Mundial de futebol arranca com pontapé robótico
Projecto Walk Again leva a mais recente tecnologia ao campeonato para mostrar o que se está a fazer para ajudar pessoas com limitações físicas.
A cerimónia de abertura do Mundial, a 12 de Junho, no Estádio Arena Corinthians, em São Paulo, já estará alinhada e organizada e entre as milhares de pessoas que vão participar no espectáculo estará um dos oito jovens brasileiros, entre os 20 e 35 anos, sem movimentos e sensibilidade nos membros inferiores, seleccionados para participar na fase final do projecto e experimentar o exoesqueleto que lhes permite andar através do uso da tecnologia.
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A cerimónia de abertura do Mundial, a 12 de Junho, no Estádio Arena Corinthians, em São Paulo, já estará alinhada e organizada e entre as milhares de pessoas que vão participar no espectáculo estará um dos oito jovens brasileiros, entre os 20 e 35 anos, sem movimentos e sensibilidade nos membros inferiores, seleccionados para participar na fase final do projecto e experimentar o exoesqueleto que lhes permite andar através do uso da tecnologia.
A estrutura foi criada no âmbito do projecto Walk Again, desenvolvido por uma equipa internacional de cientistas, e a partir do trabalho iniciado em 2003 por Miguel Nicolelis, neurocientista e professor brasileiro na Universidade de Duke, na Carolina do Norte, EUA, mas que tem estado a desenvolver o projecto mais recentemente no Brasil. Nas últimas semanas, Nicolelis tem-se desdobrado em entrevistas e em posts na sua página do Facebook onde vai publicando os mais recentes avanços no exoesqueleto, que será mostrado oficialmente ao público em Junho.
O robô, de aspecto complexo e cercado por fios, pesa 70 quilos e é acompanhado por uma espécie de touca que capta os sinais do cérebro, como acontece durante um electroencefalograma, e os envia para o exoesqueleto, como explicou o neurocientista ao site brasileiro G1 em Abril.
Além dos sinais enviados pelo cérebro, o robô vai receber informações sobre o que pisa o utilizador. Nicolelis indica que para isso é utilizada uma “pele artificial” com sensores, desenvolvida na Alemanha. “Essa pele artificial está debaixo do pé. Quando pisa em algum lugar, gera um sinal”, contou ao G1. Sempre que o robô se move, a pele artificial capta o solo que é pisado e envia um sinal eléctrico para os braços do exoesqueleto, que vão vibrar e fazer com que o utilizador sinta o passo nos braços. O cérebro recebe essas vibrações como se estivessem a ser sentidas pelos pés. “O paraplégico desenvolve uma sensação de que tem pernas e que está a andar”, acrescentou o brasileiro à BBC.
Bateria para duas horas
Com uma capacidade de autonomia de cerca de duas horas, através de uma bateria que ficará nas costas, o exoesqueleto foi construído com a ajuda de tecnologia de impressão 3D, revela, por sua vez, Gordon Cheng, investigador na Universidade Técnica de Munique, e que integra a equipa de Nicolelis. A impressora “utiliza materiais como plásticos resistentes, alguns mais fortes que o metal, e leves”, apesar do robô ter partes feitas de alumínio.
Para já, o exoesqueleto é ainda um projecto em fase avançada mas sem comercialização à vista. “A nossa proposta foi sempre demonstrar a tecnologia no Campeonato do Mundo como o primeiro passo simbólico de uma nova abordagem nos cuidados de doentes com paralisia”, observou Nicolelis à BBC.
A 12 de Junho, a equipa do neurocientista brasileiro quer passar a mensagem de que a “ciência e a tecnologia podem ser agentes de transformação social em todo o mundo, que podem ser usadas para aliviar o sofrimento e limitações de milhões de pessoas”.