto da oferta, um dos motivos pelos quais o BES admitia que a sua reputação pudesse vir a ser posta em causa prendia-se com o facto de alguns antigos administradores da ESI serem também administradores do banco.
Na entrevista ao Negócios, Ricardo Salgado afirmou nada saber sobre a situação, garantindo ter sido apanhado desprevenido. A responsabilidade, explicou o banqueiro, foi admitida pelo responsável das contas da ESI, no Luxemburgo, Francisco Machado da Cruz, que entretanto pediu a demissão.