O azeite que se torna ouro

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Os War On Drugs, que não são mais que Adam Granduciel acompanhado por quem estiver à mão

O que é que vos parece pior: os Waterboys com Mark Knopfler, dos Dire Straits, na guitarra e Ariel Pink na produção, ou o Springsteen dos anos 1980 com Mark Knofler na guitarra, os moços dos Tears for Fears nos sintetizadores e Ariel Pink na produção?

Vai dar ao mesmo, né? Canções com refrões grandiloquentes, aqueles órgãos manhosos, bateria sintetizada e harmonias de guitarra cheia de reverberação. Uma descrição capaz de afastar o melómano com mais bonomia do mundo. E no entanto.

No entanto é exactamente assim que soa Lost In the Dream, o álbum mais recente dos War On Drugs, que não são mais que Adam Granduciel acompanhado por quem estiver à mão (isto depois de Kurt Vile ter abandonado a banda para prosseguir uma carreira a solo). E mesmo que palavra “azeite” ocorra de imediato perante as descrições acima, Lost In the Dream é uma espécie de milagre: o disco com os sons errados que bate certo, uma série de pequenos milagres melódicos empilhados até surgir um monumento.

Sim, esse tipo de disco: sobre-produzido e maior que vida nos refrões, como em Red eyes, em que, após um par de guitarras à National se deitarem numa cama de sintetizadores, Adam solta um “Wou” e de repente a guitarra, os sintetizadores, tudo se agiganta no exacto instante em que, paradoxalmente, Adam canta uma frase que à primeira está cheia de desespero: “You’re all I got”, diz, enquanto o plástico arde em seu redor. Esse tipo de disco.

O som polido e plástico esconde o que se vem a revelar um álbum sobre a dúvida de si mesmo – ao fim e ao cabo, em Under the pressure, a canção de abertura, marcada por um piano que delineia de imediato a melodia perfeita, a primeira frase é “What a come down”, e antes da ponte: “Under the pressure/that’s where we are”.

E como não rir disto?

Lost In the Dream, que vem crescendo em número de fãs dia para dia, transportando os War On Drugs para aquele patamar em que os National estavam em Boxer, tem sido visto como um disco de malaise, e a palavra “depressivo” vem-lhe sendo regularmente aposta como adjectivo. Talvez se ande a levar demasiado à letra as palavras de Adam. Em An ocean between de waves ele canta:

“I’m in my finest hour

can I be more than just a fool?”

E como não rir disto? Há algo de auto-depreciação, de gozo consigo mesmo que, por mais negro que seja, não deixa de ser gozo. Há humor, e onde há humor não há apenas depressão. Quando dizemos isto a Granduciel ele abandona finalmente o seu tom balbuciante, e soa, pela primeira vez, numa conversa que chegou à hora e meia, feliz.

“Finalmente”, atira. “Tenho levado com imensos jornalistas a dizerem-me que o disco é depressivo, que as letras são depressivas, e se concedo que há negrume, que é um disco que pensa as dificuldades de estar vivo, irrita-me que ninguém perceba que há humor. Não digo que seja humor no sentido clássico do termo, em que se ri às gargalhadas, mas pelo menos as frases que citaste fazem-me sorrir”.

“A auto-depreciação é a parte mais importante do humor – é isso que apreciamos num Larry David ou num Louis CK”, continua. “E a dúvida de si mesmo, bem como a ansiedade, são óptimas para a procura artística”. Dito isto, Adam expõe com louvável honestidade como funciona: “Tenho tantas dúvidas sobre mim mesmo, sobre o que está certo e errado, que não tenho dúvidas que há uma parte de mim que acha que tudo que faço é uma merda”.

A palavra fundamental é “dúvida”, ou, se preferirem, “contradição”. “Há muitas contradições em Red eyes, como a que apontaste, de a canção explodir quando digo uma frase que pode – e realço que pode, não tem obrigatoriamente de o ser – triste; mas essas contradições estão pelo disco todo”.

É isso que ele quer, é isso que ele quer pôr num disco: “Quero que uma canção tenha diversas dinâmicas, que se torne grande, mas em que eu possa cantar o que queira. A música pode pôr para cima e ainda assim ser séria. E pode pôr para baixo e ser alegre. Acima de tudo, a música não tem de ser alegre ou triste, tem de ser poderosa”.

E poderosa é – ou acabou por ser, ao fim de ano e meio de dolorosas regravações –, com os seus saxofones, os sintetizadores de cordas, os acordes tronituantes de piano, as guitarras explodindo. Arrancar a Granduciel, que é daqueles tipos que nunca hesita em hesitar, uma descrição completa de como compôs não é simples; não é que não fale, até fala pelos cotovelos, mas emaranha-se, decide que a resposta que estava a dar era errada, volta atrás, corrige-se, desdiz-se.

Fazer a canção gigante

Assim falas assim compões: Lost In the Dream foi um “massacre” de “escrita e produção”, que lhe levou o exacto ano e meio que seguiu “à ruptura de uma relação longa”.

“Não sei se a relação acabou porque eu precisava de escrever ou se escrevi porque a relação acabou”, balbucia Adam, que tem dificuldade em esconder o que quer que seja. “Sei que sou obsessivo e não consegui largar o disco e escrever mais e mais e atirar fora e reescrever”.

Tentemos então delinear como é que este monstro foi parido: em Suffering, An Ocean e Lost in the dream Adam começou “a trabalhar sozinho em casa, [deu] um cd com os temas à banda [que usa ao vivo], e eles gravaram por cima, como uma banda ao vivo”. As outras canções foram “todas começadas em casa e a banda pôs melodias por cima, mas não tocámos ao vivo”.

Inicialmente Adam queria um disco de banda – o problema é que estas canções são “peças muito meticulosas de múltiplas faixas [numa gravação cada melodia tocada ocupa uma faixa]. Pelo que teve de ser feito tudo peça a peça, por camadas”.

Esta é a versão suave do processo de criação, a que o leva a dizer que “[adora] repensar uma canção e vê-la mudar ao longo do tempo”. A versão dura é outra coisa:

“Fico mesmo muito obcecado com as canções”, repete. Senta-se em casa a ouvir um CD ainda por misturar e começa “a tocar piano por cima e à procura de novas melodias” e dá por si a pensar “Isto é fixe” e vai para o estúdio gravar. Não contente, reouve, reescreve, fica “a pensar nas canções 24 horas por dia”.

Depois vêem os problemas: “Não há nenhum som que seja exactamente igual ao que ouço na cabeça”, confessa. Coca-bichinhos, encontra falhas em tudo: “Muitas vezes nem estou à procura de nada específico, só reouço as canções e sinto que algo não está bem. E mudo alguma coisa. Qualquer coisa. E vou mudando até tudo estar como eu quero”.

Há uma espécie de sonho de canção, que Granduciel quer atingir: “Fazer a canção gigante, como se tivesse uma banda enorme por trás, mas mantendo o pedaço de informação que torna a canção no que é”.

É esse pedaço de informação a que ele chama “o cerne da canção” que torna tudo difícil: “Pode ser a mais simples das melodias”, diz, acrescentando depois que é por isso que está “constantemente a escrever novas melodias, a pôr mais ideias nas canções”.

Roído pelas dúvidas, a dada altura Granduciel retirou quase tudo o que a banda tinha gravado, colocou caixas de ritmos para manter as canções no sítio e depois, devagarinho, voltou a adicionar este ou aquele elemento.

Por instantes, pondera no plano inicial de fazer um disco “grande” ao vivo no estúdio, como Springsteen nos 1980s. E desabafa: “Ainda não somos essa banda”.

Granduciel não quis declaradamente soar a Springsteen in the eighties. Simplesmente, tolinho por som, está constantemente a “arranjar equipamentos novos e acontece que algum desse equipamento é dos anos 1980”.

“Nos anos 80 uma banda entrava no estúdio e pedia ao engenheiro para soar moderno. Eu não sou assim. Eu gosto de percussões secas mas fortes como no Darkness On the Edge of Town [de Springsteen]. Gosto de pianos que têm um pouco de reverberação [daí nos lembrarmos dos Waterboys]. Gosto do som de cordas sintetizadas. E gosto de caixas de ritmo porque posso estar mudar o padrão num instante, enquanto se fosse um baterista a fazê-lo tinha de compor toda uma nova parte”. E continua a falar: ele adora falar de som, de composição, não se cala.

O que não gosta é de Dire Straits. “Detesto uma canção como Sultans of swing”, diz, confessando-se “ofendido” com as referências que têm sido feitas à banda de Mark Knopfler. “É da guitarra, explicamos, o bordão com fuzz e os arpejos nos agudos e cristalinos”. Ele cede à nossa teoria, mas mantém o desagrado.

Após todo o calvário que passou para chegar a Lost In the Dream, a que se somaram os problemas amorosos, Granduciel começa a ver todas as suas dúvidas compensarem: já é um disco de culto, mas vai a caminho de ser um culto de multidões. Na sua tristeza há imensa humanidade – e no fim do tortuoso processo de composição ele diz-se mais feliz.

Estando nós no século XXI, enquanto entrevistávamos Granduciel estávamos na net a perguntar aos amigos se queriam que fizéssemos alguma pergunta em especial ao rapaz. Uma amiga faz um pedido curioso: “Pergunta se os posso trancar em minha casa para tocarem a Ocean in between the waves em loop”.

Bacano, Granduciel arranja logo uma solução: “Trá-la aos bastidores da próxima vez que eu for a Portugal. Se for inteligente eu toco em casa dela”. E depois de uma breve pausa: “Quem é que eu estou a enganar? Só quero ver se é bonita. Deve ser, a maior parte das portuguesas são muito bonitas”. E antes que lhe recriminássemos este seu comportamento vil e machista: “Hey, estou sem namorada”.

Sem namorada, mas com um disco tremendo. Quem quer que sejas, ex-namorada de Adam Granduciel, brigadinhas.

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O que é que vos parece pior: os Waterboys com Mark Knopfler, dos Dire Straits, na guitarra e Ariel Pink na produção, ou o Springsteen dos anos 1980 com Mark Knofler na guitarra, os moços dos Tears for Fears nos sintetizadores e Ariel Pink na produção?

Vai dar ao mesmo, né? Canções com refrões grandiloquentes, aqueles órgãos manhosos, bateria sintetizada e harmonias de guitarra cheia de reverberação. Uma descrição capaz de afastar o melómano com mais bonomia do mundo. E no entanto.

No entanto é exactamente assim que soa Lost In the Dream, o álbum mais recente dos War On Drugs, que não são mais que Adam Granduciel acompanhado por quem estiver à mão (isto depois de Kurt Vile ter abandonado a banda para prosseguir uma carreira a solo). E mesmo que palavra “azeite” ocorra de imediato perante as descrições acima, Lost In the Dream é uma espécie de milagre: o disco com os sons errados que bate certo, uma série de pequenos milagres melódicos empilhados até surgir um monumento.

Sim, esse tipo de disco: sobre-produzido e maior que vida nos refrões, como em Red eyes, em que, após um par de guitarras à National se deitarem numa cama de sintetizadores, Adam solta um “Wou” e de repente a guitarra, os sintetizadores, tudo se agiganta no exacto instante em que, paradoxalmente, Adam canta uma frase que à primeira está cheia de desespero: “You’re all I got”, diz, enquanto o plástico arde em seu redor. Esse tipo de disco.

O som polido e plástico esconde o que se vem a revelar um álbum sobre a dúvida de si mesmo – ao fim e ao cabo, em Under the pressure, a canção de abertura, marcada por um piano que delineia de imediato a melodia perfeita, a primeira frase é “What a come down”, e antes da ponte: “Under the pressure/that’s where we are”.

E como não rir disto?

Lost In the Dream, que vem crescendo em número de fãs dia para dia, transportando os War On Drugs para aquele patamar em que os National estavam em Boxer, tem sido visto como um disco de malaise, e a palavra “depressivo” vem-lhe sendo regularmente aposta como adjectivo. Talvez se ande a levar demasiado à letra as palavras de Adam. Em An ocean between de waves ele canta:

“I’m in my finest hour

can I be more than just a fool?”

E como não rir disto? Há algo de auto-depreciação, de gozo consigo mesmo que, por mais negro que seja, não deixa de ser gozo. Há humor, e onde há humor não há apenas depressão. Quando dizemos isto a Granduciel ele abandona finalmente o seu tom balbuciante, e soa, pela primeira vez, numa conversa que chegou à hora e meia, feliz.

“Finalmente”, atira. “Tenho levado com imensos jornalistas a dizerem-me que o disco é depressivo, que as letras são depressivas, e se concedo que há negrume, que é um disco que pensa as dificuldades de estar vivo, irrita-me que ninguém perceba que há humor. Não digo que seja humor no sentido clássico do termo, em que se ri às gargalhadas, mas pelo menos as frases que citaste fazem-me sorrir”.

“A auto-depreciação é a parte mais importante do humor – é isso que apreciamos num Larry David ou num Louis CK”, continua. “E a dúvida de si mesmo, bem como a ansiedade, são óptimas para a procura artística”. Dito isto, Adam expõe com louvável honestidade como funciona: “Tenho tantas dúvidas sobre mim mesmo, sobre o que está certo e errado, que não tenho dúvidas que há uma parte de mim que acha que tudo que faço é uma merda”.

A palavra fundamental é “dúvida”, ou, se preferirem, “contradição”. “Há muitas contradições em Red eyes, como a que apontaste, de a canção explodir quando digo uma frase que pode – e realço que pode, não tem obrigatoriamente de o ser – triste; mas essas contradições estão pelo disco todo”.

É isso que ele quer, é isso que ele quer pôr num disco: “Quero que uma canção tenha diversas dinâmicas, que se torne grande, mas em que eu possa cantar o que queira. A música pode pôr para cima e ainda assim ser séria. E pode pôr para baixo e ser alegre. Acima de tudo, a música não tem de ser alegre ou triste, tem de ser poderosa”.

E poderosa é – ou acabou por ser, ao fim de ano e meio de dolorosas regravações –, com os seus saxofones, os sintetizadores de cordas, os acordes tronituantes de piano, as guitarras explodindo. Arrancar a Granduciel, que é daqueles tipos que nunca hesita em hesitar, uma descrição completa de como compôs não é simples; não é que não fale, até fala pelos cotovelos, mas emaranha-se, decide que a resposta que estava a dar era errada, volta atrás, corrige-se, desdiz-se.

Fazer a canção gigante

Assim falas assim compões: Lost In the Dream foi um “massacre” de “escrita e produção”, que lhe levou o exacto ano e meio que seguiu “à ruptura de uma relação longa”.

“Não sei se a relação acabou porque eu precisava de escrever ou se escrevi porque a relação acabou”, balbucia Adam, que tem dificuldade em esconder o que quer que seja. “Sei que sou obsessivo e não consegui largar o disco e escrever mais e mais e atirar fora e reescrever”.

Tentemos então delinear como é que este monstro foi parido: em Suffering, An Ocean e Lost in the dream Adam começou “a trabalhar sozinho em casa, [deu] um cd com os temas à banda [que usa ao vivo], e eles gravaram por cima, como uma banda ao vivo”. As outras canções foram “todas começadas em casa e a banda pôs melodias por cima, mas não tocámos ao vivo”.

Inicialmente Adam queria um disco de banda – o problema é que estas canções são “peças muito meticulosas de múltiplas faixas [numa gravação cada melodia tocada ocupa uma faixa]. Pelo que teve de ser feito tudo peça a peça, por camadas”.

Esta é a versão suave do processo de criação, a que o leva a dizer que “[adora] repensar uma canção e vê-la mudar ao longo do tempo”. A versão dura é outra coisa:

“Fico mesmo muito obcecado com as canções”, repete. Senta-se em casa a ouvir um CD ainda por misturar e começa “a tocar piano por cima e à procura de novas melodias” e dá por si a pensar “Isto é fixe” e vai para o estúdio gravar. Não contente, reouve, reescreve, fica “a pensar nas canções 24 horas por dia”.

Depois vêem os problemas: “Não há nenhum som que seja exactamente igual ao que ouço na cabeça”, confessa. Coca-bichinhos, encontra falhas em tudo: “Muitas vezes nem estou à procura de nada específico, só reouço as canções e sinto que algo não está bem. E mudo alguma coisa. Qualquer coisa. E vou mudando até tudo estar como eu quero”.

Há uma espécie de sonho de canção, que Granduciel quer atingir: “Fazer a canção gigante, como se tivesse uma banda enorme por trás, mas mantendo o pedaço de informação que torna a canção no que é”.

É esse pedaço de informação a que ele chama “o cerne da canção” que torna tudo difícil: “Pode ser a mais simples das melodias”, diz, acrescentando depois que é por isso que está “constantemente a escrever novas melodias, a pôr mais ideias nas canções”.

Roído pelas dúvidas, a dada altura Granduciel retirou quase tudo o que a banda tinha gravado, colocou caixas de ritmos para manter as canções no sítio e depois, devagarinho, voltou a adicionar este ou aquele elemento.

Por instantes, pondera no plano inicial de fazer um disco “grande” ao vivo no estúdio, como Springsteen nos 1980s. E desabafa: “Ainda não somos essa banda”.

Granduciel não quis declaradamente soar a Springsteen in the eighties. Simplesmente, tolinho por som, está constantemente a “arranjar equipamentos novos e acontece que algum desse equipamento é dos anos 1980”.

“Nos anos 80 uma banda entrava no estúdio e pedia ao engenheiro para soar moderno. Eu não sou assim. Eu gosto de percussões secas mas fortes como no Darkness On the Edge of Town [de Springsteen]. Gosto de pianos que têm um pouco de reverberação [daí nos lembrarmos dos Waterboys]. Gosto do som de cordas sintetizadas. E gosto de caixas de ritmo porque posso estar mudar o padrão num instante, enquanto se fosse um baterista a fazê-lo tinha de compor toda uma nova parte”. E continua a falar: ele adora falar de som, de composição, não se cala.

O que não gosta é de Dire Straits. “Detesto uma canção como Sultans of swing”, diz, confessando-se “ofendido” com as referências que têm sido feitas à banda de Mark Knopfler. “É da guitarra, explicamos, o bordão com fuzz e os arpejos nos agudos e cristalinos”. Ele cede à nossa teoria, mas mantém o desagrado.

Após todo o calvário que passou para chegar a Lost In the Dream, a que se somaram os problemas amorosos, Granduciel começa a ver todas as suas dúvidas compensarem: já é um disco de culto, mas vai a caminho de ser um culto de multidões. Na sua tristeza há imensa humanidade – e no fim do tortuoso processo de composição ele diz-se mais feliz.

Estando nós no século XXI, enquanto entrevistávamos Granduciel estávamos na net a perguntar aos amigos se queriam que fizéssemos alguma pergunta em especial ao rapaz. Uma amiga faz um pedido curioso: “Pergunta se os posso trancar em minha casa para tocarem a Ocean in between the waves em loop”.

Bacano, Granduciel arranja logo uma solução: “Trá-la aos bastidores da próxima vez que eu for a Portugal. Se for inteligente eu toco em casa dela”. E depois de uma breve pausa: “Quem é que eu estou a enganar? Só quero ver se é bonita. Deve ser, a maior parte das portuguesas são muito bonitas”. E antes que lhe recriminássemos este seu comportamento vil e machista: “Hey, estou sem namorada”.

Sem namorada, mas com um disco tremendo. Quem quer que sejas, ex-namorada de Adam Granduciel, brigadinhas.