Ministério da Saúde vai analisar estudo da Deco sobre prescrição de antibióticos

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Paulo Macedo Daniel Rocha

“Temos alertado para esta questão e a DGS tem tido um papel muito activo”, afirmou Paulo Macedo aos jornalistas, à margem da cerimónia de encerramento do 6.º Encontro das Unidades de Saúde Familiar (USF), que decorreu no Porto.

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“Temos alertado para esta questão e a DGS tem tido um papel muito activo”, afirmou Paulo Macedo aos jornalistas, à margem da cerimónia de encerramento do 6.º Encontro das Unidades de Saúde Familiar (USF), que decorreu no Porto.

“A Deco fez este estudo que vamos analisar mas, sobretudo, a DGS está a desenvolver um programa para precisamente enfrentar esta questão”, disse o governante.

Em causa está uma experiência da Deco – Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor para avaliar a prescrição de antibióticos, que demonstrou que, em 50 consultas médicas, 20 clínicos prescreveram estes fármacos sem necessidade para casos de dores de garganta. 

Segundo Paulo Macedo, “a preocupação que há com esta má prescrição é, em primeiro lugar, com as pessoas, depois em relação ao que isto quebra de barreiras em termos de eficácia” dos antibióticos.

Para esta experiência foram escolhidas unidades de saúde, públicas e privadas, de forma aleatória, nas áreas da Grande Lisboa e Grande Porto, tendo a Deco pedido a colaboradores, que não tinham quaisquer problemas, que indicassem ao médico sentir dores de garganta, mas sem febre nem qualquer outro sintoma.

“Nas 50 consultas, os médicos observaram a garganta e procuraram inteirar-se dos sintomas. Em 20 casos, receitaram de imediato um antibiótico”, refere a Deco num artigo publicado na sua página na Internet.

Nas restantes 30 situações, os supostos doentes perguntaram, sem insistir, se não seria melhor recorrer a um antibiótico. Numa unidade de saúde foi prescrito um daqueles remédios, com a indicação de que só deveria ser tomado “se a situação piorasse, tivesse febre e pontos brancos na garganta”.

“O uso incorrecto e desregrado de antibióticos tem contribuído para aumentar a resistência das bactérias. Se não forem tomadas medidas para travar o desenvolvimento destas resistências, em poucos anos ficaremos sem armas para combater as infecções bacterianas”, avisa a associação de defesa do consumidor.

A Ordem dos Médicos, entretanto, já anunciou a abertura de um inquérito