Cartas à Directora

Veiga Simão e o apagar do passado

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Veiga Simão e o apagar do passado

É sempre ingrato criticar um homem que morreu. Mas o elogio das qualidades não pode branquear um passado mais sombrio.

Roberto Carneiro, no PÚBLICO, louva Veiga Simão (V.S.), último ministro da Educação da ditadura que, tendo mudado de casaca a 25 de Abril, foi, ainda em 74, nomeado embaixador na ONU, para defender a democracia que pouco antes atacara.

Diz o articulista que, em 70, “mercê de capacidades negociais notáveis, Veiga Simão consegue uma apresentação oficial de desculpas do lado estudantil (de Coimbra) e assim restabelecer a actividade universitária normal nas quatro universidades estatais existentes na altura.” E acrescenta: “Relato este episódio para sublinhar a (sua) arte diplomática, dialogal e negocial…”

Se normalizar é reprimir a tiro manifestações estudantis (9 de Maio de 70), fechar a Associação Académica de Coimbra, pôr polícia de choque a carregar dentro das faculdades e a PIDE a prender e a torturar dezenas de estudantes, sete dos quais foram julgados no Tribunal Plenário do Porto (em 71 e 72), violência nunca vista na crise de 69, então estamos conversados.

Também em Lisboa, a normalização de V.S. foi feita com “vigilantes” e “gorilas”.

Numa entrevista ao PÚBLICO em 2001, V.S. disse: “Nunca fui servo de ninguém. Aprendi a viver com o granito. Não dobro.”

Uma treta. Veiga Simão era um homem desmemoriado. Foi servo da ditadura e fartou-se de dobrar.

Jorge F. Seabra, Coimbra
 

Mas que enguiço este!...

Infelizmente, a maldição de Guttmann persiste passados 52 anos.

Eu, apesar de não ser adepto do SLB, tive o privilégio de assistir, via televisão a preto e branco, às duas gloriosas finais da Taça dos Campeões Europeus, contra os gigantes Real Madrid e Barcelona, pelo que, como adepto desportivo, lamento a perda de mais esta oportunidade de vencer.

Portanto, mais uma vez, ficamos sem saber da periodicidade orbital em se ganhar um troféu internacional nos céus da glória estelar, se de 52 em 52 anos, se de 76 em 76 anos, como o cometa Halley, ou se nunca mais. A ver vamos.

José Amaral, V. N. Gaia

O Estado e os tarefeiros

As notícias sobre os tarefeiros no Estado não podem deixar de preocupar os portugueses sobre o rumo que as coisas estão a tomar: ou seja, parece que a entidade que deveria dar os melhores exemplos a uma sociedade que pretende dignificar as pessoas, e que tanto fala das pessoas e das famílias, é – afinal – a que envereda pelos piores exemplos, só faltando mesmo compensar esses trabalhadores, a quem dá o estatuto de tarefeiros, através de dinheiro tirado do bolso, em notas, como se se tratasse de uma qualquer sociedade à margem da lei, com actividade duvidosa.

Uma sociedade civilizada não é isso; é uma coisa completamente diferente, por isso muitas pessoas têm a noção de que estamos a regredir.

Dinis Evangelista, Monte Abraão, Sintra