À procura do primeiro hat-trick

Bert Patenaude, avançado norte-americano, marcou três golos num só jogo durante o Mundial de 1930, mas a FIFA levou 76 anos a reconhecer este feito.

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Se, actualmente, é a Europa o continente mais representado no torneio, não era o caso no Mundial de 1930, realizado no Uruguai. Dos 13 participantes, sete eram da América do Sul, quatro da Europa e dois da América do Norte. Não houve qualificações. Todos os membros da FIFA foram convidados a participar, mas a geografia ditou as suas leis e, dois meses antes do início do torneio, ainda não havia selecções europeias inscritas. A intervenção de Jules Rimet, presidente da FIFA, não deixou que isto acontecesse. Todas fizeram a travessia do Atlântico para chegar à América do Sul, três delas (Roménia, França e Bélgica) a bordo do paquete italiano SS Conte Verde (com paragens em Lisboa e na Madeira), que apanhou, pelo caminho, a selecção brasileira, antes de chegar a Montevideu.

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Se, actualmente, é a Europa o continente mais representado no torneio, não era o caso no Mundial de 1930, realizado no Uruguai. Dos 13 participantes, sete eram da América do Sul, quatro da Europa e dois da América do Norte. Não houve qualificações. Todos os membros da FIFA foram convidados a participar, mas a geografia ditou as suas leis e, dois meses antes do início do torneio, ainda não havia selecções europeias inscritas. A intervenção de Jules Rimet, presidente da FIFA, não deixou que isto acontecesse. Todas fizeram a travessia do Atlântico para chegar à América do Sul, três delas (Roménia, França e Bélgica) a bordo do paquete italiano SS Conte Verde (com paragens em Lisboa e na Madeira), que apanhou, pelo caminho, a selecção brasileira, antes de chegar a Montevideu.

A 13 de Julho, de 1930, um francês ganhou o seu lugar na história. Lucien Laurent, avançado do Sochaux, foi o primeiro marcador num Mundial, autor do primeiro golo do triunfo francês por 4-1 contra o México. Apesar desta demonstração goleadora, os franceses ficaram-se pela primeira fase. Os qualificados para as meias-finais seriam Argentina, Jugoslávia, Uruguai e EUA. O corpo estranho neste grupo eram os norte-americanos, apelidados pelos franceses de “lançadores de peso”, mas a mostrar uma incrível eficácia, 3-0 contra a Bélgica e 3-0 contra o Paraguai. O jogo contra os paraguaios teve um herói, Bert Patenaude, o homem de Fall River, mas não com a importância devida.

Segundo os registos da altura, Patenaude marcou dois golos dos três golos desse jogo, sendo que o terceiro (o segundo do jogo) foi tendo vários autores ao longo dos anos. Começou por ser dado como um autogolo de González, depois foi creditado a Tom Florie, o capitão de equipa. Entretanto, dois dias depois do EUA-Paraguai, o argentino Guillermo Stabile marcava três golos ao México e tornava-se, de acordo com os registos oficiais, o autor do primeiro hat-trick da história dos Mundiais de futebol. Mas algo não batia certo. A memória dos jogadores norte-americanos e do treinador dava Patenaude como autor dos três golos, uma versão corroborada pelas crónicas da imprensa. Mas a FIFA não mudou de ideias e manteve a sua versão.

Tudo mudou quando, em 2006, o organismo que gere o futebol mundial colocou uma mensagem no seu site oficial a reconhecer o feito de Patenaude, que tinha morrido em 1974 (no mesmo dia em que nascera em 1909, 4 de Novembro), convicto do que fizera. “Nem queria acreditar. E pensar que eles levaram tanto tempo a preceber”, disse à ESPN Bert Patenaude Jr., o filho do goleador esquecido pela FIFA. Depois de um jogo particular logo a seguir ao Mundial, Patenaude, que acumulava o futebol com biscates como pintor, não mais voltou a jogar, mas os seus quatro golos num único Mundial (e o hat-trick) continuam a ser o recorde a bater pelos jogadores norte-americanos.

Planisférico é uma rubrica semanal sobre histórias de futebol e campeonatos periféricos