Assassínios, raptos e intimidações reinam no Leste da Ucrânia
Relatório da ONU enumera violações de direitos humanos, em grande parte da responsabilidade de grupos anti-Kiev.
O documento, que cobre todo o mês de Abril até 6 de Maio, fala de um “aumento inquietante de raptos e detenções ilegais de jornalistas [que são ameaçados em permanência], activistas, políticos locais, representantes de ONG e militares”. Alguns dos detidos acabam por ser libertados, mas “os cadáveres de outros foram despejados em rios, um problema particularmente notado na cidade de Slaviansk [bastião dos pró-russos] e seus arredores”.
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O documento, que cobre todo o mês de Abril até 6 de Maio, fala de um “aumento inquietante de raptos e detenções ilegais de jornalistas [que são ameaçados em permanência], activistas, políticos locais, representantes de ONG e militares”. Alguns dos detidos acabam por ser libertados, mas “os cadáveres de outros foram despejados em rios, um problema particularmente notado na cidade de Slaviansk [bastião dos pró-russos] e seus arredores”.
A equipa de 36 monitores do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos também esteve na Crimeia, a península que a Rússia anexou após um referendo não reconhecido pela ONU e realizado em Março, logo depois da mudança de poder em Kiev – quando a oposição tomou o poder, depois de meses de protestos e da fuga do Presidente, Viktor Ianukovich, que em Fevereiro se refugiou na Rússia.
Na Crimeia, escrevem os enviados no seu relatório, os tártaros são vítimas de “assédio” e “perseguições”, enfrentando entraves à sua liberdade de movimento e à prática religiosa: esta minoria da península tem origem turca e religião maioritariamente muçulmana. “Mais de 7200 pessoas originárias da Crimeia – tártaros, na sua maioria – tornaram-se deslocados internos noutras partes do país.” Para além das minorias religiosas, étnicas e sexuais, as principais vitimas das perseguições em curso na região são os jornalistas, doentes de sida.
O documento refere “desenvolvimentos alarmantes” depois do acordo entre Moscovo e as autoridades da península que estipula que os cidadãos da Ucrânia e as pessoas sem nacionalidade que residam de forma permanente na Crimeia devem ser reconhecidos como cidadãos da Federação Russa. Quem ainda não pediu cidadania russa também está a ser alvo de assédio e intimidação. Está previsto que quem não obtenha o direito de residência até Janeiro de 2015 seja deportado da península.
A Rússia reagiu ao relatório denunciando contradições e uma “falta total de objectividade”. Trata-se, diz Moscovo, de “uma encomenda política para branquear as autoproclamadas autoridades de Kiev”. O texto também descreve casos em que as tropas regulares ucranianas a operar no Leste “foram acusadas de matar pessoas e de responsabilidade em desaparecimentos forçados.” Os monitores estão a tentar verificar estas denúncias.
“Os que têm influência junto dos grupos armados por muita da violência no Leste da Ucrânia têm de fazer tudo o que puderem para controlar estes homens que parecem decididos a despedaçar o país”, pede a alta-comissária para os Direitos Humanos, Navi Pillay.