Vaga de atentados atribuídos aos islamistas mata pelo menos 148 pessoas na Nigéria
Ataques em Chibok, um dia depois da dupla explosão em Jos, num mercado municipal repleto de gente.
A vaga de violência expôs a fragilidade da segurança no país que é também a maior economia do continente. E é mais um gesto de desafio dos islamistas num momento em que está a ser criada uma força multinacional — que integra tropas da Nigéria, dos Camarões, do Chade e do Níger — contra o Boko Haram. Especialistas americanos e franceses estão também no terreno com a missão prioritária de localizar as 223 raparigas que a milícia raptou em Abril no Nordeste do país.
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A vaga de violência expôs a fragilidade da segurança no país que é também a maior economia do continente. E é mais um gesto de desafio dos islamistas num momento em que está a ser criada uma força multinacional — que integra tropas da Nigéria, dos Camarões, do Chade e do Níger — contra o Boko Haram. Especialistas americanos e franceses estão também no terreno com a missão prioritária de localizar as 223 raparigas que a milícia raptou em Abril no Nordeste do país.
Os analistas disseram que, pela forma como foram feitos e pelos meios usados, os atentados de Jos parecem ter a assinatura do jihadismo internacional. O ataque foi planeado para matar um grande número de pessoas — 118 mortos e 56 feridos muito graves. A primeira bomba, deixada num camião, rebentou a meio da manhã junto ao mercado central de Jos, cheio de compradores e vendedores. Os bombeiros começavam a combater as chamas e os socorristas ainda chegavam ao local quando o segundo carro armadilhado (um minibus) explodiu, matando mais gente, inclusive os que tentavam resgatar sobreviventes.
“A maior parte das vítimas são mulheres”, disse o porta-voz do governador do estado de Plateau, Pam Ayuba. Ontem, ainda se procuravam possíveis sobreviventes, mas trabalhava-se com a ideia de que, debaixo dos escombros, havia sim mais cadáveres.
Plateau é um estado na fronteira entre o Sul cristão e o Norte maioritariamente muçulmano (onde o Boko Haram pretende criar um Estado regido pela lei islâmica, a sharia). A violência, ali, é uma constante — há dois anos, dezenas de pessoas morreram numa sequência de ataques a igrejas.
Mas o Boko Haram (significa “a educação ocidental é proibida”) não poupa a maioria muçulmana do Norte, atacando e destruindo com frequência escolas por serem frequentadas por raparigas. Nos últimos dois meses, alargou o seu campo de acção a Abuja, a capital, onde têm ocorrido atentados com carros armadilhados.
Após a vaga de indignação internacional devido ao rapto das raparigas, o Presidente Goodluck Jonathan prolongou o estado de emergência nos estados do Norte Yobe, Adamawa e Borno. Ontem, Jonathan — acusado de ter ficado anos parado perante o avanço do terrorismo islamista — disse que o ataque de Jos foi “um acto cruel e maléfico”. Através de um comunicado, garantiu estar a combater o terrorismo — além da parceria com os países vizinhos, assinou um protocolo com os Estados Unidos que vão partilhar com a Nigéria dados recolhidos por aviões e drones americanos que vão sobrevoar o Nordeste da Nigéria.
Mas o Presidente — que para o ano enfrenta a reeleição — não tranquilizou os nigerianos. Pouco depois do comunicado de Jonathan, foi divulgada a notícia de mais um duplo ataque em Chibok, a zona de onde foram raptadas as raparigas e onde, segundo anunciara Jonathan, deveria haver um reforço de tropas. Trinta pessoas morreram, dez num ataque à povoação de Shawa na segunda-feira, e 20 em Alagarno. Um habitante de Alagarno disse à AFP que, após os ataques, não houve qualquer reacção por parte das tropas nigerianas.