João Ferreira aconselha calma às “almas inquietas” do PS
Candidato da CDU justifica programa paralelo do líder do PCP, Jerónimo de Sousa, com a necessidade de a mobilização “estar em todo o lado”.
À porta da Lisnave, na Mitrena, em Setúbal, onde foi contactar com os trabalhadores na mudança de turno, João Ferreira comentava desta maneira as declarações do concorrente Francisco Assis, que afirmou ser “inadmissível este sectarismo maximalista que tem caracterizado as forças” à esquerda do PS “e que os leva a dedicarem muito mais energia a atacar o PS do que a atacar este nefasto Governo de direita”.
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À porta da Lisnave, na Mitrena, em Setúbal, onde foi contactar com os trabalhadores na mudança de turno, João Ferreira comentava desta maneira as declarações do concorrente Francisco Assis, que afirmou ser “inadmissível este sectarismo maximalista que tem caracterizado as forças” à esquerda do PS “e que os leva a dedicarem muito mais energia a atacar o PS do que a atacar este nefasto Governo de direita”.
“Há por aí algumas almas inquietas com este crescimento [da mobilização da CDU], mas terão que se acalmar porque ele resulta sobretudo de um reconhecimento da CDU como a força que tem sido e é diferente pelas propostas, percurso e coerência, diferente de alguns que têm sido todos iguais”, afirmou o candidato da coligação à esquerda.
Recusando estar a fazer um ataque cerrado ao PS, João Ferreira defendeu que a CDU está preocupada “com a política que está a infernizar a vida dos portugueses". E afirmou: "Que o PS está comprometido com este caminho tal como estão os partidos do Governo é uma evidência. Se isso causa problemas ao PS… bom, terá que mudar de opções”.
Mais do que ter o objectivo de apelar ao voto dos socialistas desiludidos com o PS, o eurodeputado diz que a CDU se dirige “a todos os portugueses, independentemente de todas as opções eleitorais que fizeram no passado. Há hoje muitos portugueses que sentiram que o seu voto foi traído.”
João Ferreira deixa antever que o seu alvo é também o eleitorado do Bloco de Esquerda ao acrescentar: “Não falo apenas dos portugueses que deram o seu voto aos partidos que estão no Governo actualmente. Mesmo no passado houve um sentimento de que o voto dado a alguns partidos não correspondeu à expectativas que as pessoas que tinham relativamente a uma mudança que desejavam.”
“Não concentramos campanha num único sitio pela simples razão de que o nossos objectivo é chegar a mais gente e a mais sítios”, justificou, numa alusão aos programas paralelos do cabeça de lista e do secretário-geral do PCP, acrescentando ser essa multiplicação de contactos que permitirá à coligação obter o que esperam “ser um grande resultado”.
Já na segunda-feira à noite João Ferreira avançou pela primeira vez com um objectivo concreto: eleger três eurodeputados – actualmente são dois – e talvez chegar ao quarto elemento. “O terceiro deputado é uma possibilidade real, que está à beira de se poder concretizar, mas não há razões para limitar os horizontes a esse objectivo. Teremos tanta força quanta a que os portugueses nos queiram dar nestas eleições”, afirmou ainda.
Ao fim da tarde, o mau tempo obrigou os comunistas e ecologistas a mudar os planos da arruada que tinham planeado no centro de Almada. Mas nem a chuva que caía copiosamente afastou os militantes. Aconchegaram-se, apertados, bem mais de uma centena, sob a pala da entrada da Sociedade Incrível Almadense, de bandeiras em punho e garganta solta.
Nada de novidades no discurso de João Ferreira, apenas um nítido reforço no apelo à mobilização para o voto, “colega a colega, vizinho a vizinho, familiar a familiar, amigo a amigo, camarada a camarada”. A ida às urnas no domingo tem mesmo que se fazer “nem que chovam picaretas”, remataria o deputado à Assembleia da República, Bruno Dias.