Associação de Professores de Matemática diz que prova do 4.º ano é difícil, sociedade científica considera-a adequada
A associação de professores volta a chocar com a sociedade científica, na avaliação dos exames. A primeira critica o facto de a prova do 4.º ano apresentar "um significativo número de questões cuja resolução exige vários cálculos e raciocínio não directos”, a segunda diz que o grau de dificuldade é "adequado".
Numa primeira reacção, transmitida em comunicado, a APM justifica o seu parecer, defendendo que, estando “globalmente de acordo com o programa em vigor”, o exame “apresenta um significativo número de questões cuja resolução exige vários cálculos e raciocínio não directos”. Sublinha ainda “negativamente” o “excessivo peso dado ao cálculo, nomeadamente em itens de medida”, e critica a existência de questões “cujos enunciados apresentam um grau de dificuldade interpretativo pouco adequado a alunos” da faixa etária em causa, 9 e 10 anos, em geral.
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Numa primeira reacção, transmitida em comunicado, a APM justifica o seu parecer, defendendo que, estando “globalmente de acordo com o programa em vigor”, o exame “apresenta um significativo número de questões cuja resolução exige vários cálculos e raciocínio não directos”. Sublinha ainda “negativamente” o “excessivo peso dado ao cálculo, nomeadamente em itens de medida”, e critica a existência de questões “cujos enunciados apresentam um grau de dificuldade interpretativo pouco adequado a alunos” da faixa etária em causa, 9 e 10 anos, em geral.
A SPM (de que o ministro da Educação, Nuno Crato, é ex-presidente) tem uma posição diferente, expressa num comunicado em que declara que “globalmente esta prova está bem estruturada, tem um nível de dificuldade adequado e cumpre os objectivos a que se propõe”. Defende mesmo que que uma preparação sólida para o ingresso no 2.º ciclo deverá corresponder a uma classificação de nível 4 ou superior numa prova com as características” da que se realizou esta quarta-feira. Isto, apesar de em 2013 “cerca de um terço dos alunos” ter obtido uma classificação inferior a 50% (a média nacional foi de 57%), o que considera “preocupante, devido ao carácter estruturante” do 1.º ciclo.
A SPM especifica que considera que prova nacional “apresenta equilíbrio entre questões de resposta imediata e outras que implicam raciocínios de um e mais passos” e elogia o facto de ela não incluir “questões demasiado triviais” e conter “problemas com nível de complexidade mais elevado”, o que na sua perspectiva “permite valorizar o trabalho dos melhores alunos”. Aprecia ainda, que ela avalie "de forma adequada os procedimentos de cálculo aritmético” e dê "a devida importância à compreensão de conceitos, exigindo que o aluno justifique como atingiu a sua resposta em mais de um terço das questões”.
Discordância mantém-se em relação ao 6.º ano
A discordância, em geral, mantém-se em relação às provas do 6.º ano. A SPM considera a prova “equilibrada e bem estruturada, cobrindo de forma adequada o programa, com conteúdos diversificados e estimulantes" e "evitando contextualizações artificiais e enunciados demasiado extensos ou confusos”.
“Cerca de 60% da prova consiste em questões acessíveis a qualquer aluno em condições de transitar para o 3º ciclo”, avalia”, acrescentando que “tem também algumas questões de maior complexidade, como a 15 e a 24, o que permite valorizar o trabalho dos melhores alunos”. O único reparo refere-se à excessiva a insistência no elevado número de dígitos envolvido nos cálculos intermédios, no 1.º caderno, pelo “ risco de se estar a introduzir dificuldades desnecessárias e marginais ao que se pretende avaliar”. “Por exemplo, as dimensões do rectângulo na questão 4 poderiam ser números inteiros, com benefício para a transparência do raciocínio envolvido na sua resolução”, aponta a sociedade científica.
“ Atendendo a que a prova de hoje tem um nível de exigência análogo à de 2013, esperamos que os seus resultados venham a revelar uma evolução positiva, pois só assim será possível melhorar o desempenho dos alunos no 3.º ciclo”, conclui a SPM, que recorda que há um ano cerca de 1/4 dos alunos que realizou esta prova (29.000 em 110.000) teve um resultado inferior a 30% e cerca de 1/2 dos alunos (54.000 em 110.000) teve um resultado inferior a 50%.
A crítica da APM, contudo, volta a ser negativa. Em relação à prova final do 2.º ciclo, a associação detectou um “significativo número de questões cuja resolução exige vários cálculos e raciocínios, até em questões de escolha múltipla, o que”, repara, “não permite, nestes casos, identificar as dificuldades e os erros eventualmente cometidos”.
Sublinha ainda negativamente o “excessivo peso dado ao cálculo” (cerca de três quartos da prova, refere) “mesmo em itens de geometria e organização e tratamento de dados”. Tal como a SPM, no entanto, considera “desadequadas as quantidades numéricas em certos itens que, ainda que trabalhados com calculadora, desviam o aluno do essencial e introduzem dificuldades e dúvidas desnecessárias”.