Comandante do ferry sul-coreano pode ser condenado a prisão perpétua
Lee Joon-seok e outros três membros da tripulação foram acusados de homicídio involuntário pelo Ministério Público. Os quatro fugiram do navio depois de terem ordenado aos passageiros que ficassem nos seus lugares.
A acusação considera que o comandante Lee Joon-seok, de 68 anos, fugiu do ferry Sewol depois de ter dado ordens aos passageiros para permanecerem nos seus lugares, avança nesta quinta-feira a agência sul-coreana Yonhap. O comportamento do comandante foi denunciado desde o primeiro momento por muitos dos sobreviventes.
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A acusação considera que o comandante Lee Joon-seok, de 68 anos, fugiu do ferry Sewol depois de ter dado ordens aos passageiros para permanecerem nos seus lugares, avança nesta quinta-feira a agência sul-coreana Yonhap. O comportamento do comandante foi denunciado desde o primeiro momento por muitos dos sobreviventes.
Para além do comandante, o Ministério Público pede também uma pena por homicídio involuntário para o engenheiro chefe e para os primeiro e segundo oficiais do ferry.
Os quatros responsáveis agora acusados formalmente foram dos primeiros a serem salvos pela Guarda Costeira da Coreia do Sul. Se forem considerados culpados, poderão ser condenados a prisão perpétua.
Para além destas acusações, outros 11 tripulantes do ferry foram acusados de negligência e de violação da legislação de resgate marítimo, por terem também deixado para trás os passageiros e muitos dos seus colegas.
As autoridades sul-coreanas já tinham detido o responsável da empresa Chonghaejin Marine Co., dona do ferry Sewol. Kim Han-sik foi acusado de permitir que o navio transportasse carga a mais — o ferry viajava com o triplo do peso permitido —, um factor que terá contribuído para o naufrágio. Foram também ilegalmente instaladas várias cabinas em 2012, o que poderá ter destabilizado o equilíbrio do navio.
Poucos dias depois do naufrágio, a Presidente do país, Park Geun-hye, acusou o comandante e outros tripulantes de se terem comportado como assassinos.
"O comportamento foi totalmente incompreensível, inaceitável e equivalente a assassínio", disse a Presidente após uma reunião com o Governo, no dia 21 de Abril. Park disse ainda que os culpados devem ser responsabilizados "civil e criminalmente" e garantiu que todos os envolvidos no desastre — proprietários, inspectores, comandante e restante tripulação — seriam alvos de uma investigação.
Uma semana depois, no final de Abril, Park Geun-hy assumiu responsabilidades políticas e pediu desculpas públicas pelo acidente.
"Peço desculpa pelo meu fracasso em evitar o acidente. Qualquer resposta que eu dê será sempre insuficiente", disse a chefe de Estado sul-coreana. "Peço desculpas ao povo sul-coreano por terem sido perdidas tantas vidas", afirmou.
Também no final do mês passado, a 27 de Abril, o primeiro-ministro da Coreia do Sul foi mais longe na assunção de responsabilidades políticas e apresentou a sua demissão.
Jung Hong-won assumiu a responsabilidade pela resposta inicial das autoridades ao naufrágio do ferry Sewol e pediu desculpa por ter sido "incapaz de evitar o acidente e de gerir os acontecimentos correctamente".
O ferry Sewol naufragou no dia 16 de Abril ao largo da costa Sudoeste da Coreia do Sul, numa viagem que deveria demorar mais de 13 horas, entre a cidade de Incheon, nas proximidades de Seul, e a ilha Jeju.
Dos 476 passageiros, apenas 172 sobreviveram — as equipas de socorro resgataram os corpos de 281 pessoas e 23 continuam desaparecidas.