Tornado de mosquitos no Ribatejo acaba como foto do dia da NASA
Fenómeno foi captado por fotógrafa portuguesa na área da Lezíria Grande.
A história mais parece um episódio de caça-tornados. É mesmo caso para dizer que, a 9 de Março, Ana Filipa Scarpa estava no local certo, à hora certa. Esta fotógrafa de 54 anos tinha aproveitado o dia para fotografar esta zona pantanosa do Ribatejo, acompanhada pelo marido, mas nunca pensou que a ida àquele local, já tão habitual para si, lhe ia valer uma imagem que seria divulgada no site Earth Science Picture of the Day, da NASA, e na página de Facebook da agência espacial.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
A história mais parece um episódio de caça-tornados. É mesmo caso para dizer que, a 9 de Março, Ana Filipa Scarpa estava no local certo, à hora certa. Esta fotógrafa de 54 anos tinha aproveitado o dia para fotografar esta zona pantanosa do Ribatejo, acompanhada pelo marido, mas nunca pensou que a ida àquele local, já tão habitual para si, lhe ia valer uma imagem que seria divulgada no site Earth Science Picture of the Day, da NASA, e na página de Facebook da agência espacial.
“Eu estava a fotografar no local e, quando vinha para casa e já estava a guardar as coisas no carro, olhei em frente e vi uma espécie de um tornado. Pensei: ‘Ai que giro, vem aí um tornado!’ E fiquei à espera para ver o que era”, conta ao PÚBLICO a fotógrafa. “Nunca tinha passado por uma situação destas. Percebi que tenho muita calma em situações de risco. Não sabia o que era e não me fui embora. Afinal, até sou corajosa”, diz, entre risos.
Mas Ana Filipa Scarpa estranhou uma coisa: aquele tornado não se mexia. Decidiu aproximar-se, até ficar a 400 metros de distância. “Meti-me no carro para ir ao encontro do tornado. Foi aí que percebi que aquilo eram mosquitos”, relata. “Não sei quantos seriam, mas vi milhões e milhões de mosquitos. Era muito interessante. Foi realmente uma experiência gira.”
Quando se aproximava, e depois já no local, vários mosquitos entraram-lhe no carro, mesmo com as janelas fechadas: “Nem sei por onde é que eles entraram, mas parecia quase um filme de terror.”
É raro em Portugal depararmo-nos com um fenómeno deste género, principalmente com a forma de tornado. A concentração de mosquitos teria atingido uma altura de 300 metros, segundo a NASA. “Ao olhar para o fim da sua rua e ver uma coisa que parece uma nuvem em forma de funil deve ser horrível. Afinal, o suposto funil, cuja imagem foi captada na Lezíria Grande, em Vila Franca de Xira, Portugal, não era realmente uma nuvem nem tinha a forma de funil”, lê-se no site da NASA. “Nem era sequer perigoso. Eram insectos unicamente.”
O fenómeno ainda durou “alguns instantes”, como diz a fotógrafa portuguesa, permitindo-lhe tirar várias fotografias. Mas não teve tempo de trocar a lente da máquina fotográfica ou montar o tripé. “Ainda deu para estar relaxada a fazer as fotografias.”
"Como hei-de dizer? É simpático"
Que insectos eram aqueles? Na realidade, não se sabe bem. Ana Filipa Scarpa diz que apenas viu “mosquitos, melgas ou melgas, mosquitos”.
Agora, este tornado de mosquitos vagueia como fotografia por todo o lado. A fotógrafa é que tomou a iniciativa de a publicar no site Earth Science Picture of the Day. Depois, alguém da agência espacial dos Estados Unidos a quis destacar nesse site da NASA e entrou em contacto directo com ela. “É muito bom a minha fotografia estar na NASA e as pessoas acharem-na interessante. Como hei-de dizer? É simpático.”
Mas se a existência desta fotografia, noticiada pelo Correio da Manhã, foi uma “questão de sorte” para Ana Filipa Scarpa, muitos dos seus trabalhos fotográficos implicam esforço e já foram distinguidos com vários prémios portugueses e internacionais. Sem trabalho certo, e com um curso em pintura de azulejos, o que ela faz é “fotografia para poder concorrer aos concursos que têm alguma credibilidade”.
Notícia corrigida às 15h30 de 16 de Maio de 2014: Lezíria Grande é uma área no Ribatejo e não uma povoação.
Texto editado por Teresa Firmino