Portugal é o segundo país da UE onde mais gente acha que a situação está pior

Cidadãos europeus não confiam na União Europeia nem nas suas principais instituições. Portugal está entre os mais desconfiados e desconfiança ainda é maior em relação ao Governo e Parlamento nacional.

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37% dos portugueses acreditam que o país estaria melhor fora da UE Adrian Dennis

O estudo de opinião, que contou com quase 28 mil participantes, 1025 dos quais portugueses, conduzido em Março pelo organismo de estatísticas da UE, para assinalar as eleições de 25 de Maio, mostra que, em geral, os Estados-membros estão mais confiantes na retoma económica, com as pessoas a dizerem-se mais optimistas em relação à economia e áreas como o desemprego.

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O estudo de opinião, que contou com quase 28 mil participantes, 1025 dos quais portugueses, conduzido em Março pelo organismo de estatísticas da UE, para assinalar as eleições de 25 de Maio, mostra que, em geral, os Estados-membros estão mais confiantes na retoma económica, com as pessoas a dizerem-se mais optimistas em relação à economia e áreas como o desemprego.

Regra geral, Portugal acompanha a tendência europeia, com mais opiniões positivas sobre o futuro do país e da Europa do que no trabalho realizado no Outono. Porém, a melhoria não foi suficiente para que ultrapassasse outros Estados. Ao todo, 45% dos portugueses respondem que a situação económica do país está pior, uma queda de 12 pontos percentuais, mas que mesmo assim mantém o país como o segundo mais negativo, logo a seguir à Grécia. Houve, ainda, 16% de inquiridos a responderem que a situação portuguesa está melhor (mais 5% do que no estudo anterior), porém o valor é o segundo mais baixo da UE, depois da República Checa e empatado com a Grécia e Eslovénia.

Só 3% dos portugueses dizem que a situação actual do país é totalmente boa, contra 33% na UE. No campo específico do desemprego, 34% dos inquiridos em Portugal dizem que o impacto da crise no mundo do trabalho já atingiu o pico máximo (mais nove pontos percentuais do que no Outono), quando na UE o valor é de 44% (mais quatro pontos). Pelo contrário, 59% dos portugueses dizem que o pior ainda está para vir (menos oito pontos), contra 47% da média europeia (menos três pontos).

Um país de insatisfeitos
Mesmo em termos de vida quotidiana, só 2% dos portugueses estão "muito satisfeitos" com a vida e 36% tendem a estar "satisfeitos", quando a média europeia é de 21% e 24%, respectivamente. Portugal é, assim, o país com menos gente "muito satisfeita", seguido da Bulgária e Itália. Quanto a pessoas "satisfeitas", só a Bulgária teve menos gente a dar esta resposta. A Dinamarca é o país onde mais gente disse estar "muito satisfeita" (70%). Na área da qualidade de vida, nenhum português respondeu que era "muito boa" e só 17% disseram que era "boa". Houve ainda 60% dos inquiridos a dizer que tendia a ser "má" e 23% a dizer que era "mesmo má". Neste último ponto, só na Bulgária, Grécia, Croácia, Itália, Roménia e Eslovénia houve mais gente a escolher a resposta “má”.

Quando questionados sobre os maiores desafios que o país enfrenta no momento, 65% dos portugueses identificam o desemprego à cabeça, tal como 49% na média europeia. Porém, quando a pergunta é sobre a vida pessoal dos inquiridos, a opção mais escolhida é a inflação e a escalada de preços, com 52% dos portugueses e 38% dos europeus a darem ênfase a esta área, surgindo o desemprego em segundo lugar com 30% dos portugueses a referirem-no e 21% em termos médios europeus. Já sobre os desafios europeus, as respostas voltam a trocar o assunto a ocupar o topo da tabela, que neste caso é a situação económica para 49% dos portugueses e para 40% dos europeus.

Europeus não confiam na UE
Quanto à opinião sobre as instituições, os europeus não confiam na União Europeia nem nas suas principais instituições: nenhuma escapa, nem o Parlamento, nem a Comissão nem o Banco Central Europeu. Segundo a sondagem, 59% dos europeus não confiam na UE e só 32% dizem confiar. É na Estónia, que aderiu em 2004, e na Roménia, que chegou à UE em 2007, que se encontram os cidadãos mais confiantes (58%), enquanto gregos (81%) e cipriotas (74%) são os que mais desconfiam da associação de países. Portugal (70%) e Espanha (67%), que tal como a Grécia foram duramente tocados pela crise, vêm logo a seguir.

O Eurobarómetro compara, ainda, a confiança na UE com a confiança dos cidadãos nos seus Parlamento e Governo nacional. No caso português, só 13% confiam no Parlamento nacional, contra 27% na média europeia e só 14% confiam no Governo, contra 26% na UE. Olhando para os resultados portugueses, há uma subida de três pontos percentuais na confiança na UE e uma quebra de um ponto na confiança no Governo e de dois pontos no que diz respeito à Assembleia da República.

Porém, nem nos maiores países europeus, tidos como aqueles que mais poder e influência têm nas decisões tomadas pelo todo, a confiança supera a desconfiança. Em França só 28% dos cidadãos confiam nas instituições europeias; na Alemanha, apenas 31%. Não há grandes diferenças entre instituições: 54% do conjunto dos cidadãos da UE não confiam no BCE, 53% não acreditam no Parlamento e 51% desconfiam da Comissão presidida por Durão Barroso. Apesar destes números, a imagem da União Europeia mantém um saldo ligeiramente positivo – 34% dos europeus vêem a associação de países com bons olhos; 26% dizem ter uma imagem negativa da UE.

No que diz respeito à UE e sua influência na vida do país, os portugueses são mais descrentes do que a média europeia com 40% a dizerem que percebem o funcionamento da comunidade (contra 51% na UE) e com 41% a afirmarem que vêem a globalização como uma oportunidade de crescimento (contra 52% na UE). Há 37% de portugueses a defender que o país estaria melhor se não pertencesse à UE, quando a média europeia se fica pelos 32%. Mesmo assim, 63% dos portugueses admitem que a "facilidade de circulação" é uma das mais-valias da comunidade, seguida da "paz", que foi referida por 37% dos inquiridos, e do "euro", apontado por 24% das pessoas, em empate com o "programa Erasmus".

Aliás, para 44% dos europeus, a liberdade de viajar, estudar e trabalhar em todos os Estados-membros constitui o principal atractivo da UE. Sinal da crise, 12% dos europeus identificam a UE com prosperidade económica, mas são 16% os que a identificam com desemprego. E enquanto a UE representa a paz e a democracia para 25% e 19% dos europeus, há 22% e 25% dos cidadãos europeus que associam a União à burocracia e ao desperdício de dinheiro.