BE promete fazer alianças que forem necessárias para derrotar austeridade
Candidata pede uma cruz “na estrelinha com cabeça” do BE.
O BE já provou ser capaz de fazer as “propostas”, “pontes” e “alianças” que forem necessárias para derrotar a política de austeridade. Esta foi a garantia, em jeito de promessa, deixada esta quarta-feira por Marisa Matias num comício na Caparica, que reuniu cerca de 300 apoiantes.
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O BE já provou ser capaz de fazer as “propostas”, “pontes” e “alianças” que forem necessárias para derrotar a política de austeridade. Esta foi a garantia, em jeito de promessa, deixada esta quarta-feira por Marisa Matias num comício na Caparica, que reuniu cerca de 300 apoiantes.
Com sala cheia, que se levantou para cantar a Grândola Vila Morena de Zeca Afonso, antes do início dos discursos da noite, a eurodeputada prometeu celebração no dia das eleições porque a direita “vai perder e vai perder por muito”. Apelando directamente ao voto, Marisa Matias disse que “as esquerdas que vão votar encontram no BE a melhor resposta e sabem disso”.
Explicou porquê, logo de seguida: “Nós não temos dúvidas em relação à austeridade e nós já provámos, esta lista [ao Parlamento Europeu] é a prova disso, que sabemos fazer pontes, alianças e propostas" que forem necessárias para "combater a austeridade”. Sem referir o destinatário da mensagem, Marisa Matias optou por referir o trabalho que o BE tem feito, em articulação com outros partidos de esquerda, no Parlamento Europeu.
Elegendo a abstenção e os votos nulos como inimigos, Marisa Matias disse que “o melhor voto à esquerda no domingo é o voto na estrelinha com cabeça” porque ainda “há muita gente que pensa que não votando está a votar contra o Governo”. Se fosse pelos números da abstenção e nulos, acrescentou a cabeça de lista, Portugal já era uma “espécie de Suécia com sol”.
O fundador e dirigente do BE Fernando Rosas também se referiu à abstenção como o principal risco destas eleições, causada pela “emigração, desinteresse e descrença no sistema político, e a ideia da inevitabilidade, que tudo está decidido pelas altas instâncias”. Com elogios a “esta valente gente da margem esquerda do Tejo”, o também historiador deixou críticas ao “populismo” de quem anda por aí a dizer que os políticos são todos iguais. “Não há democracia sem partidos e sem Parlamento”, concretizou, e “o contrário são posições protofascistas”.
Depois deixou várias perguntas sobre quem foram os partidos dos cortes nos salários e pensões, da corrupção, da promiscuidade, dos despedimentos. Na sala gritou-se várias vezes “ladrões”, mas também “PSD e PS”.
Mas Rosas respondeu de seguida, para atacar a “austeridade light” dos socialistas: “Foi o PS que se ajoelhou perante a troika e os partidos da direita que aprofundaram esta política e que devem responder perante o povo nestas eleições”.
Falando implicitamente de um futuro governo de bloco central, após legislativas de 2015, Rosas disse que o “doutor Seguro” já revelou publicamente disponibilidade para fazer alianças com a direita. Sobre a Europa, acusou uma “traição à social-democracia europeia” que abriu à porta ao “neoliberalismo" e que tem de ter uma resposta dos eleitores portugueses neste domingo. Caso contrário, “o euro não vai subsistir, a União Europeia também não”.
“O que é irónico é que o futuro da Europa está na esquerda e não na direita”, concluiu.
O líder do BE, João Semedo, também subiu ao palco para afirmar confiança nos resultados das eleições e pedir votos contra o “vírus da austeridade”: “No domingo nós teremos uma vitória política, nós vamos eleger a Marisa Matias”.
Com aplausos da sala, o líder fez um apelo directo à ida às urnas, ao dizer que ”os que querem derrotar a austeridade não podem ficar em casa. A abstenção não joga à esquerda, mas à direita”. Com críticas de que entre Francisco Assis e Paulo Rangel “não há qualquer diferença”, Semedo defendeu que “os dois estão infectados pelo vírus da austeridade”.
“A direita já sabe que perdeu as eleições, a dupla Rangel e Melo [andam] a fugir das pessoas. Mais parece um funeral do que uma campanha eleitoral. Duas almas penadas, dois gatos-pingados, até não lhes faltou ontem a extrema-unção do professor Marcelo [Rebelo de Sousa]”, concluiu.