Estará a maré a virar contra Farage?
Declarações racistas contra romenos provocaram polémica.
A maioria das sondagens continua a prever um espantoso primeiro lugar para o partido anti-União Europeia e anti-imigração: 30%, com 28% para os trabalhistas e 22% para os conservadores (uma excepção é a sondagem do Telegraph, que projecta o Labour com 29%, os tories com 26% e o UKIP com 25%).
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A maioria das sondagens continua a prever um espantoso primeiro lugar para o partido anti-União Europeia e anti-imigração: 30%, com 28% para os trabalhistas e 22% para os conservadores (uma excepção é a sondagem do Telegraph, que projecta o Labour com 29%, os tories com 26% e o UKIP com 25%).
Mas um episódio parece ter quebrado a barreira teflon do UKIP, que denuncia cada escândalo como parte da conspiração mediática contra si, mantendo assim a imagem de ser um partido à parte.
Na sexta-feira, mesmo na recta final da campanha, com menos de uma semana para a votação (que no Reino Unido se realiza na quinta-feira, dia 22), e os votos por correspondência já entregues, o líder do partido foi pressionado por um entrevistador sobre as suspeitas de despesas e sobre a sua posição em relação aos estrangeiros.
O entrevistador perguntou a Farage se mantinha a afirmação de que o incomodava ouvir outras línguas que não inglês em comboios britânicos, questionando-o sobre que língua falam a sua mulher, que é alemã, e os filhos. Farage disse que pensava que os três falariam inglês nos transportes públicos. E se um grupo de alemães se mudasse para a casa ao lado da sua, incomodava-se tanto como se fosse um grupo de romenos? “Acho que sabe bem a diferença”, respondeu Farage.
A polémica estourou e até o tablóide Sun fez um editorial contra o líder do UKIP: “Não é racista preocupar-se sobre o impacto de milhões de imigrantes na Grã-Bretanha, como temos vindo a argumentar há anos”, diz o jornal. “É racista dizer mal de romenos só por serem romenos.”
Tentando reagir ao que foi claramente um desastre (a entrevista acabou interrompida a dada altura por um assessor do partido), o UKIP publicou um anúncio de página inteira no Telegraph: uma carta de Farage (“Caro cidadão do Reino Unido”, começa) em que este se defendia contra “a previsível tempestade de protestos e acusações de racismo”. Porque “não é racista querer impedir gangues de crime organizado de destruir o nosso modo de vida – é senso comum!”. Mas o líder do UKIP veio entretanto dizer que estava já cansado quando fez o comentário e que o que queria dizer não lhe saiu da melhor maneira.
Até agora, mais britânicos têm visto o partido de Farage como uma formação com “tendência a atrair candidatos com pontos de vista racistas, radicais ou estranhos” (35%) do que claramente racista (27%), enquanto outros inquiridos diziam que os candidatos do partido “simplesmente dizem o que as pessoas comuns pensam realmente” (26%), segundo uma sondagem do YouGov.
Para alguns, como o editor de política do Mirror Nigel Nelson, o problema não é se o partido é racista – é se torna o racismo aceite. Para outros, as declarações de Farage são, como disse o líder liberal democrata Nick Clegg, a máscara a cair.