Tapar o sol com a banana
Aproveitei o tempo que tinha que passar sentado numa repartição das finanças para meditar sobre a banana que Daniel Alves comeu, e como por instantes o mundo que vive passivo nas redes sociais acordou, primeiro aplaudindo o "pontapé de meia branca" que o jogador brasileiro deu na bunda dos racistas que infelizmente enchem os campos de futebol, e que de quando em vez conseguem manchar a beleza que é o desporto rei, um dos mais democráticos que a humanidade inventou, diga-se de passagem. Mas aquele que foi um acto magnânimo por parte do Sr. Alves, rapidamente se tornou numa piada de mau gosto. Eu continuei a achar hilariante, mas houve quem não achasse graça nenhuma ao oportunismo "publicitário" que Neymar, outro jogador brasileiro fez, ao lançar juntamente com uma agência de publicidade a campanha #somostodosmacacos, que num ápice fez germinar bananas por tudo quanto é canto, instagram, twitter e claro como não podia deixar de ser, página de facebook, o terreno fértil para esse tipo de fanfarra digital.
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Aproveitei o tempo que tinha que passar sentado numa repartição das finanças para meditar sobre a banana que Daniel Alves comeu, e como por instantes o mundo que vive passivo nas redes sociais acordou, primeiro aplaudindo o "pontapé de meia branca" que o jogador brasileiro deu na bunda dos racistas que infelizmente enchem os campos de futebol, e que de quando em vez conseguem manchar a beleza que é o desporto rei, um dos mais democráticos que a humanidade inventou, diga-se de passagem. Mas aquele que foi um acto magnânimo por parte do Sr. Alves, rapidamente se tornou numa piada de mau gosto. Eu continuei a achar hilariante, mas houve quem não achasse graça nenhuma ao oportunismo "publicitário" que Neymar, outro jogador brasileiro fez, ao lançar juntamente com uma agência de publicidade a campanha #somostodosmacacos, que num ápice fez germinar bananas por tudo quanto é canto, instagram, twitter e claro como não podia deixar de ser, página de facebook, o terreno fértil para esse tipo de fanfarra digital.
Houve até quem me perguntasse o que eu achava da macacada, respondi que não acho nada, que sejam todos macacos ou zebras, desde que estejamos todos conscientes do que é ser negro. Por mim, não me importa o bicho. Desde que não se banalize a humilhação causada pelos actos racistas que me parecem mais vivos do que nunca, mais refinados, porque do velho e gasto “preto vai para tua terra” evoluiu-se para coisas do tipo “ você não se enquadra no ambiente normal da casa” como no caso dos nossos atletas olímpicos num espaço de diversão noturno na nossa cidade capital. E isso tocou-me no coração, porque como sabem, e se não sabem digo na mesma, me sinto sensibilizado com as coisas dos negros, principalmente quando nos é barrada a entrada em determinado sítio. É humilhante para qualquer pessoa, seja ela de que raça for, mas para nós, a coisa dói de doutra forma, e nem é pelo estatuto social do barrado em questão. Mas a sensação com que ficamos, é de que o nosso suado dinheirinho, que não tem cor, sexo ou religião, é mais inferior que dos outros.
Acho ótimo que se panflete qualquer acto discriminatório, mas que seja feito de forma corajosa, caso contrário, estaremos só a tapar o sol com a banana.