A primeira final de Lisboa foi ganha pelo Wolfsburgo de forma épica
Real e Atlético jogam sábado na Luz, mas já há um campeão europeu na capital: o clube alemão voltou a vencer a Liga dos Campeões feminina, superando a rainha Marta e desvantagens de 0-2 e 2-3 no Restelo
Ao contrário da final da edição anterior, o agora bicampeão era considerado ligeiramente favorito, mas o jogo foi tudo menos um passeio para as jogadoras do clube alemão, que tiveram de marcar quatro vezes na 2.ª parte para levantarem o troféu, depois de chegarem ao intervalo a perder por 0-2 e também terem estado em desvantagem por 2-3.
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Ao contrário da final da edição anterior, o agora bicampeão era considerado ligeiramente favorito, mas o jogo foi tudo menos um passeio para as jogadoras do clube alemão, que tiveram de marcar quatro vezes na 2.ª parte para levantarem o troféu, depois de chegarem ao intervalo a perder por 0-2 e também terem estado em desvantagem por 2-3.
A reviravolta, nesta fase, foi inédita. Nunca tinha havido sete golos num jogo do título – marcaram-se mais no estádio do Belenenses do que nas quatro decisões anteriores juntas – e foi a primeira vez que um clube recuperou de uma desvantagem de dois golos numa final da Liga dos Campeões feminina.
Outro obstáculo ultrapassado pelas campeãs germânicas? Marta. A brasileira marcou dois golos fantásticos, com o seu pé menos hábil, o direito, e esses dois momentos foram suficientes para aqueles que não a conhecem perceberem a razão de ter sido eleita cinco vezes a melhor futebolista mundial do ano (entre 2006 e 2010) e ter terminado outras cinco no pódio.
O que esta final também vincou foi o domínio das equipas da Alemanha na principal prova da UEFA para equipas femininas. Oito das 13 edições foram conquistadas por clubes da Bundesliga, que tiveram um representante na final pela sétima temporada consecutiva. Além do Wolfsburgo, também o FFC Frankfurt (3), o Turbine Potsdam (2) e o Duisburgo (1) já foram reis da Europa. A nível de selecções, o país também domina o continente, com oito vitórias nas últimas nove edições do Campeonato da Europa.
Por sua vez, o Tyresö, que tal como o adversário chegou invicto ao Restelo, tentava conquistar o seu primeiro título. Em ano de estreia, esteve perto de lá chegar, o que seria incrível para um clube que tem o futuro incerto e corre até o risco de acabar. Provavelmente vítima da sua própria ambição, pois recheou-se de estrelas, enfrenta graves problemas financeiros e está actualmente sob administração judicial. Nos próximos dias, várias das suas jogadoras, incluindo Marta, vão abandonar o clube, que viu ser-lhe negada a licença para participar na próxima edição da I Divisão do seu país, uma decisão de que ainda pode recorrer.
Os 11.217 espectadores presentes no Restelo esperaram 28 minutos para assistir ao primeiro golo. Marta driblou as centrais Fischer e Henning antes de atirar a contar. Dois minutos depois, a norte-americana Press trabalhou bem na esquerda antes de servir a espanhola Veronica Boquete para o segundo do Tyresö, que parecia ter a final bem encaminhada.
Contudo, o Wolfsburgo reagiu à campeão no início da segunda metade. Criou quatro grandes oportunidades seguidas e usou duas delas para empatar: Alexandra Popp reduziu de cabeça (49’) e a veterana Martina Müller, isolada, equilibrou o marcador (53’).
Mas Marta, que já tinha perdido duas das três finais da Champions em que participou, voltou a fazer das suas e recolocou o Tyresö na frente (56’), com um remate em arco, depois de uma simulação que enganou as adversárias. O Wolfsburgo, com várias internacionais alemãs no plantel, não desistiu e voltou a igualar por intermédio de Verena Faisst (67’).
O golo decisivo chegou a dez minutos do fim e foi construído com uma grande jogada da capitã Nadine Kessler e finalizada novamente por Müller, que assim chegou ao seu 10.º golo na prova (em oito jogos) e também roubou o título de melhor marcadora à adversária Press (9).