Paulo Cafôfo não abandona a Câmara do Funchal nem desiste do projecto da Mudança

Autarca apelou ao “bom senso” da vice-presidente e do vereador para retomarem o exercício das suas competências no executivo ou renunciarem ao mandato.

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Paulo Cafôfo na tomada de posse

“As eleições de 29 de Setembro foram históricas, abriram um novo Abril na Madeira, e tenho bem noção das nossas responsabilidades e das expectativas que caem sobre nós”, afirmou Paulo Cafôfo no salão nobre da câmara, numa declaração lida aos jornalistas, sem direito a perguntas, na presença de membros e apoiantes da coligação liderada pelo PS.

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“As eleições de 29 de Setembro foram históricas, abriram um novo Abril na Madeira, e tenho bem noção das nossas responsabilidades e das expectativas que caem sobre nós”, afirmou Paulo Cafôfo no salão nobre da câmara, numa declaração lida aos jornalistas, sem direito a perguntas, na presença de membros e apoiantes da coligação liderada pelo PS.

“Quero-vos afirmar muito claramente que independentemente do que aconteceu e acontecer, não abandonarei os funchalenses e não irei desistir do projecto da Mudança”, garantiu Paulo Cafôfo, suscitando aplausos. Reiterando que vai continuar a “liderar e exercer todas as competências como presidente” do município, o autarca criticou a vice-presidente e o vereador que recusaram continuar a exercer as competências delegadas, afirmando que, com esta atitude, põem em causa “o bom funcionamento” da câmara.

“Perante esta realidade, não é razoável, nem legítimo, esperar que uma câmara, com a dimensão da do Funchal, possa ser gerida da forma a que nos propusemos”, adiantou, referindo-se ao facto de “o vasto leque de competências que por lei lhe estão atribuídas ser exercido apenas por dois eleitos”, ele próprio e uma outra vereadora..

Cafôfo frisou que Filipa Jardim Fernandes, a vice-presidente responsável pela área financeira, e o vereador Edgar Silva, que detém o pelouro da acção social,  se mantêm "na plenitude das suas funções", apesar de na quarta-feira terem devolvido tais competências, em solidariedade com o vereador Gil Canha, a quem o presidente retirara os pelouros da fiscalização municipal e do Plano Director Municipal, por alegadas pressões e queixas externas.

O autarca apelou  ao “bom senso” de Filipa Fernandes e de Edgar Silva, por forma a manterem os seus pelouros ou renunciarem ao mandato, permitindo assim que uma equipa de quatro elementos (contando com ele e com a vereadora que se mantém em funções) assegure a gestão da maior câmara da Madeira, “com o sentido de responsabilidade que todos os funchalenses esperam e desejam”.

Antes da declaração de Cafôfo e após a reunião do executivo camarário, como habitualmente realizada à quinta-feira, o vereador Bruno Pereira (PSD) classificou de reality show o diferendo entre o presidente e três dos quatro vereadores executivos. “Têm impreterivelmente que se entender. Compete ao dr. Paulo Cafôfo, como líder dessa lista que ganhou as eleições, criar as condições de governabilidade no interior do grupo de pessoas que o acompanharam”, afirmou o derrotado candidato social-democrata à presidência do município, remetendo para a coligação Mudança a solução do impasse.

Também no final da reunião camarária, José Manuel Rodrigues, único vereador eleito pelo CDS/PP, afirmou que esta “crise política gravíssima” no maior município do arquipélago “está a matar a esperança numa mudança política” na Madeira. Na opinião do também deputado regional, só existem duas saídas: “ou há uma reconciliação entre o presidente e os vereadores ou então não há condições políticas de governabilidade e de gestão da câmara para os próximos quatro anos e teremos de caminhar para eleições antecipadas”.

Para o PCP, que elegeu o vereador Artur Andrade, qualquer que seja a solução que venha a ser encontrada, a actual coligação “ficará inevitavelmente fragilizada, e nada garante que novas dissidências e conflitos não possam repetir-se no futuro”. Os comunistas lembram que não integraram a Mudança porque tinham a “percepção clara de que uma coligação deste género, envolvendo partidos de espectros políticos profundamente contraditórios entre si, pouca ou nenhuma consistência e sentido de coesão apresentaria para governar o município do Funchal”.