Oligarca ucraniano enfrenta separatistas com apelo a protestos contra "banditismo e pilhagens"

Depois de meses de espera, o multimilinário Rinat Akhmetov parece estar decidido a lutar contra as milícias pró-russas no Leste do país.

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Em resposta, o autoproclamado líder dos separatistas pró-russos, Denis Pushilin, anunciou que vai nacionalizar as empresas de Akhmetov, acusando “os oligarcas [da região] do Donbass” de se terem recusado a pagar impostos à entidade criada depois do referendo de 11 de Maio, e que não foi reconhecida por nenhum país – os líderes russos evitaram usar a expressão "reconhecimento" nas reacções aos resultados da consulta popular e têm frisado que não receberam qualquer pedido oficial para a integração da autoproclamada república na Rússia.

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Em resposta, o autoproclamado líder dos separatistas pró-russos, Denis Pushilin, anunciou que vai nacionalizar as empresas de Akhmetov, acusando “os oligarcas [da região] do Donbass” de se terem recusado a pagar impostos à entidade criada depois do referendo de 11 de Maio, e que não foi reconhecida por nenhum país – os líderes russos evitaram usar a expressão "reconhecimento" nas reacções aos resultados da consulta popular e têm frisado que não receberam qualquer pedido oficial para a integração da autoproclamada república na Rússia.

Num anúncio perante os jornalistas, Pushilin disse que o conselho supremo da República Popular de Donetsk (RPD) iniciou “o processo de nacionalizações de activos no país”, incluindo o império de Akhmetov nas regiões de Donetsk e Lugansk. O líder dos separatistas acusou ainda Rinat Akhmetov de ameaçar os seus trabalhadores com o despedimento se não participassem nas manifestações.

"Devido à relutância dos oligarcas regionais em pagar impostos à RPD, decidimos iniciar o processo de nacionalizações", lê-se na conta oficial no Twitter da República Popular de Donetsk.

Na mesma rede social, a RPD apela à união dos seus apoiantes, afirmando que “os oligarcas do Donbass declararam guerra” contra os separatistas, numa referência a Rinat Akhmetov.

Para além do apelo do oligarca ucraniano aos trabalhadores da gigante Metinvest, Rinat Akhmetov pediu também “a todos os automobilistas e a todos os patriotas da região que se juntem aos protestos”.

Num vídeo publicado nesta terça-feira no YouTube, e partilhado no Twitter pelo movimento Euromaidan (um dos protagonistas das manifestações que levaram à queda do Presidente Viktor Ianukovich), ouve-se um coro de buzinas nas ruas da cidade de Donetsk.

A importância da economia
O homem mais rico da Ucrânia enterrou definitivamente as suas indecisões em relação ao conflito no país, que ainda lhe valem o estatuto de persona non grata da Praça da Independência, em Kiev. Depois de anos ao lado do Presidente Viktor Ianukovich, como apoiante e financiador do seu Partido das Regiões, Rinat Akhmetov foi esperando para ver de que forma o clima de guerra civil influenciava os seus negócios, em particular a sua Metinvest, uma das cinco maiores fabricantes de aço do mundo.

Depois de na semana passada ter mobilizado vários milhares de trabalhadores para patrulharem, desarmados, as ruas da cidade de Mariupol, na companhia dos agentes da polícia fiel ao Governo interno de Kiev, o oligarca ucraniano dirigiu-se ao país na noite de segunda-feira, através da sua estação de televisão Ucrânia TV.

“Não permitirei que o Donbass seja destruído. Nasci aqui e vivo aqui. É por isso que apelo à união de todos na nossa luta: por um Donbass sem armas! Por um Donbass sem máscaras! Por um Donbass com um céu pacífico”, declarou Rinat Akhmetov.

Sem paz nas ruas das várias cidades ocupadas pelos separatistas pró-russos desde o início de Abril, é muito mais difícil garantir o futuro das suas empresas e, em consequência, a manutenção de centenas de milhares de postos de trabalho.

Já na semana passada, quando os trabalhadores da Metinvest conseguiram desalojar os separatistas pró-russos de Mariupol, o director-geral de uma das empresas de Akhmetov, Iuri Zinchenko, disse à agência Reuters que “ninguém quer que a região de Donetsk se transforme numa espécie de zona cinzenta, sem reconhecimento internacional”, numa alusão ao facto de o império do aço do oligarca ucraniano depender das exportações.

Na mais recente comunicação ao país, Rinat Akhmetov (também presidente de um dos mais populares e bem sucedidos clubes de futebol da Ucrânia, o Shaktar Donetsk) lembrou a importância da paz para a economia da região Leste.

“As cidades são palco de banditismo e de pilhagens. Há pessoas a andar por aí com armas e lança-granadas. Isto representa uma vida pacífica? Uma economia forte? Bons empregos e salários? Não!”, afirmou o multimilionário.

Luta dos separatistas é “contra a região”
A causa directa da comunicação de Akhmetov foi a ameaça por parte de milícias separatistas pró-russas contra “pessoas pacíficas”, que tentaram manifestar-se “numa acção pacífica” em Mariupol, na segunda-feira.

“Contactei imediatamente os responsáveis das nossas fábricas e pedi-lhes que suspendessem a participação no protesto pacífico. Porque a vida humana é o maior valor, e eu nunca permitirei o derramamento de sangue. Pedi que suspendessem a manifestação; que suspendessem, e não que parassem. Porque se pararmos, o derramamento de sangue vai continuar no Donbass”, disse Akhmetov.

Em seguida, lançou um ataque directo aos líderes dos separatistas pró-russos no Leste da Ucrânia: “Não nos deixaremos amedrontar. Não teremos medo de ninguém, incluindo da auto-proclamada República Popular de Donetsk. Digam-me, por favor, se alguém da região do Donbass conhece sequer um representante desta República Popular de Donetsk. O que é que eles fizeram pela nossa região, que postos de trabalho criaram? Andar pelas cidades do Donbass com armas nas mãos defende os direitos dos habitantes de Donetsk frente ao Governo central? A pilhagem nas cidades e o sequestro de cidadãos pacíficos é uma luta pela felicidade da nossa região? Não, não é! É uma luta contra os cidadãos da nossa região. É uma luta contra o Donbass. É o genocídio do Donbass!”, acusou o oligarca ucraniano.

Rinat Akhmetov quer as pessoas nas ruas e as sirenes das fábricas a tocar até que a paz regresse à região, num apelo feito a apenas cinco dias das eleições presidenciais na Ucrânia, que serão o grande teste à transição política no país.