Julião Sarmento já pode reconhecer Alarmes, o seu tríptico que andou mal montado

A peça chegou à leiloeira mal montada, mas o erro já foi corrigido.

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O tríptico montado da maneira correcta DR

O conjunto de técnica mista sobre tela é composto por uma tela vertical castanha, com uma cabeça de cavalo, uma tela horizontal cinzenta que se coloca por cima de outra também horizontal, onde há um casal montado a cavalo com a frase “montados, vencemos o amor!…”. No catálogo da leiloeira Veritas, no lote 33, a tela vertical castanha aparecia montada do lado esquerdo das outras duas e não do lado direito como deveria, diz o seu autor.

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O conjunto de técnica mista sobre tela é composto por uma tela vertical castanha, com uma cabeça de cavalo, uma tela horizontal cinzenta que se coloca por cima de outra também horizontal, onde há um casal montado a cavalo com a frase “montados, vencemos o amor!…”. No catálogo da leiloeira Veritas, no lote 33, a tela vertical castanha aparecia montada do lado esquerdo das outras duas e não do lado direito como deveria, diz o seu autor.

“Não é o meu quadro que vai ser leiloado, são três partes de um quadro mal postas”, disse ao PÚBLICO, sublinhando que não podia reconhecer o tríptico desta forma. “É como pegar num romance e desordená-lo. Deixa de fazer sentido. De facto, fui eu que pintei aquelas 3 telas, mas não assim.”

Contactada pelo PÚBLICO, a leiloeira confirmou agora que o erro já foi corrigido, tanto na imagem de Alarmes que aparece no seu site, como na peça exposta, que vai ser leiloada juntamente com outras peças de arte moderna e contemporânea.

Quando tomou conhecimento da situação, ao folhear o catálogo, a 11 de Maio, Julião Sarmento contactou a leiloeira por e-mail, onde informava como Alarmes deveria ser montado. Nessa altura pedia apenas que o erro fosse corrigido no quadro exposto já que compreendia “que é tarde demais para que este erro seja emendado no catálogo”, lê-se no e-mail a que o PÚBLICO teve acesso.

Recebeu a resposta por e-mail dia 16 de Maio, onde se lê que a correcção fica registada para conhecimento dos “potenciais interessados”. “Na impossibilidade de contactarmos o vendedor, por se encontrar em viagem, não podemos tomar a liberdade de fazermos nós a alteração na obra”, escreve a leiloeira no e-mail a que o PÚBLICO teve acesso.

Julião Sarmento não sabe a quem pertence o quadro neste momento, mas diz ser “incompreensível” que se ponham os direitos de propriedade patrimonial à frente dos direitos de propriedade intelectual – os direitos morais do autor que concebe a obra, consagrados no Código dos Direitos de Autor e dos Direitos Conexos.

Esta lei define, no artigo 56º, os direitos morais do autor como “o direito de reivindicar a paternidade da obra e de assegurar a genuinidade e integridade desta, opondo-se à sua destruição, a toda e qualquer mutilação, deformação ou outra modificação da mesma e, de um modo geral, a todo e qualquer acto que a desvirtue”. Estes direitos pertencem ao autor, pelo mesmo código, até à sua morte e não podem ser transferidos para nenhuma outra pessoa.