Um dinossauro (da Lourinhã) chamado Zby
Chama-se Zby atlanticus, em homenagem ao paleontólogo russo Georges Zbyszewski (1909-1999), que fez de Portugal o seu país.
A revelação do dinossauro, de um género e espécie até aqui desconhecidos, está na revista científica Journal of Vertebrate Paleontology, num artigo de Octávio Mateus e dos paleontólogos britânicos Philip Mannion e Paul Upchurch, respectivamente do Imperial College e do University College, em Londres.
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A revelação do dinossauro, de um género e espécie até aqui desconhecidos, está na revista científica Journal of Vertebrate Paleontology, num artigo de Octávio Mateus e dos paleontólogos britânicos Philip Mannion e Paul Upchurch, respectivamente do Imperial College e do University College, em Londres.
Este dinossauro herbívoro quadrúpede (um saurópode) foi classificado dentro do grupo dos turiassauros, inicialmente descobertos em Espanha. Enquanto outros saurópodes portugueses já descritos para o mesmo período geológico (Jurássico Superior) eram próximos do ponto de vista evolutivo dos dinossauros da mesma altura na América do Norte, os turiassauros parecem ter-se restringido à Europa, lê-se no resumo do artigo científico.
“Os turiassauros, originários da Península Ibérica, que na altura era uma ilha, eram dinossauros herbívoros de pescoço longo, mas de dentes mais largos do que a maioria dos outros saurópodes”, refere por sua vez um comunicado, desta terça-feira, da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa.
A princípio, os cientistas pensaram que os ossos eram do mesmo género de um dinossauro encontrado em Teruel, Espanha – o Turiasaurus. Mas a sua análise permitiu concluir que, afinal, estavam na presença de uma espécie e de um género diferentes, segundo as diferenças anatómicas observadas nos ossos da pata.
Por isso, a equipa escolheu um novo nome científico para o dinossauro: Zby atlanticus. O género (Zby) é uma homenagem ao paleontólogo Georges Zbyszewski, que nasceu em 1909 na Rússia e morreu em 1999, aos 89 anos, em Lisboa. Era carinhosamente tratado por todos apenas por Zby. Veio para Portugal em 1935 e foi cá que dedicou a vida ao estudo da geologia e dos fósseis, nos Serviços Geológicos. Em 1957, ele e o abade francês Albert de Lapparent publicaram o livro Os Dinossauros de Portugal, obra de referência no estudo da presença destes animais no território português.
Já o nome que remete para a espécie (atlanticus) está relacionado com o sítio da descoberta dos fósseis: “A localidade de Paimogo tem uma vista cénica para o Atlântico e foi a formação deste oceano que influenciou a existência de tantos dinossauros em Portugal”, lê-se nos comunicados da faculdade e do Museu da Lourinhã.
Olhando para as fotografias das escavações dos ossos, o tamanho do dinossauro era, no mínimo, impressionante. “Era um saurópode de grandes dimensões. Se estivesse completo, estima-se que tivesse 18 a 19 metros de comprimento”, diz um dos comunicados. Enquanto os seus ossos estão no Museu da Lourinhã, cá fora, na parede da rua, os visitantes e os transeuntes são recebidos por uma réplica de uma das suas patas da frente. Os seus quatro metros de comprimento, com que nos podemos comparar, dão bem a ideia da dimensão deste dinossauro chamado Zby.